29-03-2017-Discurso do presidente da República, Michel Temer, durante abertura da 10° Brazil Conference do Bank of America Merrill Lynch - São Paulo/SP
São Paulo, 29 de março de 2017
Eu quero cumprimentar o Alexandre Bettamio, presidente para a América Latina do Bank of America Merrill Lynch, o senhor Rodrigo Xavier, senhoras e senhores investidores, empresários, colaboradores do Bank of America Merrill Lynch.
Senhoras e senhores,
Em primeiro lugar, eu quero agradecer enormemente a este convite. Porque me permite dirigir-me a investidores e a setores produtivos do nosso país.
O presidente Alexandre, de alguma maneira, já fez um relato daquilo que o governo vem fazendo ao longo do tempo.
Eu apenas quero enfatizar alguns aspectos para dizer que, realmente, quando assumimos, os senhores sabem que nós assumimos nos primeiros quatro meses interinamente, porque passava o País por um processo político, convenhamos, doloroso. Que era o processo de impedimento.
Mas, logo que nós assumimos, eu fiz logo uma distinção entre o presidente da República e a Presidência da República. Ou seja, quem está na presidência da República haveria de exercê-la como o fizemos, de maneira integral, de maneira completa.
E, bem por isso, desde logo, sem embargo de termos apanhado o Brasil, como mencionou o presidente Alexandre Bettamio, numa das, talvez, maiores recessões dos últimos tempos.
Mas, apesar disso, nós começamos a tomar medidas, pautadas por alguns vetores essenciais. Um deles foi a palavra diálogo. Sem diálogo, por exemplo, com o Congresso Nacional, seria impossível conduzir o País. E este diálogo foi muito produtivo para o nosso país. Porque o Congresso Nacional, que, de alguma maneira, reclamava de uma falta de interlocução com o Poder Executivo, conosco, teve interlocução plena. Tanto que, muitas e muitas vezes, se costuma dizer que eu faço um regime, meio, digamos assim, semiparlamentarista. Mas não é. Ele é um regime presidencialista, apenas as pessoas precisam entender que no presidencialismo democrático você governa com o apoio do Congresso Nacional. Por isso, é indispensável que você tenha uma base parlamentar bastante sólida.
E, interessante, eu quero ressaltar aqui, nós temos essa ideia sempre fruto da nossa cultura até histórica, não é? Nós temos uma ideia muito grande de centralização, como se a União pudesse resolver todos os problemas. E, no particular, na União, a figura do presidente da República. Isso remonta, digo eu, à nossa origem histórica.
Nós, lá no Brasil Colônia, nós tínhamos as capitanias hereditárias, depois, o governo-geral, depois, o Império, mas com o Estado unitário, e depois nos vários instantes em que se restabeleceu a República e a Federação em nosso País. Portanto, a Federação significava descentralização de poder para os estados. O fato é que nós passamos por períodos de descentralização e, logo em seguida, centralização. Foi assim de 1891 a 1930, quando veio uma centralização profunda, que durou até [19]45.
Depois veio a descentralização no plano jurídico, que perdurou de [19]46 a [19]64, mas nossa vocação centralizadora logo trouxe em [19]64, a necessidade de centralizar tudo outra vez em torno da União. E interessante que, nos períodos juridicamente democráticos, porque a cada momento que eu acabei de relatar, surgia um novo Estado, porque surgia uma nova Constituição.
E é interessante que, nos períodos juridicamente democráticos e descentralizadores, só haviam crises. Crises e mais crises. É interessante notar que no Brasil de 25, cada 25 a 30 anos, surge a hipótese de uma crise, que exige imediatamente uma atuação político-institucional, muito acentuada.
