Entrevista concedida pela Presidenta da República, Dilma Rousseff, ao Jornal da Band - Brasília/DF
Palácio da Alvorada-DF, 28 de outubro de 2014
Jornalista: O Jornal da Band começa a transmitir agora, direto de Brasília, do Palácio da Alvorada, uma das obras-símbolo da capital do Brasil, uma das muitas obras geniais do gênio Oscar Niemeyer, também em um início de noite magnífico, chuvoso aqui, no planalto central. Nós estamos no Palácio da Alvorada para uma entrevista com a presidente Dilma Rousseff. Presidente, agradecemos a acolhida, muito obrigado por nos receber.
Presidenta: É um prazer, Boechat. É um prazer te ter aqui hoje.
Jornalista: Bom, nós temos milhares de perguntas a fazer, mas eu estava conversando aqui antes da entrevista com a senhora e - temos um tempo limite, claro, a presidente continua com a voz muito castigada - e acabou de receber mais cedo, vou me permitir cometer essa inconfidência, um telefonema do presidente Obama. O quê que o presidente Obama lhe disse em relação ao descanso, presidente?
Presidenta: Ah, que era bom descansar. Depois de campanhas eleitorais intensas é sempre bom descansar.
Jornalista: O quê que ele achou dos três das de férias?
Presidenta: Achou muito pouco. Eu acho que lá eles têm o hábito de tirar um tempo maior, viu, ô Boechat.
Jornalista: E a senhora pretende seguir o conselho dele?
Presidenta: Não tem como, Boechat. Talvez lá no Natal a gente pegue e emenda um pouquinho o Natal com o fim do ano.
Jornalista: Presidente, a primeira pergunta que eu quero lhe fazer diz respeito a uma palavra-chave do seu pronunciamento, logo após a confirmação de sua vitória no domingo. Nesse pronunciamento à nação, diálogo foi a palavra-chave. E tem sido, em outras declarações suas. Com o eleitorado, o país dividido eleitoralmente, muitos setores da vida nacional entendem que esse diálogo não só é uma imposição das circunstâncias como uma necessidade, sob todos os aspectos. A senhora está disposta a tomar a iniciativa de chamar para o diálogo setores que a senhora entenda que precisam participar desse processo de conciliação ou de reconciliação? Nesse chamamento, nessa iniciativa, a senhora incluiria até mesmo setores da oposição, por exemplo, o próprio senador Aécio Neves?
Presidenta: Olha, Boechat, sem dúvida. Eu acredito, ô Boechat, que toda eleição, ela implica, no momento em que se dá, numa divisão. Sempre ela implica em uma divisão. Mas você tem que pressupor que por trás dessa divisão tem um conjunto de posições que as pessoas querem o quê? Querem definir o futuro pelo melhor para o país. Eu não acredito que alguém queira um futuro pior para o país. Então já tem aí um ponto de unidade, de possível união, aliás. Eu acredito que o diálogo, a disposição para o diálogo e a abertura para o diálogo são essenciais. Pós... em todas as eleições, depois de todas as eleições é importante que isso se dê. Até porque é a manifestação da consciência do presidente ou da presidenta que foi eleito por uma parte do eleitorado mas será presidente ou presidenta de todos os brasileiros. Então, é imprescindível o diálogo e, obviamente, esse diálogo tem que abranger a maior parte dos setores organizados ou todos os setores organizados que se dispuserem, e isso também inclui, obviamente, aqueles que foram oposição, que foram adversários meus durante o processo eleitoral. Isso é o que é bonito na democracia.
Jornalista: A senhora pretende tomar iniciativa de, por exemplo, convidar, no caso, o Aécio Neves?
Presidenta: Convidarei todos para fazer essa conversa, Boechat, do que acham melhor para o Brasil. Vou escutar muito. Acho que o diálogo é isso. O diálogo é também, Boechat, não só a oposição, mas com as forças vivas da nação. Exemplos: todos os setores produtivos, os setores produtivos indústria, agricultura, serviços, os bancos, o setor financeiro e também as representações da sociedade - as centrais sindicais, os movimentos sociais, os movimentos sociais do campo, os movimentos sociais da cidade. Isso é pré-condição num momento em que você passou por uma reeleição. E a reeleição, como a eleição, é sempre, no caso da democracia, uma expectativa de mudança, Boechat. Ninguém faz, participa de um processo eleitoral sem que o que esteja em questão seja a mudança, a melhoria, vamos conquistar mais, o como fazer para o Brasil crescer cada vez mais. Eu acho que é isso que é a pauta.
