25-09-2012 - Entrevista coletiva concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, no Hotel St. Regis - Nova Iorque/EUA
Nova Iorque-EUA, 25 de setembro de 2012
Presidenta: E aí, gente, tudo bom? Tudo bom. Então vamos, rapidinho.
Jornalista: (inaudível)... Correio Braziliense. A senhora ontem conversou com o Presidente da Turquia. Eu queria saber, nós gostaríamos de saber qual foi...
Presidenta: Conversei com quem?
Jornalista: Com o Ppresidente da Turquia.
Presidenta: Ah, sim, conversei por telefone.
Jornalista: Ah, então a senhora poderia relatar um pouco dessa conversa para a gente, por favor?
Presidenta: Ele expressou as preocupações dele com a situação na Síria que, do ponto de vista dele, são graves. E nós discutimos sobre o fato de que é muito difícil uma solução, eu diria, militar, na Síria, e que é muito mais provável – o que é a posição do Brasil – e muito mais, eu acho, construtivo, uma solução negociada, uma solução diplomática.
Ele também... Aí foram, as discussões também foram a respeito... nós temos uma... nós estamos iniciando um acordo sobre compra de aviões da Embraer e temos um grupo, do mesmo tipo que nós temos aqui, nos Estados Unidos, o Fórum de (incompreensível), nós construímos com eles também o Fórum de (incompreensível).
E, para finalizar, ele falou também de toda essa questão relativa à situação do Oriente Médio, tanto no aspecto da condenação do terrorismo, quanto no aspecto também de respeito às condições e à situação dos povos islâmicos, mas marcando muito, para mim, a posição dele, de ser contra – e falando para mim que ele sempre foi contra – um posicionamento muito claro contra o terrorismo. E também defendendo o islamismo, eles são de origem islâmica, sunitas, se não me engano. E nós temos, juntos, o Processo de Aliança de Civilizações. Eu ia encontrar com ele aqui, e ele não pôde vir.
Jornalista: Ele falou sobre o Irã também?
Presidenta: Não, não. Sobre o Irã não. Comigo não, não.
Jornalista: Posso aproveitar e fazer uma pergunta? Carolina (incompreensível) do Portal ig.com.br. Gostaria de saber informações sobre o seu encontro com o presidente da Indonésia. Tem algum avanço sobre o brasileiro, aquele que está preso?
Presidenta: Tem, nova. Com ele também foram vários assuntos. Obviamente, nós destacamos um assunto, que é um assunto específico, em relação aos nossos dois brasileiros que estão ameaçados lá, em processo de julgamento e condenação por pena de morte. Eu entreguei duas cartas de apelo para os dois brasileiros. E foi muito boa a atitude dele, porque ele me prometeu, vou citar, assim, literalmente, “fazer os seus melhores esforços”. E disse que entendia perfeitamente a diferença de cultura e de hábitos no que se refere a nós não termos o hábito nem a prática, no Brasil, da pena de morte. E eu disse a ele que isso, eu ficava muito satisfeita de ele entender esse aspecto, a gente entendia que a legislação dele era diferente da nossa. Agora, era uma questão humanitária, ter uma atitude humanitária em relação a não punir com pena de morte uma vez, inclusive, que no Brasil isso não é algo admissível.
É uma boa notícia, uma boa notícia, eu acho, para as famílias, porque são os melhores esforços de um presidente da República. Obviamente tem todo o respeito, que no nosso caso teria também, em relação ao Judiciário. Mas, é uma... Eu vou falar para vocês assim: eu senti uma melhoria muito grande no ambiente.
Jornalista: Presidente (incompreensível), TV Globo. A senhora mencionou muito a questão econômica no seu discurso na ONU.
Presidenta: É verdade.
Jornalista: E a senhora falou: no momento há necessidade de um pacto. Como seria esse pacto, nesse momento?