Ora bem. Nós estamos agora de [19]88 para cá, quando redemocratizamos o País e buscamos descentralizar os poderes da União. Nós estamos há praticamente quase 30 anos desse período. E eu acho que hoje nós temos a possibilidade de romper este ciclo histórico que eu acabei de mencionar, fazendo que talvez daqui a 100 anos, os senhores possam se reunir aqui e invocar ainda a Constituição de 1988, sem nenhuma alteração mais fundamental.
E com isto, volto a dizer, com o diálogo restabelecido com o Congresso Nacional, nós conseguimos muito daquilo que o presidente Alexandre mencionava. Vou dar alguns brevíssimos exemplos.
Em primeiro, é que logo o governo anterior havia mandado um projeto que estimava um déficit para o ano de [R$]96 bilhões. E, quando lá chegamos, a nossa equipe econômica e aqui faço até um parênteses. Os senhores sabem que não houve bem uma transição. Os governos, quando um governo sucede ao outro, o que há é um período de transição, em que o governo anterior colabora com o governo que chega, transmite dados, elementos etc., nós não tivemos isso. Tendo em vista uma certa convulsão política que se verificava, nós tivemos que iniciar do ponto zero.
E eu próprio tive que formar o meu ministério em um prazo de oito dias. Mas é interessante aí, acho que Deus nos ajudou, nós pudemos, por exemplo, montar uma equipe da melhor qualificação. Como foi mencionado aqui, a equipe econômica, da melhor qualificação como mencionou o presidente.
E, de igual maneira, nos outros setores da administração pública tendo em vista providências que nós tomamos. Ele mencionou o caso das estatais. Isso derivou de uma lei que estava paralisada na Câmara dos Deputados há muitos anos, há muitos meses pelo menos, e não tinha tramitação. E quando lá cheguei, eu envidei esforços por meio do diálogo, para que fosse aprovado e, com isto, as estatais passaram a ser dirigidas por técnicos integrais. Podendo eventualmente haver uma ou outra indicação política. Mas o que não pode haver é aqueles que exerceram militância ou fizeram militância política, exercitarem cargos de direção nas estatais.
O que, acabamos de verificar, melhorou substancialmente a atividade dessas estatais. Vocês recordam que Petrobras há um ano e meio, quase 2 anos atrás, até para investidores era uma palavra feia, tanto se falava mal da Petrobras. Hoje, quem comprou ações da Petrobras no desastre, hoje ganhou mais de 145%, a valorização no mercado da Petrobras. De igual maneira, o Banco do Brasil, que teve uma valorização de 100%; a Eletrobras, que estava em uma situação delicadíssima, uma valorização no mercado de 245%. Tudo isso, meus senhores minhas senhoras, em um prazo curtíssimo. Eu estou falando de um prazo de dez, a esta altura de dez meses e quase 11 meses de governo anexando sem interinidade.
E, dizia eu, estabelecido o diálogo, nós fomos trabalhando. A primeira questão que nós enfrentamos, o Meirelles certa e seguramente vai falar nisso, mas foi a questão do Teto dos Gastos Públicos.
Uma coisa que era mal vista pela classe política e, também, interessante, pelos brasileiros em geral. Porque botar um teto dos gastos para o poder público significa que você não vai poder gastar além daquilo que arrecada. E, quando nós mandamos a proposta de emenda constitucional – e os senhores sabem que a emenda constitucional dependem de um quórum qualificado. É preciso um quórum especial de 308 votos na Câmara para poder aprovar uma emenda constitucional. De igual maneira, um quórum qualificado no Senado Federal. Pois, muito bem, nós mandamos essa proposta para lá e também em um prazo curto, não é? Um prazo curto, nós conseguimos aprovar o teto dos gastos públicos. E até interessante como as coisas se fazem, muitas vezes, politicamente, não é? A oposição dizia: “agora esse governo vai acabar com a educação, vai acabar com saúde”. Com o teto dos gastos públicos, que era rotulado até de emenda da morte, uma coisa assim, um desses epípetos que visam desmoralizar a emenda, não é? O projeto.
