18-05-2018-Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante Cerimônia de Encerramento do Fórum Exame e CNI - São Paulo/SP
São Paulo-SP,18 de maio de 2018
Eu quero dizer que já acolho uma de suas sugestões, ou seja, embora nós tenhamos um ministério especializado, Robson Andrade, o ministério da Ciência Tecnologia, eu quero dizer que eu colocarei um técnico especializado em inovação junto ao meu gabinete e peço o seu auxílio para isso. Essa é a primeira sugestão.
Creio, Robson e André - viu, Dyogo? - que esta é uma homenagem que nós fazemos a este encontro, ou seja, os encontros - não é? -, tantos amigos estou verificando aqui, os encontros não podem resumir-se apenas a palestras e conferências e manifestações, mas toda vez que você tem - não é, Furlan? - um resultado concreto, você dá - não é, Luciano? - uma substância maior a esse encontro. E é com muito prazer que eu faço isso.
E até comento, além de cumprimentar o Jorge Guimarães, o Henrique Meirelles, naturalmente, o André, o Robson Andrade, e todos, eu comento que, interessante, eu estive umas duas vezes na Índia e, nas duas ocasiões, eu estive - nosso professor é de Cornell, mas originário da Índia - estive duas vezes com o ministro, o primeiro-ministro Modi e pude verificar, não só pelo que lá pesquisei, mas pelas palavras, pelo depoimento do primeiro-ministro Modi, é o avanço tecnológico extraordinário da Índia. E nós estamos a dever aqui no Brasil este avanço tecnológico.
Eu devo dizer até que, em certas áreas, nós temos já algum avanço, porque em muitas ocasiões que eu vou para o exterior, por exemplo, na área do agronegócio, na área da agricultura, eu sou muito demandado em função da evolução tecnológica da Embrapa. A Embrapa, no geral, é muito solicitado, os nossos técnicos - não é? -, para que nós levemos a experiência da Embrapa para outros países. E isso tem dado resultado.
Então eu quero muitíssimo dizer que, até bem interessante, eu vi uma colocação do professor, do professor Soumitra, sobre a banda larga. E muito recentemente é que nós lançamos o chamado satélite geoestacionário, que leva banda larga para todo o País, porque o fato de você levar conhecimento a todos os cantos e recantos do País, porque este satélite geoestacionário permite a banda larga nos mais afastados rincões do nosso país. Isto é que leva informação, leva conhecimento e, levando informação e conhecimento, leva naturalmente o interesse pelo avanço tecnológico.
Por estas razões inaugurais que eu estou mencionando, Robson, eu quero muitíssimo agradecer à CNI e, naturalmente, à Revista Exame, o convite para este fórum sobre inovação.
Portanto, eu quero cumprimentar a ambos, o Robson e, naturalmente, o André, por esta... pela qualidade dos oradores que certamente passaram por aqui. Eu tive a síntese desses oradores na palavra do professor Soumitra e, portanto, posso imaginar o quanto os oradores que o antecederam trouxeram os mais variados conhecimentos a este encontro.
E eu tenho, como disse o Robson, eu tenho acompanhado, nos últimos anos, a atividade da mobilização empresarial pela inovação e, portanto, eu quero transmitir meu reconhecimento pelo extraordinário trabalho que o Robson e todos vêm desenvolvendo nesta área.
E hoje, naturalmente, é mais uma demonstração do ativo engajamento deste movimento nos caminhos da inovação do Brasil. E eu estou seguro, seguríssimo, Robson, que as recomendações de um documento final, suponho que será produzido, serão valiosos para tornar nossa indústria cada vez mais competitiva.
Interessante, há pouco instantes atrás, nós estávamos conversando sobre a inovação tecnológica e um problema eventualmente social que isso poderá criar, que é a substituição da mão de obra, substituição do emprego. Mas, ao mesmo tempo, eu tenho verificado uma preocupação muito grande de fazer, de preparar as pessoas, quer dizer, quando a tecnologia é avançada demais, ao invés de gerar desemprego, ela poderá gerar um emprego mais ainda qualificado.