Presidenta: O que eu acho que caracteriza esse momento é que se você tomar atitudes unilaterais, elas têm sempre impacto sobre algum país. No caso da crise econômica, você tem alguns instrumentos (falha no áudio), tem políticas monetárias e políticas fiscais. Se você só usa, ou sobretudo usa a política monetária, o que acontece? Você diminui a taxa de juros a níveis praticamente zero, e você faz uma expansão monetária de envergadura muito significativa, e isso produz, necessariamente, como efeito, a desvalorização da moeda de quem está praticando política monetária expansionista. A moeda desvalorizada é um dos mais conhecidos mecanismos de competição internacional, e dentro... apesar de não estar previsto como sendo um elemento artificial de concorrência, é um elemento artificial de concorrência, porque normalmente a moeda teria de se desvalorizar por ganhos de produtividade do respectivo país. Então, nós achamos que, primeiro, só política monetária não funciona. Por quê? Está provado, tem um quantitative easy, que equivale ao PIB brasileiro nos últimos quatro anos – eu acho que é até um pouco maior que o PIB brasileiro –, em torno de US$ 2,5 trilhões só feito aqui, fora os que foram quantificados pelo BCE, e isso não levou a uma recuperação da economia. Por quê? Porque o capital, o dinheiro expandido, ele não está sendo investido, não está virando um investimento. Se ele não está virando investimento, ele, quando nós tínhamos um mix de juros e câmbio, que vocês conhecem qual é, ele ia como hot money para o Brasil, como... ou, se não fosse hot money, podia até ser disfarçado de alguma outra aplicação, mas ele ia para o mercado financeiro e não para a atividade produtiva, provocando uma situação que não leva à recuperação. E a experiência demonstra que, diante da crise, se você desalavancar as dívidas públicas e as privadas simultaneamente, você tem uma espiral recessiva, você entra em recessão.
Então, a minha... o meu pacto pelo crescimento é que eu acho que há que haver um esforço no sentido de buscar a consolidação fiscal dos países que têm problema de dívida soberana. Mas isso tem de ser feito com uma cautela tal que não leve o mundo a uma queda brusca. Por isso, eu uso o nome pacto, porque todos os países, de uma certa forma, vão ter de se engajar nesse, vamos dizer assim, nessa necessidade, nessa determinação e nessa vontade política de procurar políticas de recuperação que não afetem, de uma forma dramática, os outros. Nós tivemos de procurar nos defender. Nós mudamos, por exemplo, o mix juros-câmbio. E, por outro lado, dizem muito, não é? Nós ouvimos recentemente dizerem que o Brasil é um país que só elevou barreiras comerciais, que nós elevamos barreiras comerciais.
Saiu no Brasil uma pesquisa – eu acho que vocês devem ter visto –, que não é uma pesquisa, é uma espécie de ranking do – eu vou dar o nome para vocês – do Global Trade Alert, que faz uma classificação dos países, não é? Eles definem como vermelhos aqueles países que adotaram práticas anticompetitivas; definem como amarelo aqueles países que adotaram medidas que podem ser, de alguma forma, discriminatórias para interesses estrangeiros; e verde como medidas que envolvem a liberalização comercial.
Sem contar com as questões relativas ao câmbio – isso é só medidas comerciais –, essa classificação, ela é interessante, por quê? Ela mostra que as medidas protecionistas, segundo eles, estão nas cores vermelho e laranja. Então, nas medidas vermelhas, o Brasil está em 8º lugar, antes do Brasil tem vários países, em especial os países do ocidente, principalmente os países que têm tido uma política de defesa na Europa. Eu não vou me permitir aqui dizer quais são os países. E as medidas vermelhas, mais as laranjas, o Brasil ocupa a 6ª posição, também atrás de grandes potências. E nas medidas verdes, de liberalização, o Brasil tem uma posição tão boa, que quando você soma as verdes, amarelas e as vermelhas, nós vamos para a 39ª posição, lanterninha de todos os grandes países do mundo.
Então, o que eu quero dizer com isso? Eu quero dizer que a gente tem de buscar um pacto e não ficar apontando o dedo uns para os outros, um pacto de saída da crise, porque é muito importante para todos nós. É muito importante, por exemplo, que o Brasil retome sua taxa de crescimento em torno dos 4,5%, 5%, que a China consiga também retomar as taxas históricas de crescimento... Opa, isso aqui está um horror, não é? Você encosta a mão, ele cai. Mas é melhor você subir um pouquinho, né?
Bom, mas é um pacto por isso. Eu dei esse exemplo para mostrar isso. Não adianta nada a gente ficar fazendo classificação, ficar dizendo “não, quem tomou medida protecionista foi você”. “Ah não, não, foi você.” O que adianta é, de fato, que nós tenhamos uma compreensão de que dessa situação nós todos, nós todos sofreremos as consequências. Não basta só... porque a gente antes estava segurando – a gente quem? Os emergentes –, estava segurando a taxa de expansão. Nós vínhamos segurando a taxa de expansão, em 2010, e, de uma certa forma, também em 2011. Em 2012, a crise pegou todo mundo, final de 2011. Em 2012 você não vê nenhum país emergente, mais, segurando a expansão. Isso é que é importante. O Brasil tem feito a sua parte. Nós... ninguém pode dizer que nós não tenhamos feito a nossa parte, e nós estamos buscando fazer a nossa parte combinando as duas coisas. Combinando, ao mesmo tempo, uma política que leve a investimento, à redução do custo Brasil, você desonera a folha, você reduz impostos, você tem uma série de medidas que têm por objetivo aquilo que nós temos sempre falado, que é o aumento da competitividade. E, ao mesmo tempo, você preserva as condições macroeconômicas de controle da inflação, do fiscal, e isso... e aumenta também o investimento em infraestrutura, e faz todas as políticas para garantir que o investimento privado, que é importantíssimo e que... ele está deprimido nos países, tanto emergentes como desenvolvidos, se deslanche. É essa a visão. É uma visão, o seguinte: vamos sair disso juntos, vamos sair disso juntos. Cada um faz a sua parte, mas vamos fazer de forma concertada.