Pois, muito bem, nós quando fizemos o orçamento deste ano, nós já fizemos pautados pelo teto de gastos públicos e aumentamos em R$ 10 bilhões os valores para educação e os valores para saúde. Então, não houve aquilo que se anunciava naquele período. Parece que é uma coisa fácil, mas não é. É preciso muito diálogo com o Congresso Nacional, como nós acabamos efetivamente realizando.
Mesmo aquela questão que eu disse, quando nós aditamos o déficit público para R$ 170,5 bilhões. Eu sempre dou esse dado, Alexandre, porque esta proposta foi aprovada às 4h30 da manhã, portanto, de madrugada, em uma quinta-feira, não é? Com quórum na Câmara e quórum no Senado, o que não é comum. Que a partir de meia-noite, as pessoas começam a ir embora. Eu dou esse dado para revelar a interação, a integração, atividade conjunta e o apoio naturalmente de que o Congresso dá ao governo, ao Poder Executivo. Portanto, é com este apoio que nós estamos conseguindo governar.
E, logo depois, interessante, menciono mais um fato de grande relevância, que é a chamada reforma do ensino médio, não é? Na reforma do ensino médio, eu me lembro, fui presidente da Câmara dos Deputados na primeira vez em 1997, já se falava na reforma do ensino médio. A única coisa que verificamos, ao longo de 20 anos, foi a afirmação de quem fazia ensino fundamental, ensino médio, não sabia falar o português, não sabia multiplicar, não sabia dividir, impunha-se, portanto, uma reforma no ensino médio. Nós elaboramos uma medida provisória, por proposta do ministro Mendonça Filho, e embora criticada pelo fato de ter sido veiculada por medida provisória, o fato é que ela já havia sido debatida durante os 20 anos. E nesses seis meses, quatro meses, mais dois meses do recesso, mais ou menos, não é? Foi amplamente debatida e aprovamos a reforma do ensino médio no nosso País.
Portanto, estou dando duas reformas que eu imaginei que nós demorássemos mais e que foram realizadas em brevíssimo tempo.
Depois, cuidava-se da modernização da legislação trabalhista. Que era uma outra proposta que nós havíamos feito em um documento chamado Ponte para o Futuro. Em que nós traçamos o que seria indispensável naquela oportunidade para o governo vigente. Mas o governo vigente resolveu entender que aquele gesto que nós praticávamos, o meu partido, na fundação, na Fundação Ulysses Guimarães, que era um gesto oposicionista, quando era ao contrário, um gesto de colaboração. Então, estas propostas todas estavam no nosso programa, na nossa forma de entender o governo.
E a outra que estava no nosso programa, volto a dizer, é a modernização da legislação trabalhista. Que nós conseguimos também uma coisa extraordinária. O nosso ministro do Trabalho percorreu as centrais sindicais, percorreu as federações de indústrias e comércios, serviços, confederações nacionais de indústrias, comércios e serviços etc. e conseguiu uma espécie de acordo entre empregados e empregadores, não é? Tanto que, no final do ano, quando nós formatamos o projeto remetido ao Congresso Nacional, falaram de um lado sete sindicalistas e do outro lado, sete, oito empresários, federações, confederações empresariais etc.
Então, foi fruto do quê? Mais uma vez, fruto do diálogo entre – não agora apenas com o Congresso Nacional – mas um diálogo com a sociedade, com esses setores que eu acabei de mencionar. E como isso depende de lei ordinária, ou seja, maioria simples, nós entendemos que em brevíssimo tempo, nós teremos a aprovação da modernização da legislação trabalhista. E até registro um fato curioso.