E ainda agora eu dizia ao Robson que vim lá do seu estado, de Patos de Minas, onde verifiquei muitos cafezais agora pela manhã, e eu disse: “interessante”, eu vi o cafezal todo pleno de grãos de café e eu disse: “isso vai trazer muitos empregados, os chamados boias-frias, que poderão trabalhar nessa atividade”. E o prefeito me disse: “olhe, lamentavelmente, hoje é a máquina que recolhe todos esses grãos de café. Mas nós estamos preparando”, veja que coisa curiosa disse o prefeito de Patos de Minas, “nós estamos preparando aqui na prefeitura cursos especiais para que as pessoas possam operar nessas máquinas”. Portanto, quando você fala em inovação tecnológica, você tem que ter necessariamente uma preocupação de natureza social que já está se colocando. E verifiquei até pelas palavras do professor Soumitra que essas transformações todas da economia contemporânea trarão também um aprimoramento da educação tecnológica.
Quem vai à Coreia, à República da Coreia, a Coreia do Sul, verifica que lá é educação em tempo integral, não é? O aluno entra 7h da manhã e sai às 6h da tarde. Não é sem razão que o avanço tecnológico também na Coreia do Sul é extraordinário. Algo que nós precisamos fazer no Brasil. E que nosso governo vem fazendo. De fora à parte, como lembrou o Meirelles, os avanços extraordinários da economia, que não preciso repetir aqui. Mas avanços em outras áreas, por exemplo, na educação nós criamos muito recentemente 500 mil vagas no ensino em tempo integral. É interessante, quando fui agora a Davos, para o Fórum Mundial, eu tinha colocado em meu discurso essa história das 500 mil vagas, senhor professor Soumitra, em tempo integral. E um amigo europeu examinou o meu discurso e disse: “olha, Temer, não coloque isso não, porque aqui na Europa é tudo ensino em tempo integral. Não vai ser novidade nenhuma”. Ao que eu pude então na modificação, André, que fiz dizer: “olhe, nós também agora estamos começando a perfilhar os países mais avançados do mundo. Tanto que estamos criando 500 mil vagas no ensino em tempo integral para logo chegar a 1 milhão, 1 milhão e meio etc.”
Mas tudo isso há de estar conectado, intimamente conectado, com a evolução tecnológica. Porque estes estudantes, estes que vão se formar, eu vejo sugestões do professor no sentido de fazer uma integração maior entre a universidade, o governo e a iniciativa privada. Sem essa integração, evidentemente que o País não prospera.
Aliás, acrescento que, sem esta integração, nada prospera. Não foi sem razão que, ao longo do nosso governo, nós fizemos esta conexão entre o governo e a iniciativa privada. Na convicção mais absoluta de que, sem ela, o País não prospera.
E eu, se me permite uma brevíssima palavra sobre esse tema, eu verifico que no Brasil, é interessante, a administração pública há 50, 60 anos atrás era só administração direta quando as autoridades governamentais perceberam que só a legislação referente à administração direta não era suficiente para prover a todas as necessidades do Estado brasileiro, é que surgiram as chamadas autarquias, que era para flexibilizar um pouco a prestação da atividade pública. Mais adiante, verificou-se que é preciso trazer para o interior da administração pública a legislação de natureza privada. E daí porque criaram-se as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
Na sequência, verificou-se mais. Verificou-se que era preciso levar ou transferir para a iniciativa privada vários serviços que originalmente eram cabentes exclusivamente ao poder público. E daí nasceu a ideia das concessões, das autorizações e hoje até das privatizações.
Nós até criamos um organismo especial, uma secretaria especial, para tratar das privatizações. E as privatizações têm dado resultado, porque elas trazem embutidas em si precisamente a ideia da inovação tecnológica. Não há, digamos assim, uma certa paralisia da atividade do poder público que se sedimenta, se estratifica em certas medidas, porque, na iniciativa privada, a criatividade é muito maior. E, por isso, é preciso, volto a dizer, conjugar a atividade pública com a atividade privada. E neste passo não há dúvida que a inovação tem papel de destaque. Quando nós pensamos nisso, nós pensamos também na inovação no nosso país.
E com muita alegria, com muita satisfação, nós temos visto que nesses dois anos todos - não é? - ao longo do tempo, sem embargo de nós termos tido as maiores dificuldades, nós saímos da recessão, convenhamos, saímos da recessão. E eu digo isso porque nós precisamos ter uma visão otimista do Brasil.