Jornalista: Presidente, economistas de várias linhas de pensamento têm defendido a necessidade do governo agir o mais rápido possível para reestabelecer a confiança do empresariado, dos setores que investem, dos setores que apostam no crescimento e dependem dele para prosperar também. Inclusive, o professor Luiz Gonzaga Belluzzo, muito ligado à senhora, ele disse que essa talvez seja a iniciativa mais urgente no campo da economia. Agir no sentido de reestabelecer essa confiança no empresariado. A senhora pretende tomar iniciativa nesse sentido em quanto tempo e quais poderiam ser apontadas para nós?
Presidenta: Olha, Boechat, eu pretendo fazer isso antes de ser reconduzida à Presidência, ainda nesse primeiro mandato, aproveitando esse final de ano. Eu acredito, Boechat, que quando a gente fala em confiança, eu acho que o que está na pauta, na verdade, é uma discussão a respeito do como que cada um de nós, cada setor enxerga os passos a serem dados para garantir que o Brasil retorne ao crescimento e ao mesmo tempo avaliar a dimensão e os efeitos da crise internacional sobre nós e como que a gente reagirá para nos defender das consequências dela. É importante, por exemplo, que nós todos nos unamos no sentido de perceber que o Brasil tem fundamentos fortes. E esses fundamentos fortes se expressam até numa certa situação interessante. Os investidores internacionais mantêm um grau de investimento direto no Brasil muito expressivo.
Jornalista: Mas esse grau está ameaçado agora.
Presidenta: Não. Hoje nós recebemos US$ 65 bilhões. Nós somos um dos países que mais atrai investimento direto externo.
Jornalista: Mas eu estou me referindo ao grau de investimento como nota classificatória de risco, todos jornais estão mostrando que existe esse risco. A senhora acha que é especulação essa hipótese?
Presidenta: Eu acho que, até agora, nós não temos essa sinalização de que vai haver, num futuro imediato uma redução do grau de risco no Brasil.
Jornalista: A senhora não vê razão para isso?
Presidenta: Não, não vejo. Até porque cotejando a nossa situação com a situação de outros países da Europa, acredito que o Brasil tem um setor financeiro sólido. Hoje, na Europa, há toda uma desconfiança a respeito da robustez dos bancos, tanto os italianos quanto a própria Alemanha teve uma redução de 4% na taxa de crescimento da indústria. E olha que a Alemanha talvez seja o país que tenha a indústria mais sólida do mundo. Então, o que eu acho é o seguinte: o Brasil está passando por uma situação que eu diria que é uma situação ainda difícil, mas nós temos todas as condições para sair dela se todos nós nos dermos as mãos e tivermos como um claro objetivo essa retomada do crescimento econômico.
Jornalista: Só para ficar claro sucintamente, presidente, então a senhora não considera que essa hipótese que está colocada em várias agências internacionais de iminente redução do grau de investimento recebido pelo Brasil em 2008, a senhora acha que essa é uma hipótese que a senhora descartaria, a senhora considera imprópria?
Presidenta: Pelo menos que eu saiba, Boechat, todas descartam isso em 2014 e colocam isso para depois de 2015. E eu acho que nós temos todas as condições de nos recuperar. Veja você, Boechat, hoje mesmo eu estava vendo um fundo que fazia uma grande oposição ao governo, dizer que nossos fundamentos são sólidos porque temos reservas e temos uma situação equilibrada no Brasil.
Jornalista: O ministro Guido Mantega, ontem, reagindo ao tumulto do mercado, bolsa caindo, dólar subindo, deu uma entrevista coletiva e disse que o resultado da eleição, com a sua reeleição, a vitória do seu projeto político e eleitoral, provava que o povo tinha aprovado a política econômica do governo até aqui. A senhora concorda com esse pressuposto de que o quadro econômico a favoreceu eleitoralmente?