Um dos principais pontos desta proposta é fazer prevalecer o acordado sobre o legislado. Mas é interessante, quem lê a Constituição atual, não é? Lá entre os direitos sociais, está, entre eles, o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho. Ora bem, como há um longo elenco, um longo rol de direitos do trabalhador no capítulo dos direitos sociais, evidentemente, que um acordo, uma convenção coletiva, não se presta a reproduzir ou repetir aquilo que já está previsto constitucionalmente. O que o constituinte quis, e fez, foi privilegiar o acordo de vontades, para que pudesse sair, portanto, que o acordado prevalecesse sobre o legislado. Tanto que eu tenho dito que este projeto de lei que nós remetemos ao Congresso Nacional o que faz é regulamentar esse dispositivo da Constituição Federal. E volto a dizer, brevemente, será aprovado. Nós temos absoluta convicção deste fato. Será a terceira reforma fundamental para o País que nós estamos levando adiante.
Por outro lado, verificamos a questão da reforma previdenciária. Até por uma razão concreta, não é que o presidente da República, o governo queira, enfrentar temas difíceis. Nós poderíamos perfeitamente ter chegado ao governo, eu, Meirelles, o Ilan, nossa equipe toda, e ter dito: muito bem, nós temos dois anos e oito meses de governo vamos deixar tudo como está, e vamos deixar para o futuro. O futuro que cuide disso porque a previdência ainda suporta, dois, três, quatro anos, quem sabe, tendo prejuízos monumentais, mas não destrói o País.
O que vai acontecer, todas as previsões… previsões não, todos os estudos científicos, estatísticos, revelam que se não houver uma reformulação previdenciária, e aqui eu vou me deter um pouco aqui neste ponto, que preciso muito da compreensão e do auxílio dos senhores.
Em 2024, nós só vamos ter verba pública para pagar os servidores públicos e a Previdência. Não pense em investimento de nenhuma maneira, não pense em programas sociais de nenhuma maneira, porque a verba projetada para 2024, e como diz o meu ministro Padilha, 2024 é amanhã. É daqui a sete anos, e sete anos passa de uma maneira extraordinária.
E digo eu, que na verdade há exemplos concretos em que a imprevidência social, imprevidência de alguns setores, de alguns estados, podem levar a situações dramáticas. Como é o caso hoje de pelo menos três estados, o estado do Rio de Janeiro, o estado do Rio Grande do Sul, o estado de Minas Gerais. Cuja Previdência Social abalou as finanças estaduais.
E, ademais disso, outros vêm à minha porta e diz: "o Temer daí a pouco, outros Estados, eu vou precisar de uma recuperação fiscal". Ou seja, todo mundo vem pedir para a União para auxiliá-los. Tendo em vista a não formulação, a não formatação, de uma adequação previdenciária, correta nos respectivos estados.
E nesse particular, eu devo dizer aos senhores que é fundamental, eu estou tentando demonstrar isso, porque a quarta das reformas importantíssimas para o nosso país. Eu tenho visto e ouvido e percebido e lido e muitas informações inverídicas sobre a Previdência. Primeira, é que a reforma da Previdência acaba com todo e qualquer direito adquirido. É interessante que muitas pessoas pedem a certidão de contagem de tempo de serviço, portanto já tem tempo para se aposentar, ao fundamento de que com a reforma da Previdência não poderão mais fazê-lo. Isso é falso. Mas se alardeia com uma tranquilidade extraordinária esse fato.
Outro fator importante é o seguinte: hoje a média de aposentadoria, o valor da aposentadoria é de 76 a 80%. Essa já… ninguém se aposenta com 100% dos seus valores. Pois muito bem, no sistema que estamos propondo, quando você faz 25 anos de contribuição, nós estamos aumentando evidentemente o período de contribuição, não é? Para 25 anos. Você faz 25 anos de contribuição e tendo 65 anos de idade, que a idade mínima, volto a dizer, estabelecida em praticamente todos os países. Pouquíssimos países têm idade inferior a 65 anos de idade para aposentadoria, tendo em vista a projeção, a perspectiva de vida, nos tempos atuais.