Muito recentemente, eu estive no Fórum das Américas, em Lima, e lá contato com cerca de 12, 13 chefes de Estados, e eu verifiquei, André, que a admiração extraordinária, Meirelles, que eles têm por estes anos de governo - não é? - o próprio presidente Macri, que é uma figura exponencial no sistema latino-americano, mas dizia: “Temer, vem cá, como você conseguiu lá, vocês conseguiram trazer a inflação para menos de 3%, como vocês conseguiram juros muito reduzidos, como vocês conseguiram a modernização trabalhista?”, disse ele, “eu estou na Argentina há 10 meses procurando fazer a reforma trabalhista, não consigo”, os sindicatos, naturalmente, são muito fortes. Eu disse: “olhe, Macri, isso é possível graças ao diálogo, diálogo que nós formatamos, formulamos com o Congresso Nacional, que foi o Congresso Nacional que nos permitiu isso, e diálogo com a sociedade”. A própria reforma trabalhista, ela nasceu de uma interação, de um diálogo, de uma conversação muito sólida do governo com a área trabalhista, e conseguimos levar adiante isso.
Tivemos a coragem, lembra o Meirelles, de estabelecer uma das coisas mais triviais que se possa imaginar, ou seja, estabelecer um teto para os gastos públicos. Na minha casa eu devo gastar apenas aquilo que ganho, aquilo que arrecado. Ora bem, no Brasil não havia essa mentalidade, a mentalidade é: o governante tem que governar, tem que gastar tudo à vontade, sem nenhum controle, sem nenhuma fórmula restritiva.
Nós tivemos coragem, o Meirelles sugeriu, e eu logo encampei a ideia de estabelecer um teto para os gastos públicos. E fizemos uma coisa muito razoável, nada populista, porque nós estabelecemos um prazo mínimo para que, em um dado momento, professor Soumitra, nós pudéssemos fazer assim: empatar o que se arrecada com aquilo que se gasta. E por isso, na emenda constitucional, nós estabelecemos que só daqui a 10 anos será revisável este pressuposto governativo. Uma ideia, e isto foi, era 179 bilhões de déficit, veio para 159 bilhões, agora 139 bilhões e assim vai indo. Pode ser que daqui a 10 anos nós tenhamos essa equação, digamos assim, empatadora entre o que se arrecada e aquilo que se gasta.
Então, agora, realmente como nós enfrentamos todas essas questões, especialmente o desemprego. Até me permitam dar uma boa notícia, porque a todo momento dizem: “o desemprego está aumentando, está aumentando” etc. É interessante, eu verifico, vou dizer rapidamente aos senhores e às senhoras, em carteiras assinadas, nós tivemos no mês de fevereiro cerca de 79 mil carteiras assinadas. No mês de fevereiro, cerca de 69 mil, no mês de março, Dyogo, cerca de 59 mil e hoje, acabo de receber aqui que no mês de abril, dados do Caged, nós tivemos mais 115.898 postos de trabalho.
Portanto, nós temos que confiar no que está acontecendo no Brasil. De vez em quando eu vejo uma ideia pessimista: “ah, a Bolsa de Valores agora caiu para 83%”. Mas, meu Deus, era 48%, chegou a 87%. Quando há uma variação na Bolsa que é mais do que natural, porque essas coisas são assim: uma variação na Bolsa, a Bolsa caiu, não caiu. Ela variou, que é diferente de cair. Cair, seria voltar aos padrões de 2 anos, 2 anos e pouco atrás. Isto sim é que seria cair a Bolsa de Valores.
Então, neste momento, nós temos que ter essa mensagem que eu encontro, Robson, aqui neste encontro, neste congresso. A ideia de que nós estamos olhando o futuro. Nós não estamos apegados ao passado, e nem mesmo ao presente. Porque, convenhamos, a inovação tecnológica sempre induz à ideia de futuro, sempre induz à ideia de busca de novas ideias, sempre induz à busca de um aperfeiçoamento, sempre induz à busca de uma prosperidade. E é isto que a inovação tecnológica faz.
Por isso, eu reitero que é com prazer extraordinário que eu venho pela terceira vez a este encontro de mobilização empresarial pela inovação para dizer ao Robson e a todos os senhores e senhoras, com otimismo, com certeza de que o Brasil saiu da recessão e vai caminhar, é que eu digo: vamos em frente.
Ouça a íntegra (14min39s) do discurso do Presidente Michel Temer