Me dá uma água, uma aguinha. Eu estou com dedos aqui, ó, literalmente dedos.
Jornalista: Heloisa Vilela, da TV Record. Presidenta, a senhora esteve hoje com o presidente do Egito, recém-eleito, um país-chave na região, e então acho que a curiosidade é grande para saber como foi essa conversa.
Presidenta: Olha, foi uma conversa também muito boa. Essa conversa era para ser, agora, no Brasil, quinta-feira, se não me engano. Não, sexta-feira. No entanto, o Presidente pediu para desmarcar por questões internas da política lá do Egito. Nós consideramos a relação com o Egito uma relação muito importante porque o Egito é um país entre... assim como a Malásia. A Malásia tem 250 milhões de habitantes... A Indonésia, desculpe – eu estou com a Malásia na cabeça, por conta da senhora do presidente da FIA, eu fiz essa confusão, desculpa. Mas nós tivemos uma conversa porque eles são... eles têm entre 80 a 90 milhões de habitantes, eles são um país muito importante, um país de tamanho médio, parecido com o Brasil, com problemas similares ao que nós tivemos. Eles estão muito interessados no caminho que nós percorremos de políticas sociais. Eles estão interessados no Luz para Todos, Bolsa Família, em todo o problema de crédito agrícola, na pequena e média propriedade agrícola, que o Brasil deu um salto significativo, um aumento de produtos originários da agricultura familiar. E, ao mesmo tempo, eles estão interessados em fazer parcerias, em aumentar o fluxo comercial. Eu achei a conversa muito promissora.
E em que nós nos comprometemos? Nós nos comprometemos a que eles enviem ao Brasil membros do governo egípcio, tanto para a área econômica e de desenvolvimento comercial, e também para a área social, na qual eles estão, assim, bastante interessados.
Foi uma conversa também muito boa, e ela é importante, por exemplo, nós queríamos muito que ele fosse ao Brasil porque era a primeira vez que um presidente egípcio visitaria o nosso país. Então, era um momento especial. Ele lamentou muito, a iniciativa partiu dele, obviamente ele não pôde, ele nos avisou e de muita compreensão, mas marcamos um retorno para essa visita no ano que vem. A mesma coisa no caso da Malásia – eu estou com a Malásia na cabeça – da Indonésia, no caso da Indonésia, eu estive na Indonésia, numa visita oficial, com o presidente Lula, quando eu era ministra. A época eu representava a... eu era da Casa Civil e nós tivemos uma... eu acompanhei de perto. E eu me dispus a visitar a Indonésia no início do ano que vem. É do mais alto interesse do país fazer isso.
Jornalista: Mas não houve uma conversa (incompreensível)?
Presidenta: Com quem, da Indonésia?
Jornalista: Não, com o Egito.
Presidenta: Não. É interessante, agora que você falou: nós não falamos sobre a questão específica do acirramento do problema da Síria, não falamos. Sobre o problema da Síria eu falei pelo telefone com o Erdogan, que era uma grande preocupação dele. Eu acredito, até porque a gente tinha pouco espaço de tempo. Estava espremido entre uma audiência e outra. Então, o que aconteceu? Ele deve ter priorizado... porque a iniciativa foi mais dele. Ele deve ter priorizado a pauta bilateral. Se você tivesse uma visita de Estado, aí, necessariamente – assim, uma visita longa. Visita de Estado, que eu quero dizer, é uma visita mais longa –, necessariamente a pauta teria compreendido essa questão, porque geralmente você trata... você faz uma espécie de overview sobre todos os assuntos da região que lhes interessa.
Jornalista: Presidenta, no encontro com o presidente da Comissão Europeia, Barroso, ontem, houve uma conversa, pelo que a gente entendeu, sobre uma reabertura das negociações do Mercosul com a União Europeia...