Então, quando você se aposenta com 25 anos de contribuição e 65 anos, não é verdade que você precisa de 49 anos para se aposentar. Você, com esta medida, 65 anos e 25 anos de contribuição, já começa com 76%. Se você tivesse 35 anos de contribuição, você começa com 86% e assim sucessivamente. Portanto, mais do que os dias atuais. E, para tanto, nós estamos fazendo regras de transição que permitem que muito proximamente, muito brevemente, a economia nacional, as finanças públicas, possam estar mais equilibradas. E não possa gerar o que gerou na Grécia, o que gerou em Portugal, o que gerou na Espanha, o que gerou na França. Em que países, alguns deles, em que obrigados foram a reduzirem o valor da aposentadoria e reduzirem o valor do salário dos servidores públicos, não é?
Então, o que que pode acontecer? Vamos dizer, e como há uma campanha muito grande contra a Previdência Social, se não fizer essa Previdência hoje, ainda eu lia em um economista que publicou um artigo nos jornais de hoje, se não fizer agora, daqui a três anos tem que fazer. Porque senão, daqui a sete, nós paralisamos o País. Então, é preciso aproveitar esse momento em que nós temos, digamos o apoio do Congresso Nacional – e precisamos cada vez mais entusiasmá-los a que façamos essa reforma previdenciária, que não vai prejudicar ninguém. Há um ou outro fato, a questão dos trabalhadores rurais, questão dos deficientes, que eu compreendo, nós podemos ainda negociar, de molde a aprovar uma reforma Previdenciária.
Porque é interessante... e aqui eu registro um fato. Apesar de tudo que nós fizemos ao longo do tempo, eu fiz um brevíssimo relato aqui, das medidas essenciais, não vou relatá-las todas, porque são 56 medidas tomadas nesse período todo. Hoje, é interessante, centralizou-se, digamos assim, a ideia de que ou faz a reforma da Previdência ou a economia vai para baixo. Não é bem verdade isso não. Agora, se nós fizermos a reforma da Previdência, a economia continuará a subir. Como disse o Alexandre, presidente Alexandre, em pouquíssimo tempo, convenhamos, nós apanhamos o País com mais de 10% de inflação. E hoje, o Ilan deverá estar aqui mais tarde e deverá dizer aos senhores, na quinta-feira, ele me dizia que hoje está em 4.8%.
Portanto, em pouquíssimo tempo, caiu substancialmente a inflação, a significar que, até ao final deste ano, nós estaremos abaixo do centro da meta, que é 4,5%, 4, talvez próximo do 4, portanto controlada a inflação no País.
Ao mesmo tempo, a taxa Selic vem caindo também substancialmente. E a projeção, eu não quero falar muito disso, porque não pode se influenciar as questões referentes ao Banco Central, mas a projeção pode indicar, sem nenhuma manifestação de otimismo, acho que com manifestação de realidade, que daqui há algum tempo nós cheguemos a um dígito na questão dos juros.
Isto significa o quê? Significa um governo que dialoga e, ao mesmo tempo, tem, aqui outro tópico que eu quero mencionar, a chamada responsabilidade fiscal. Você precisa ter responsabilidade fiscal a agir nessa direção. Não fosse a responsabilidade fiscal, nós não teríamos a credibilidade que eu penso que o País está reconquistando.
Porque que eu penso que o País está reconquistando? Muito recentemente, um pouco mais remotamente, há oito meses, nove meses atrás, quando você recebia a visita de investidores estrangeiros, ele ainda estava preocupado com os destinos do País. Mas, a partir deste mês, como disse o Alexandre, foram 35.600 empregos, depois de 22 meses de taxa negativa, nós abrimos vagas para 35, 36 mil novos empregos.
Mas, hoje, os investidores, em face desses fatos que eu estou mencionando, quando nós colocamos quatro aeroportos para concessão, houve uma presença extraordinária e um ágio fantástico. Anteriormente, a companhia de energia elétrica de Goiás, a Celg, foi também leiloada com ágio estupendo. E ainda recentemente, no porto de Santarém, dois portos de Santarém, igualmente concedidos com um ágio igualmente extraordinário.