Presidenta: Olha, Boechat, eu te digo o seguinte: o que eu acho que favoreceu o governo foi o seguinte, nós, nessa crise, não atribuímos a conta ao povo brasileiro como sempre foi atribuído. Nós mantemos hoje no Brasil uma das menores taxas de desemprego da nossa história: 4,9%. E temos um aumento do rendimento em setembro de 1,5% acima da inflação. Então, diante de uma crise muito forte, nós tivemos uma conduta de não penalizar a população. Nesse sentido, eu acho que houve uma grande aprovação. Agora, eu queria te fazer um comentário a respeito da situação que nós estamos enfrentando. Eu acredito que o Brasil, hoje, tem condições de sair desse processo de baixo crescimento em busca de um processo de mais alto crescimento. Por quê? Porque nós temos - eu estou, inclusive, citando algumas avaliações internacionais - nós temos um mercado interno robusto, extremamente robusto porque milhões de brasileiros foram para a classe média. Hoje o Brasil de cada quatro, três brasileiros estão na classe média ou na A e B. Além disso, nós hoje, também, somos um país que tem uma proteção externa. Ninguém sofre como sofria há uma década atrás, quando havia uma crise internacional, porque não tinha reservas, nós temos reservas e elas nos protegem. Nós temos uma política de contenção inflacionária, e agora enfrentamos a pior seca, enfrentamos um choque de alimentos e vamos manter a inflação sobre controle. Então, veja bem, o mercado é assim, ele flutua. Ontem ele estava assim, o dólar subindo e a bolsa caindo. Hoje a bolsa subiu e o dólar caiu. O mercado tem isso, eu tenho certeza que nós vamos nos adaptar a essa situação pós-eleitoral, viu, Boechat.
Jornalista: Presidente, vamos falar um pouco de política. A sua proposta de encaminhar a reforma política através de um plebiscito foi criticada no Congresso Nacional. Para citar apenas uma dessas vozes, o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que essa atribuição, essa função, essa missão é do Congresso, de fazer a reforma política. A senhora acha que os próprios políticos têm condições de produzir uma reforma política como a sociedade espera ou isso depende de uma consulta popular direta como a senhora defende?
Presidenta: Olha, Boechat, eu participei nessa eleição de discussões em todo Brasil, aliás, isso talvez seja o grande mérito de uma eleição: a capacidade de você discutir, dialogar com os mais diferentes setores. O que é que eu vi, Boechat? Eu vi uma ânsia imensa pela reforma política. Além disso, eu vi um movimento muito forte de vários segmentos - nem todos pensam igual, mas todos eles irmanados nessa questão da reforma política - que me apresentaram entre sete milhões de assinaturas a oito milhões de assinaturas. Me deram só a cópia porque vão encaminhar estas assinaturas para o Congresso Nacional dentro daquele princípio de que, a partir daí, é possível uma legislação de iniciativa popular que coloque na pauta essa questão. Todos eles defendem consulta popular, seja sob a forma de referendo, seja sob a forma de plebiscito. Todas as posições defendem essa consulta popular...
Jornalista: Mas como é que a senhora reage à reação do Congresso?
Presidenta: …e eles desaguam em uma Assembleia Constituinte. Eu acho que vai ser muito difícil essa discussão não ser uma discussão interativa. O quê que eu chamo de discussão interativa? Que o papel é do Congresso, não há dúvida. Agora, que o Congresso também vai compartilhar esse processo, eu acho, com a população, com setores organizados, seja através de uma iniciativa popular que leve a essa consulta e tem de se discutir a forma como isso vai aparecer. Pode ser através de um… você aprova um grupo de questões e faz um referendo ou você pega questões por questões e faz um plebiscito. A forma que vai ser, eu não sei. Agora, acho que, muito difícil que não tenha uma consulta popular.
Jornalista: Presidente, para construir o diálogo com setores, mesmo da oposição, necessários à essa diretriz que a senhora estabeleceu no seu discurso de agradecimento pelo resultado da eleição, a senhora está disposta, por exemplo, a ceder em alguns pontos que a oposição, por exemplo, reivindica; como por exemplo, abrir mão do projeto de criação dos conselhos populares? Aliás, hoje, parece que vai entrar na pauta de votação do Congresso. A senhora abriria mão de que tipo de trunfo ou de pleito para negociar?