Presidenta: Isso, entre outras coisas.
Jornalista: ...comercial. Pode dar mais detalhes sobre como ele apresentou essa proposta? Não sei se foi uma proposta.
Presidenta: Olha, a União Europeia está numa situação que todo mundo conhece, eu não preciso aqui lhe descrever, né? Mas, dentro desse aspecto de que nós temos... nós não podemos encontrar todas as vezes e ficar discutindo uma hora, se vai ter união bancária, se vai ter união fiscal, como é que vão ser as coisas, quais são as medidas que eles estão tomando, porque geralmente era muito isso a pauta, nós achamos muito importante, nessa reunião, retomar uma pauta prospectiva. Vamos voltar à discussão, até porque é em outubro o próximo encontro. Nós temos, no Brasil, uma quantidade imensa de empresas europeias, a começar das alemãs. Outro dia eu fiquei espantada porque os austríacos têm... de origem austríaca tem 200 empresas no Brasil. Então, começamos a fazer uma discussão muito mais no sentido de que é importante que a gente retome as negociações, que a gente busque uma pauta de relacionamento Mercosul-União Europeia, Brasil-União Europeia, e que essa pauta, ela sirva para que a gente modifique e melhore o nosso relacionamento, expanda a relação comercial, e concordamos todos que o mundo está numa época em que precisa de cadeias produtivas complementares. O que significa isso? Significa produzir no Brasil e, simultaneamente, produzir na Europa. Isso nós estávamos discutindo, inclusive, o que significa a nossa política de conteúdo nacional. A nossa política de conteúdo nacional é uma política que quer que no Brasil tenha, necessariamente, uma parte da planta. O Brasil não é um país para aceitar só uma indústria montadora. O Brasil é um país que quer duas coisas: ele quer uma parte da planta, dentro, internalizada, produzindo lá dentro, com uma parte da tecnologia e da pesquisa tecnológica também. Isto não significa que o restante da cadeia não pode estar distribuído em outros países. Nós temos noção de que o que move uma economia é essa capacidade de ter essa flexibilidade. Mas fazemos absoluta questão de ter componente nacional e produção de tecnologia e conhecimento nacional.
Ele concorda, ele acha que é o modelo, que a integração regional deles, vamos dizer assim, não é obviamente igual, mas bastante similar ao que se pensa no quadro da União Europeia, e isso para nós é importante. Eles gostariam, também, de que isso se desse no espaço latino-americano, aqui na nossa região, considerando o Brasil não só o único, mas uma das economias fortes da região.
Jornalista: E em relação ao Barack Obama (incompreensível)?
Presidenta: Olha, eu conversei com ele, nós dois sempre nos encontramos, marcamos sempre na mesma hora porque eu falo primeiro e ele fala depois, não é? Então, a gente encontra naquela... ali, na antessala. Eu tenho imensa simpatia pelo presidente Barack Obama, inclusive nós sempre nos perguntamos sobre nossas famílias. Depois que eu recebi tanto o presidente como a Michelle Obama e as duas meninas, lá no Alvorada, e a minha filha estava junto, com o meu neto, aliás, com meu genro – mas meu neto não estava, estava dormindo –, houve uma relação muito simpática da parte dele.
Então, nós começamos sempre conversando isso. E, depois, conversamos a respeito da... Ele está em campanha eleitoral, está cada um de nós aqui, o Leonêncio, por exemplo, sabe perfeitamente que em campanha eleitoral a pessoa faz campanha eleitoral.
Jornalista: Mas quando a Marta vem fazer campanha?
Presidenta: Óbvio que não, Leonêncio. Isso daí é de uma... Eu acho que a Marta será uma excelente ministra da Cultura. Eu não ia responder, vou responder porque é uma provocação leonenciana. Eu estou falando do Barack Obama e ele entra com a Marta, não é, Leonêncio?
Jornalista: O Obama está em campanha, então...
Presidenta: Aí eu desejei sorte para ele, ele desejou sorte para mim, e nos despedimos de uma forma muito gentil.
Jornalista: Existe um contencioso comercial entre os dois países...
Presidenta: Tem, mas isso não significa nenhum problema para nós. É da, vamos dizer assim, natureza das coisas, que hajam interesses brasileiros que tenham em algum momento conflito com os Estados Unidos. Isso não diminui nem a importância dos Estados Unidos para nós, nem, eu tenho certeza, a importância do Brasil para eles. Acho até que quando a gente começa a reclamar uns dos outros, é porque nós nos damos importância.
