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17-05-2018-Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante Cerimônia de Abertura da Exposição “Entre a Saudade e a Guerra"

Palácio do Planalto/DF, 17 de maio de 2018

 

Quero cumprimentar inicialmente o veterano da Força Expedicionária Brasileira, o coronel Nestor da Silva. Pode olhar para ele: tem 101 anos, parece 60.

Os senhores ministros de Estado Gilson Libório; general Silva e Luna; Marcos Galvão; Rossieli Soares da Silva; Marcos Jorge; Joaquim Lima; Carlos Henrique Sobral; Sergio Etchegoyen.

As autoridades militares: almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira; o tenente-brigadeiro Nivaldo Rossato; o almirante Ademir Sobrinho; o general de Exército Paulo Humberto; o ministro José Coelho Ferreira, presidente do Superior Tribunal Militar. E, naturalmente, os senhores oficiais-generais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

E, cumprimentando a todos os senhores e as senhoras, eu quero dizer que é com justificadíssimo orgulho que inauguramos hoje essa esplêndida exposição “Entre a Saudade e a Guerra”. Até sugiro, quem ainda não a percorreu, deva percorrê-la. Porque, entre outras coisas, essas exposições não só nos trazem a memória do passado mas nos traz também a memória dos atos heróicos que o Brasil, por meio dos seus nacionais, praticou na Itália.

Então, é uma exposição sobre a Força Expedicionária Brasileira. E é uma grande honra contar nesta solenidade com a participação dos veteranos da FEB, coronel Nestor da Silva, e outros que, naturalmente, têm a lembrança destes episódios.

E quero também dizer que, à medida que o tempo passa, a memória da FEB torna-se ainda mais cara ao Brasil. O sacrifício de nossos pracinhas em solo estrangeiro sempre há de inspirar em cada um de nós um profundo sentimento de respeito. Até eu me recordo, viu general Etchegoyen, que eu sou de uma pequena cidade do interior, Tietê, e eu era um garotinho mesmo, garotinho, em 1955, eu me lembro de dois expedicionários que foram à Itália e que foram recebidos em Tietê com uma solenidade na prefeitura, todo um grupo escolar, o ginásio foi todo lá homenagear aqueles dois tieteenses que estiveram na Itália, na Força Expedicionária. E tornaram-se, eu pude perceber, ao longo do tempo, verdadeiros símbolos nacionais. Eram, por assim dizer, o orgulho da nossa cidade. Como é orgulho hoje no Brasil o coronel Nestor da Silva, que acabei de mencionar.

Então, não há homenagem alguma que possa, ou seja bastante, para exaltar aqueles que, sob o comando do general Mascarenhas de Moraes, enfrentaram a morte, convenhamos, em nome da liberdade. Aliás, o regime que foram combater eram regimes autoritários, fechados, centralizados, de modo que foram combater em nome da democracia. Não era apenas combater em nome do Brasil, mas em nome de um valor que naturalmente permeava, ou deveria permear, como permeia hoje a vida brasileira, que é a democracia. Foi para isso que eles foram lutar na Itália.

E é tocante ver como a FEB também é lembrada com admiração na Itália, país que os pracinhas, convenhamos, ajudaram a libertar. Eu, até muito recentemente, quase acompanhei o Luna e o Etchegoyen, assim como o Jungmann, a Pistoia, porque eles me contam maravilhas de lá, a sensibilidade, a extraordinária fraternidade com que eles recebem os brasileiros, a homenagem que fazem. E por isso que é muito oportuna esta nossa lembrança. Não só a homenagem que se faz por meio da exposição, mas a homenagem que se faz  neste momento.

Eu creio mesmo que, ao longo do tempo, não se cuidaram, ou não cuidamos, ao longo do tempo, de fazer relembranças e homenagens desta natureza. Portanto, relembrar este fato é fundamental para saber que o Brasil, ao longo do tempo, lá atrás, [19]42, [19]43, [19]44, [19]45, ajudou a restaurar a democracia. E nossos soldados, quando são relembrados, os italianos manifestam carinho especialíssimo pelo Brasil. E é nas horas difíceis que, naturalmente, as amizades são postas à prova. A solidariedade dos pracinhas com as populações civis perenizou os vínculos fraternos que unem o Brasil e a Itália. Interessante, este é um fato que eu dou grande relevância. Porque em todo histórico que eu recebo referentemente à presença dos brasileiros naquela época, na Itália, eles foram para combater. Combater, como dissemos, para restaurar a democracia. Mas também fizeram um vínculo muito fraternal com os italianos de toda a região. Por isso que, naturalmente, lá, reitero, são sempre lembrados os brasileiros com grande carinho. Portanto, tributo à FEB e prestar tributo à solidariedade e a todas as demais virtudes que moviam os nossos soldados, convenhamos, a coragem, a persistência, a devoção ao Brasil. Não há, portanto, melhor forma de honrar os pracinhas brasileiros do que manter vivas essas virtudes.

A cada geração, na verdade, não há melhor forma de honrá-los do que servir ao Brasil na medida de nossas forças, fazendo aquilo que o momento histórico exige. Cada momento histórico, presidente do Superior Tribunal Militar, cada momento histórico exige um determinado esforço dos brasileiros e, no particular, de quem governa. Por isso, mais uma vez eu reitero, o exemplo que este momento está dando a todos nós. Porque a exposição enfatiza precisamente a vivência cotidiana da guerra pelos soldados, as incertezas e o sofrimento do conflito, a saudade de casa. E espero que o maior número possível de estudantes possa visitar a exposição e ver a Segunda Guerra pelos olhos da FEB.

E, ainda há pouco, eu lia uma carta que o marido mandou para a esposa. Uma carta de muita saudade. E eu, confesso aos senhores e às senhoras, eu fiquei imaginando aquele momento em que ele escreveu essa carta. O que que passava pelo seu coração, pelo seu raciocínio, na certeza ou incerteza se voltaria ou não voltaria para o seu país, se voltaria a ver ou não a sua mulher e os seus filhos.

Digamos, se eu quisesse espremer aquela carta, eu diria: “interessante, sairão lágrimas daquele que escreveu”, não tenho dúvida disso.

E, seguramente, quando a esposa recebeu essa carta também teve - não é, coronel? - também deve ter tido essa sensação de muita saudade, de muita dor. E eu nem sei se quem escreveu a carta voltou ou não voltou. Espero em Deus que ele tenha voltado e tenha encontrado a esposa e os filhos para comemorar a carta que ele mandou.

Portanto, eu quero aqui lançar o nosso reconhecimento ao Ministério da Defesa e ao GSI pela contribuição decisiva que deram para essa belíssima iniciativa. Naturalmente, estendo nossos cumprimentos à Secretaria-Geral da Presidência pelo cuidadoso trabalho de curadoria. Está aqui o nosso curador. E podemos dar, portanto, como muitíssimo bem empregado o dia de hoje por esta valiosa oportunidade de, mais uma vez, celebrar os nossos heróis da FEB que tanto elevaram o nome do Brasil.

Portanto, embora eu já tenha, senhoras e senhores, senhores ministros, embora eu já tenha praticado muitos atos durante o dia de hoje, desde as 8h da manhã e, certa e seguramente, praticarei outros tantos até meia-noite de hoje. Mas eu quero dizer que o dia de hoje, para mim, está marcado por esta solenidade.

Muito obrigado.  

Ouça a íntegra do discurso (09min29s) do Presidente.

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