Presidenta: Eu acho que não é uma negociação toma-lá-dá-cá. Não pode ser assim. Tem que ser uma negociação sobre as questões importantes para o futuro no país. É óbvio que você pode perder uma votação no Congresso. Eu posso perder essa votação ou posso ganhar. Agora, o que eu acho que nós vamos ter de discutir não é questões pontuais, nós temos de discutir como encarar, daqui para frente, as reformas fundamentais, por exemplo. Essa da reforma política, a questão de como é que encaminha a reforma tributária. Ou seja, quais são as grandes questões que vão mobilizar o país para a gente garantir, né, que o Brasil seja, de fato, um país que encontre no crescimento a sua prosperidade e a prosperidade da sua população .
Jornalista: Presidente, a ameaça mais concreta hoje no Brasil é a possibilidade de São Paulo ficar sem água para consumo. Isso pode colocar numa situação bem familiar às populações do sertão brasileiro, mais de 10, 15, talvez, 20 milhões de pessoas. Isso não será, evidentemente, caso se concretize essa tragédia, um problema de São Paulo, pela repercussão que isso vai ter do ponto de vista econômico e também social. O governo federal, diante dessa possibilidade, que não é remota, tem algum plano de ação? Está pensando, considerando alguma coisa relacionada a esse problema?
Presidenta: Boechat, eu até tenho dito isso, vou contar aqui para você também. Nós sabemos que há um diagnóstico feito pelo próprio governo de São Paulo sobre a situação da segurança hídrica de São Paulo, onde se elenca uma série de investimentos que deviam ter sido feitos e não foram. Você sabe que a atribuição constitucional de responsabilidade pela água é do governo do estado ou do município. No caso da cidade de São Paulo, é do governo do estado por meio da Sabesp. Pois bem, nós procuramos o governador, no início de fevereiro, e colocamos a disposição para qualquer obra emergencial que ele por ventura quisesse fazer, a disposição era qual: nós garantirmos o financiamento, as condições financeiras, os recursos para que isso ocorresse. O governador optou por um processo mais, diríamos assim tradicional, fazer a licitação. Nós demos o dinheiro para ele fazer o projeto para essa única obra que está prevista, que é a obra da adutora de São Lourenço. Nós demos o dinheiro para o projeto, o BNDES deu e nós financiamos, nós liberamos R$ 1,8 bilhão. Tudo que São Paulo precisar da nossa ação, nós faremos. Inclusive, se o governador mudar de ideia e quiser fazer projeto emergencial também. Vou te falar uma coisa: o Nordeste passou pela pior seca dos últimos 70 anos, Boechat. O Nordeste brasileiro, o Semiárido, aí vai do Nordeste até o norte de Minas. Nós tivemos dois tipos de ação emergencial: nós colocamos quase seis mil carros-pipa, caminhões, que eram dirigidos pelo exército. Nós fizemos um milhão de cisternas no semiárido, um milhão. Além disso, tivemos uma série de medidas emergenciais, por exemplo, em alguns estados eles, de forma emergencial, colocaram canalizações que são mais rápidas, mas também fizemos obras estruturantes. Então eu vou te dizer uma coisa, o Nordeste sai dessa seca e, daqui a uns três anos, você vai ter 1000km de rios transformados em rios perenes. Nós fizemos Bolsa Estiagem, Bolsa Seguro Safra, para aguentar que a população segurasse todo esse processo. Bom, nós podemos agir com o governo do estado...
Jornalista: De São Paulo.
Presidenta: ...de São Paulo se ele tiver iniciativa. Os nove estados, oito, de todos os partidos políticos, agiram conosco. Nós fizemos tudo isso juntos.
Jornalista: Portanto, persiste...
Presidenta: Eu tenho abertura absoluta: recursos, as nossas condições o que nós pudermos fazer...
Jornalista: Mas a senhora só vai agir se for solicitada?
Presidenta: Não é isso, nós já nos oferecemos.
Jornalista: Sim, mas portanto agora, Presidente?
Presidenta: Sempre que, não só me ofereci, como coloquei à disposição como financiei. E continuo com a mesma disposição. Eu concordo com você: independentemente do que diga a Constituição, esse é um problema tão grave que afeta toda a população brasileira,
Jornalista: E economia…
Presidenta: São Paulo, a economia e tudo.
Jornalista: Bom, Presidente, o deputado Eduardo Cunha, que está sendo apontado por vários jornais como o próximo presidente da Câmara dos Deputados, disse no Band Eleições, domingo à noite, que a Câmara vai instaurar uma nova CPI da Petrobras e acabar com essa que lá está, que ele considera, inclusive, natimorta. Como é que a senhora encara essa iniciativa, essa possibilidade? Qual é a posição que a senhora vai orientar sua bancada?