Jornalista: Alex Ribeiro, do Valor Econômico. A questão é: a senhora discutiu ontem com o Durão Barroso acordo de livre comércio? É nesses termos que está sendo discutido...
Presidenta: Não, não, não, não. Eu tenho um problema. Eu sou parte integrante do Mercosul, então eu não tenho nenhum poder de discutir acordo de livre comércio sem que seja dentro dos princípios da região. De jeito nenhum! O que nós discutimos... nós temos uma agenda... Vamos dizer assim, eu participei, já, de duas grandes reuniões União Europeia-Brasil, e uma Mercosul-União Europeia, se eu não me engano. Mas da União Europeia-Brasil eu participei de duas. Foi até ali que eu conheci o Durão Barroso, quando eu era ministra ainda. E o que é o objeto dessa discussão? O objeto dessa discussão é que se você não colocar seus problemas comerciais, seus problemas... nós temos aquele problema eterno: nós vendemos avião Embraer; eles vendem avião Bombardier. Nós vendemos...
Jornalista: Airbus.
Presidenta: O que?
Jornalista: Airbus.
Presidenta: Hã, Airbus, que dá no mesmo, né, um pouco. Bom, nós vendemos... nós temos uma produção, por exemplo, de petróleo e gás. Eles estão interessados em fornecer petróleo e gás. E veja você, na área de indústria automobilística, a Volkswagen é alemã, a Nissan... Não, a Nissan, não. A...
Jornalista: Fiat.
Presidenta: A Fiat... Enfim, nós temos um conjunto de problemas que é interessante. Cada vez que tem uma relação comercial, tem interesses tanto do lado... que não entrou, como que está dentro do Brasil. Então, essa é uma discussão que tem uma dinâmica. Agora, eles estão muito interessados em discutir com a gente, até porque deram uma grande contribuição no Ciência sem Fronteiras, as pautas de cooperação científicas e tecnológicas e de inovação, e essa questão das cadeias.
Jornalista: Eu só queria complementar. A senhora falou que discutiu com a Turquia, Embraer. Teve algum avanço sobre acordo?
Presidenta: Tem. Eles estão... Agora eles estão naquela fase comercial secular em que cada um discute o preço com o outro. Eles estão nessa fase.
Jornalista: (incompreensível)
Presidenta: Aonde?
Jornalista: (incompreensível)
Presidenta: Não, ainda não.
Jornalista: (incompreensível), o que se espera dessa conversa que a senhora vai ter agora com o presidente ...
Jornalista: (incompreensível)
Presidenta: Não sei, eu não tenho certeza da pauta do presidente Clinton, não podia antecipar porque seria uma especulação. Mas será, certamente, uma conversa a respeito da situação do mundo, tanto econômica quanto em termos de segurança, eu imagino.
Jornalista: Quero perguntar sobre a Colômbia, que inicia um processo de paz. O que pode oferecer o Brasil para o processo de paz na Colômbia?
Presidenta: Quando, um pouco antes de o processo se iniciar, eu recebi um telefone do presidente Juan Manuel, e no que ele me dizia sobre essa iniciativa. Do meu ponto de vista, é uma das questões mais importantes que o presidente Juan Manuel logrou, conseguiu, lá na Colômbia. Por quê? Porque torna a nossa região um modelo. Vocês vejam que é uma solução de um conflito que se arrasta por décadas. Acho que a iniciativa do presidente Juan Manuel, ela só engrandece a região em que nós todos compartilhamos nossas fronteiras.
Eu disse a ele e, inclusive, externei isso através de uma nota, que eu considerava um momento muito auspicioso para a América Latina e para Unasul, no qual nós todos temos assento e procuramos tanto o desenvolvimento como a integração e a paz. Acho que foi um momento excepcional.
Jornalista: Quanto ao Conselho de Segurança, a senhora mencionou no seu primeiro discurso na ONU, hoje a senhora voltou a (incompreensível) da necessidade de uma reforma do Conselho. Avançou esse assunto, a senhora acredita que avançou, de um ano para cá?
Presidenta: Eu não vejo grandes sinais de avanço. Agora, a gente não pode perder a esperança, não é? Eu acredito que num mundo multipolar, para o qual nós caminhamos, esse avanço no Conselho vai refletir uma mudança da realidade também. E quando a realidade se impõe é inexorável que ocorra a mudança. Acho que um Conselho com países emergentes participando, países em desenvolvimento, e um Conselho que tenha maior representatividade, vai ser, necessariamente, um Conselho mais propenso a construir consensos e a estabelecer diálogos. Obrigada, gente.
Ouça a íntegra da entrevista (30min27s) da Presidenta Dilma