O que significa exatamente a crença, a credibilidade, a confiança dos investidores nos destinos do País. E isto é pautado por agências internacionais. Quando eu vejo, e vocês viram, também como eu, a Moody’s negativo para o estável, portanto dando um passo além. Quando vocês vêm a pontuação para o grau de investimento mencionada pelo presidente Alexandre, que era de 570 pontos negativos, e hoje está 275 pontos negativos. Sendo certo que, quando nós chegarmos a 240 ou menos de 240, nós readquirimos por inteiro o grau de investimento que antes tínhamos perdido.
E tudo isso, meus senhores, é fruto desta responsabilidade fiscal que nós estamos levando a sério.
Eu diria que a economia ainda não decolou por inteiro. Ela começou a decolar, tanto que vez ou outra, os senhores veem notícias de que talvez haja necessidade de um certo contingenciamento, uma ou outra medida, que seja necessária. Ela passa a ser, digamos assim, episódica e transitória, para logo depois nós eliminarmos o contingenciamento, ou outro gravame qualquer, que tenhamos que colocar no lugar para manter esse ritmo da responsabilidade fiscal.
Mas a responsabilidade fiscal não significa irresponsabilidade social. Ao contrário. Nós somamos a responsabilidade social, primeiro ao diálogo como instrumento que movimenta mobiliza o nosso governo. Segundo: a responsabilidade fiscal, e terceiro: a responsabilidade social, porque não vamos imaginar que o Brasil é apenas São Paulo, nós temos pobreza também em São Paulo, temos pobreza em todo o País. Uma pobreza dramática. E programas se verificaram no passado, que foram por nós incrementados, o Bolsa Família, por exemplo, cujo um dos objetivos centrais é alimentar as famílias e dá-lhes o mínimo de dignidade de vida, nós, dois anos e meio, não se revalorizava o Bolsa Família, nós revalorizamos em 12,5%. Parece pouco, mas quando você imagina que vai para 14 milhões de famílias, tem uma significação de alguns vários milhões de reais e que a família, membros da família, vão ao mercadinho, à venda, ao supermercado, portanto movimentando a economia nacional.
No ano passado, o Minha Casa Minha Vida, que é um programa também para os mais vulneráveis, nós conseguimos entregar, penso eu, cerca de 140 mil casas que estavam mais ou menos paralisadas, mas lá chegando no ministério, Bruno Araújo, nós arrumamos verbas, sem embargo das dificuldades, para a conclusão dessas 140 mil casas que foram entregues ano passado. E já projetamos no orçamento uma verba para a construção de 600 mil casas. Estou falando responsabilidade social, porque é voltada para os mais vulneráveis, e ao mesmo tempo para incentivar emprego. Porque a construção civil é algo que emprega bem, emprega bastante. Se nós conseguirmos lançar, como vamos conseguir essas 600 mil casas, Alexandre, nós estaremos abrindo um tempo para o combate ao desemprego. Portanto incentivo à construção civil.
Isso tudo fruto de uma de uma visão social. Ainda ontem, a Câmara dos Deputados aprovou o chamado Cartão Reforma. O Cartão Reforma, significa aquele – originalmente, nós já havíamos mandado para aqueles que ganham até R$ 1,8 mil, mas a Câmara modificou para R$ 2,8 mil. Quem ganha até R$ 2,8 mil pode ir à Caixa Econômica e apanhar a fundo perdido, portanto não tem que pagar, R$ 5 mil para uma pintura da sua casa, um quarto, um banheiro, o que seja, não é? Sem ter que retornar esse R$ 5 mil aos cofres públicos.
