16-12-2016-Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante cerimônia de entrega da Ordem de Rio Branco e da Ordem do Mérito da Defesa a cidadãos colombianos e ao prefeito de Chapecó - Brasília/DF
Brasília-DF, 16 de dezembro de 2016
Senhores ministros de Estado Raul Jungmann, José Serra, Blairo Maggi, Roberto Freire, Helder Barbalho, Moreira Franco.
Senhor governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo,
Senhor presidente da Assembleia Legislativa,
Senhor embaixador do Brasil na Colômbia, Julio Bitelli,
Embaixador da Colômbia no Brasil, Alejandro Borda Rojas,
Prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez, por intermédio de quem eu tomo a liberdade de cumprimentar todos os agraciados nessa tarde.
Prezado amigo, prefeito de Chapecó, Luciano Buligon,
Senhoras e senhores,
Estamos passando por uma solenidade que é um prolongamento da grande emoção que se deu em Medellín, em Antióquia, quando todos os colombianos deram todo o apoio necessário, já com a presença, naquela oportunidade, do prefeito Buligon. Eu quero dizer que o Brasil recebe hoje nossos irmãos colombianos de braços e de coração abertos.
O lamentável e terrível acidente com o avião que transportava a equipe da Chapecoense enlutou o Brasil. Nos quatro cantos do país, prezados amigos colombianos, nós todos nos unimos na dor da perda. De Norte a Sul nos unimos na solidariedade aos sobreviventes e aos familiares das vítimas. Na Arena Condá nos unimos no adeus e na saudade. Aliás, quando lá estava presente o senhor embaixador da Colômbia no Brasil, cujo nome, quando mencionado, levantava todo o estádio para aplaudí-lo emocionadamente.
Mas em instante algum, digo eu, estivemos sós. O mundo nos deu as mãos. Governos e indivíduos de todas as partes encontraram sua forma de trazer ao Brasil, de trazer a Chapecó, as mais tocantes expressões de afeto. Nunca as palavras bastarão para agradecer a todos.
Aliás, eu devo registrar que eu passei o dia de ontem, praticamente, assinado o agradecimento a quase todos os países que mandaram condolências para o nosso país. E ao mandarem condolências, amigos colombianos, senhor embaixador, todos mencionavam o país Colômbia.
E ainda antes de ontem, falando ao telefone com o presidente eleito dos Estados Unidos, naturalmente que ele estava muito bem, digamos assim, brifado, mas a primeira palavra dele, a primeira expressão do presidente Trump foi exatamente as condolências pelo lamentável acidente que vitimou os nossos brasileiros. E também ele relembrando a Colômbia como país que chorou com o Brasil por essa perda que todos nós tivemos.
Por isso que digo que as palavras nunca bastarão para agradecer à Colômbia e aos colombianos a inesquecível lição de humanidade que nos deram, senhor prefeito de Medellín, e continuam a dar. Acho que, além da solidariedade extraordinária, os colombianos deram ao Brasil e ao mundo um exemplo de solidariedade que deve servir de roteiro para todos os povos e para todos os países. É uma lição de humanidade que ficará eternamente marcada em nossas memórias. Como pude, aliás, dizer ao excelentíssimo senhor presidente Juan Manuel Santos quando falei ao telefone com ele, ao governador Luis Pérez Gutiérrez, e ao prefeito Federico Gutiérrez Zuluaga, que agora nos distingue com a sua presença.
A Colômbia, meus senhores e minhas senhoras, fez mais do que responder ao acidente de forma exemplarmente profissional, pelo que já seríamos para sempre reconhecidos. Mas fez mais do que, com modelar competência, socorrer os sobreviventes e apoiar os familiares. Na verdade fez muito mais do que isso. A Colômbia chorou com o Brasil. Medellín irmanou-se a nós. O nobre gesto, já referido, do Atlético Nacional de pedir que o título do campeonato ficasse com a Chapecoense foi saudado pelo mundo. A belíssima, extraordinária, emocionante homenagem às vítimas no estádio Atanásio Girardot sensibilizou o Brasil inteiro. Levem, por favor, à Colômbia, que jamais esqueceremos os milhares de colombianos que naquele ato, em Medellín, se organizaram para oferecer generosamente palavras e gestos de infinita fraternidade.
Mais do que nunca entendemos o que é poder contar com um povo irmão. Aliás, a emocionada e emocionante manifestação do nosso chanceler José Serra àquela oportunidade transmitiu e traduziu, na verdade, o sentimento de todos os brasileiros.
Ao prestar reverência às senhoras e aos senhores, prestamos reverência a todos os colombianos. Cumprimos o dever de significar a gratidão, neste momento, de 205 milhões de brasileiros. As condecorações hoje outorgadas procuram simbolizar os laços de amizade, que já eram fortes, mas que agora ficam ainda mais fortes, unindo brasileiros e colombianos. Aliás, eu vou sugerir ao prefeito Buligon que, se ainda não o fez, deverá fazê-lo, decretar cidades irmãs Medellín e Chapecó.
Hoje condecoramos, também, o prefeito de Chapecó, Luciano José Buligon. Sua liderança sensível e determinada, neste que é o momento mais difícil da história de Chapecó, é inspiração para todos nós. Eu pude testemunhar, debaixo de chuva, quando os corpos chegaram, a emoção extraordinária do prefeito Buligon, quando ele desceu do avião trazendo, lamentavelmente, os caixões com os corpos que seriam enterrados em Chapecó.
Portanto, meus senhores e minhas senhoras, é uma honra, honra no sentido da emoção, da alma, nesta solenidade no Palácio do Planalto, apor-lhes, como foi feito, as insígnias da Ordem do Rio Branco e da Ordem do Mérito da Defesa. Eu quero dizer aos senhores homenageados que, de fora à parte levarem as medalhas e condecorações que receberam, levem, na verdade, o sentimento que nós todos estamos expressando de amizade com a Colômbia, de agradecimento à Colômbia e de um abraço fraternal a todos os colombianos.
Portanto, contem sempre com o Brasil. Nós esperamos um dia retribuir, não em coisa tão lamentável, mas retribuir à Colômbia e aos colombianos o apoio e a solidariedade que emprestaram àqueles que lá faleceram, significando uma grande amizade com o povo brasileiro.
Muito obrigado.
Ouça a íntegra do discurso (09min19s) do presidente Michel Temer