22-03-2011 - Entrevista coletiva concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, após cerimônia de lançamento do Programa de Fortalecimento da Rede de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo do Útero e de Mama
Manaus-AM, 22 de março de 2011
Jornalista: (Incompreensível)... cessar fogo.
Jornalista: Cessar fogo mais rapidamente (incompreensível)
Jornalista: A senhora acha que esse é o momento ideal para (incompreensível)?
Presidenta: Uai, mas essa é a nossa posição, desde que nós votamos na ONU. Nós somos a favor de uma solução pacífica lá. E, diante de tudo que está acontecendo, é a decorrência normal do que é a nossa posição. Não é só a nossa, nesse caso, é a da Alemanha, da China, da Índia e da Rússia.
Jornalista: Presidenta, houve alguma conversa (incompreensível) com relação à Amazônia?
Presidenta: Não, ele não mencionou a Amazônia, e nós não botamos, porque não tem... não tinha... Se você considerar o satélite de monitoramento, ele é... ou seja, não é sobre... não é da terra, Amazonas, mas é para ajudar o monitoramento do clima e, por consequência, também das florestas.
Jornalista: (inaudível)
Presidenta: Vamos dizer assim, não houve uma discussão específica sobre a Amazônia, mas uma das maiores reivindicações nossas, que era do satélite, de a gente fazer uma parceria com eles para lançar um satélite do clima, tem como um dos seus efeitos o monitoramento melhor da Amazônia, porque seria um satélite que passaria mais vezes por aqui, ele seria equatorial, não é?
Jornalista: Presidente, a senhora sentiu...
Jornalista: Presidente, (incompreensível) a visita do presidente Obama ao Brasil, como a senhora avaliou essa vinda dele?
Presidenta: Olha, eu avaliei como uma visita de um chefe de Estado de uma das nações mais importantes dos países desenvolvidos que veio ao Brasil, e que nós temos posições, em alguns casos, comuns, em outras diferentes. Somos duas nações que têm de ser tratadas em igualdades de condições, e abrimos uma nova discussão sobre todas as questões que se vinha discutindo há vários tempos. Mas, no meu governo, seria uma agenda sobre comércio, uma agenda sobre uma parceria que nós queremos, e que eu acho que é muito importante. E, aí, complementando a pergunta dela, tem efeitos aqui também, é uma parceria na área educacional, em que o Presidente americano levantou a possibilidade de nós cooperarmos, mandando... nós mandamos estudante para lá e eles mandam estudante para cá. Ele mencionou 100 mil vagas em escolas, 100 mil alunos que estudariam no exterior.
Jornalista: Agora, a senhora sentiu que a palavra “apreço”, usada pelo presidente Obama, pode ser, de alguma forma, interpretada como uma força dos Estados Unidos para que o Brasil ocupe uma cadeira no Conselho da ONU?
Presidenta: Olha, eu acho que é um reconhecimento de que o Brasil é um país hoje que tem, eu acho, um papel a cumprir nessa área. Não existirá um Conselho da ONU reformado sem alguns países expressivos, como a China... Aliás, a China já está. Como a Índia, o Brasil, que são países grandes com populações grandes, são países continentais, que hoje são consideradas as grandes forças emergentes no mundo.
Nós somos, hoje, a sétima economia. Não seremos a sétima economia daqui a alguns anos, nós seremos a 5ª, a 4ª, enfim, ou a 6ª. Mas, de qualquer jeito, não é concebível uma ONU reformada sem o Brasil. Nós não temos a menor dúvida quanto a isso.
Jornalista: Presidente, qual é a sua posição sobre a BR-319, quando retoma as obras?
Presidenta: Olha, a BR-319 é uma obra que vem do governo Lula e que é necessário todo o cuidado ambiental possível. Nós somos a favor de qualquer obra, desde que ela tenha... esteja cercada dos cuidados ambientais. Não há nenhum mistério em relação à [BR] 319. É a mesma coisa que acontece, por exemplo, com qualquer outra rodovia, em qualquer outra parte do Brasil e, por exemplo, com hidrelétrica. Ninguém vai fazer nenhuma obra hoje sem levar em conta os cuidados ambientais.
Jornalista: Presidente, a senhora sentiu a ausência do presidente Lula no...
Jornalista: (incompreensível)
Presidenta: Nós iremos explorar o potássio. Nós iremos explorar o potássio. Nós achamos que a exploração do potássio é uma questão que está ligada a um elemento importantíssimo, que é a segurança alimentar. Ninguém terá segurança alimentar se não controlar a cadeia de fertilizantes. Dentro da cadeia de fertilizantes, eu estive recentemente lá em Uberaba lançando uma etapa desse projeto de fertilizantes, que está dentro dos nitrogenados, que é a produção de ureia. Agora, a questão do potássio, ela é estratégica, porque é o mais raro. É, vamos dizer assim, a chave para a questão dos fertilizantes. Por isso, uma vez que a Petrobras tem essa concessão, nós estamos fazendo todos os estudos que cercam esse processo para viabilizá-lo.
Agora, eu queria, antes de terminar, porque eu estou terminando – não sei se vocês perceberam – eu queria fazer uma informação para vocês. Nós já tomamos a decisão política de prorrogar a questão da Zona Franca de Manaus por 50 anos, a contar do prazo de vencimento. A gente tinha definido até um prazo... não estávamos pensando em prazo, mas, se a gente não definir prazo, do ponto de vista da legalidade e da questão tributária fica difícil. Então, para não ter essa discussão, nós estamos pensando em torno de 50 anos.
Além disso, nós estamos pensando em estender para a região. Por que isso? Porque a gente tem consciência de que é muito importante que aqui, na Amazônia, tenha uma alternativa que não tem a ver com a destruição da floresta e tem a ver, sim, com a preservação dela e a preservação da biodiversidade. Então, na verdade, o que nós estamos fazendo é levantando um muro de proteção... muro virtual de proteção à floresta e à nossa biodiversidade.
Jornalista: (incompreensível)
Presidenta: Muito obrigada, porque agora encerramos.
Ouça a íntegra da entrevista (07min03s) da presidenta Dilma.