Mas não ficamos aí. Nós entendemos que aqueles que têm, estou falando agora da responsabilidade social. Aqueles que têm dificuldades econômicas, não é? Muitas vezes moram em pequenas habitações, não têm posse nem propriedade. Ou seja, não tem endereço. Nós estamos lançando um plano de regularização fundiária nas cidades, não é? E o plano está praticamente pronto. O Bruno Araújo, nosso ministro, já fez contato com juízes, com tribunais estaduais, com os cartórios – porque vai depender dessa atuação judicial e administrativa. E nós vamos levar adiante esse plano. No caso… eu estou dizendo isto para dizer que nós estamos construindo pouco a pouco, no pouquíssimo tempo que nós temos, uma sociedade mais estável. Como mais estável será a concessão, já determinada por mim, de títulos da propriedade para aqueles que na área rural tiveram, foram assentados, mas, há muitos anos, não recebem seu título, não sei bem qual é a razão, não recebem título. Nós estamos titulando, dando o título, para aqueles que estão assentados na área rural.
Ainda há pouco tempo, eu recebendo presidentes de federações de estados do Norte, entre eles Roraima, Rondônia, Amazonas, não é? Um deles, um dos empresários me disse: “interessante, Temer, interessante, presidente, quando o senhor começa a regularizar os títulos fundiários, isso tem a ver com o meio ambiente”. Porque muitos e muitos lá na Amazônia têm o seu assentamento quase no meio da floresta. Quando você tem o título, você protege a floresta, porque esses titulados vão proteger a sua propriedade. E a propriedade é um bem fundamental estabelecido na Constituição Federal.
Então, meus amigos, eu não quero me estender demais, mas eu teria muito a dizer a respeito de tudo isso. O que eu desejaria muitíssimo é que todos os senhores acreditassem no Brasil. Nesse Brasil que está nascendo, não é? O Brasil teve crises no passado, superou. Teve recessão extraordinária agora, está saindo da recessão, que também aqui nós temos fases. Você tem a recessão, tem que combater a recessão, quando você combate a recessão, você tem o início do crescimento. É interessante que no início do crescimento, num País que tem 12, 13 milhões de desempregados, no primeiro momento, o que as empresas farão é utilizar a sua capacidade ociosa, que muitas empresas mantiveram um núcleo de empregados, embora não tivesse produção suficiente.
E agora, neste primeiro momento, começam a utilizar a sua capacidade ociosa e, sem embargo disso, abrir empregos como mencionamos no início da nossa fala.
Então, a fase seguinte é o crescimento. E com o crescimento, com o desenvolvimento, vem o emprego. Nós esperamos que, aliás esperávamos, que esses 35, 36 mil novos empregos surgissem na verdade no segundo semestre, mas surgiu agora. Então é muito provável que no segundo semestre, especialmente no último trimestre do ano, nós tenhamos combatido radicalmente o desemprego. Não que vamos dar lugar a milhões de pessoas, mas a simples retomada do combate ao desemprego e da sua efetivação já gera um clima de otimismo e por isto que, aos investidores, eu digo sem medo de errar, pode investir no Brasil. O Brasil está tendo rumo, o Brasil está sendo colocado nos trilhos, e quem vier depois de mim encontrará um País em que a locomotiva pode andar tranquilamente porque os trilhos estarão colocados.
Portanto, invista no Brasil, colabore com o governo, divulgue o governo, divulgue aqui no Brasil, divulgue no exterior. Que as palavras do Alexandre poderiam perfeitamente ser ditas, ele que também tanto tempo esteve em Nova Iorque, poderiam ser ditas lá, os jornais americanos para que, os jornais americanos passem, a imprensa americana, a população americana, investidor americano e de outros países, saibam que essas medidas todas que nós estamos promovendo, de responsabilidade fiscal de um lado e social de outro lado, colocarão o Brasil no rumo certo.
Muito obrigado aos senhores.
Ouça a íntegra do discurso (32min01s) do presidente