Presidenta: Eu quero te dizer que eu vejo com tranquilidade quantas CPIs quiserem instaurar. Agora, eu vou acompanhar atentamente o que está em andamento, que é a investigação que vai trazer, eu tenho certeza, esclarecimentos importantes sobre essa questão da Petrobras. A investigação da Polícia Federal, a investigação e tudo que o Ministério Público está fazendo junto com o Supremo Tribunal, no sentido da delação premiada. Porque eu acho que doa a quem doer, não deve ficar pedra sobre pedra. E o Brasil tem de, desta vez, ter a responsabilidade de não permitir a impunidade. Eu, durante a campanha, listei uma série de situações, de fatos e de escândalos que foram denunciados e nunca foram, de fato, investigados e punidos. Desta vez, esta presidenta que te fala, que não fez, e não olha a corrupção só em época eleitoral, vai fazer questão absoluta de cada detalhe ser divulgado para a população, e não como foi feito até aqui, vazamentos selecionados. Nós vamos fazer questão de divulgar todos os aspectos da delação premiada. Vou instar os órgãos a fazer isso.
Jornalista: Presidente, a última pergunta da nossa entrevista resulta do seguinte fenômeno: hoje de manhã, quando eu falei na rádio Band News FM que faria uma entrevista com a senhora no Jornal da Band à noite, a rádio começou a receber centenas de mensagens de ouvintes sugerindo perguntas. De cada 100 mensagens, 101 eram de aposentados desesperados com a perda do valor de suas aposentadorias, quer frente às correções de salário mínimo, quer em função do fator previdenciário. E desses muitos que nos escreveram, todos pediram: “consegue uma boa notícia para os aposentados da presidente hoje à noite”. A senhora tem essa boa notícia para eles?
Presidenta: Olha, eu tenho o seguinte, eu tenho uma imensa responsabilidade com a Previdência, tanto com aqueles que estão aposentados, e de fato precisam, né, e lutam por uma melhoria das suas aposentadorias, como pelos que vão aposentar. Então, a questão do equilíbrio da Previdência é algo que nos preocupa muito. Eu sempre tive abertura para discutir essa questão dos aposentados, principalmente com as centrais, sabe, Boechat? Agora, eu queria fazer uma observação para ti: dos 30 milhões de aposentados que, aliás, dos 30 milhões que nós acrescentamos à Previdência nos últimos 12 anos, e que são contribuintes formais hoje, seja porque são empregados, foram formalizados, carteira assinada, seja porque são microempreendedores individuais e foram beneficiados pelo Supersimples, todos eles dão uma contribuição imensa para esse equilíbrio. Então, a Previdência, hoje, ela pode abrir uma discussão, principalmente, olhando o futuro. Como é que é que o Brasil, em quanto tempo ele vai envelhecer, em quanto tempo a parcela de pessoas que são aposentadas continuará menor do que aquelas que estão na ativa, o que é uma boa notícia, e que permitirá que a gente faça uma discussão com os aposentados. Agora, 69% de todos os aposentados tiveram ganho real acima da inflação, de 71% nesse período. Foi-se o tempo em que o pessoal comia o rendimento do aposentado de salário mínimo, de dois salários mínimos. Hoje, por conta da política de valorização dos salários mínimos, do salário mínimo, os aposentados também foram beneficiados, né, Boechat. Aquele tempo lá que o pessoal não corrigia acima da inflação, nem a inflação, passou, né.
Jornalista: Presidente, eu quero lhe agradecer, presidente Dilma, em nome do Jornal da Band, do Grupo Bandeirantes por ter nos recebido aqui no Palácio da Alvorada. Desejo sucesso para o seu próximo governo, todos nós dependemos muito desse sucesso, o Brasil inteiro, enfim. E tomara que a senhora chame a gente mais vezes para conversar aqui. Muito obrigado.
Presidenta: Eu prometo, viu, Boechat.
Jornalista: Boa noite. Muito obrigado, voltamos aos nossos estúdios em São Paulo. Fábio Pannunzio.
Ouça a íntegra da entrevista (26min13s) da Presidenta Dilma Rousseff