02-04-2018-Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante Palestra aos Participantes do Fórum Econômico Brasil-Países Árabes
São Paulo/SP, 02 de abril de 2018
Antes de cumprimentar a todos, eu quero registrar um fato derivado da manifestação e da oração do ministro Henrique Meirelles. Os senhores e as senhoras da comunidade árabe-brasileira e da comunidade árabe universal ouviram um relato quase completo de tudo o que foi feito neste governo. Mas eu quero registrar que estas medidas fundamentais, importantíssimas, esperadas há muitos e muitos anos, foram realizadas num governo que não tem quatro anos ou oito anos. É um governo que tem menos de dois anos. A significar que basta ter o desejo, a vontade, a disposição para fazer que no Brasil se faz. E eu sempre digo: o Brasil, cuja descrição os senhores ouviram pelas palavras do ministro Henrique Meirelles e, também, pelas palavras do senhor Rubens Hannun e do senhor Kabariti, revelam que o Brasil veio para ficar. É isso que nós temos absoluta convicção.
Mas agora eu quero saudar os ministros de Estado, Henrique Meirelles, o Dyogo Oliveira, o Carlos Marun,
A senadora Marta Suplicy,
O deputado federal Beto Mansur,
Novamente o senhor Rubens Hannun,
O senhor Nael Kabariti,
O Michel Alabi,
As senhoras e senhores membros do corpo diplomático.
Aqui eu devo dizer, senhor presidente Rubens Hannun, que é uma alegria imensa verificar este congraçamento, ou esta congregação, dos vários países árabes, juntamente com a comunidade árabe-brasileira. Eu fiquei extremamente impressionado, e bem impressionado, quando ao chegar tive o prazer de cumprimentar os embaixadores todos, a quem já conheço a quase todos, e alguns vim a conhecer agora.
Portanto, também nesta minha primeira palavra, eu quero registrar a importância deste evento. Porque, evidentemente, ninguém comparece a um evento desta natureza se não tiver a crença absoluta nos valores da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
E, portanto, eu quero registrar que é uma alegria estar entre amigos de tão longa data. Eu os revi a todos aqui. Muitos deles estou vendo agora no auditório, muitas vezes, muitos deles eu cumprimentei ao chegar, e daí que eu repito que é uma alegria especialíssima vir aqui para conversar esse tema que me é naturalmente tão caro, que é o estreitamento dos laços entre o Brasil e o mundo árabe. Daí porque, mais uma vez, eu tomo a liberdade de parabenizar a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira por esta iniciativa. E faço votos, naturalmente, que as discussões neste fórum ajudem, como o título do evento registra, a construir o futuro de nossa relação.
De minha parte, eu estou absolutamente convencido de que esse futuro é auspicioso, porque dinâmico e vibrante é o presente dessa relação. Aliás, esta reunião está a indicar a pujança e as potencialidades extraordinárias desta relação que já é próspera, mas seguirá mais próspera após este evento, entre o Brasil e o mundo árabe. Porque, afinal, nós temos ligações profícuas com os países árabes, fundadas, naturalmente, em sólidos vínculos primeiro humanos, num fluído diálogo político e em denso intercâmbio econômico.
Eu não preciso alongar sobre nossos vínculos humanos. Como filho de uma família de Btaaboura, no Líbano, posso dar meu testemunho de quanto o Brasil tem significado para migrantes árabes e seus descendentes. Aliás, faço um parênteses aqui para dizer que, desde muito criança, eu ouvia dos meus pais, especialmente do meu pai, que veio para o Brasil já com três filhos e aqui é que teve mais cinco filhos, portanto vejam que eu sou, senhores embaixadores, primeiríssima geração e estou na posição em que me encontro, a significar também o acolhimento extraordinário que o Brasil dá aos estrangeiros e particularmente para aqueles do mundo árabe. Mas meu pai dizia: “Olhe, meu filho, o Brasil…” Dizia ele, na sua expressão naturalmente singela, ele dizia: “O Brasil é um País onde se faz a América”. E eu aprendi que fazer a América era desenvolver-se. Era desenvolver-se no plano pessoal, no plano material, porque os que vinham de lá, vinham para várias partes da América. Então, vir para a América - no particular, vir para o Brasil - era alcançar o desenvolvimento.
Então, por isso que eu digo que o nosso País oferece uma calorosa acolhida a todos aqueles que buscam aqui um espaço de oportunidades para construir suas vidas. E, em troca, nós todos recebemos aporte cultural dos mais ricos e valiosos. Da medicina à arquitetura, da gastronomia à literatura, do mundo econômico ao político, os árabes fazem sentir sua presença em nosso cotidiano, para benefício de todos nós.
E exatamente com lastro nesses vínculos humanos, nós temos um diálogo muito fértil com os países árabes. Basta dizer que nós mantemos, doutor Rubens, representação diplomática em nada menos do que 17 dos 22 membros da Liga dos Estados Árabes. Nós somos um país de paz e diálogo. E é com essa postura que agimos no Oriente Médio e no norte da África.
Cooperamos em campos que vão da energia à defesa, passando por turismo, agricultura, esporte e tantos outros. Aliás, o nosso chanceler Aloysio Nunes acaba de realizar uma frutífera visita ao Oriente Médio. E é uma relação madura que transcende os diferentes governos. Aliás, quando ele voltou, ele me disse: “Olhe, você precisa ir ao Oriente Médio, porque lá os países todos, a partir do Líbano e todos, os países todos têm o desejo de investir no Brasil. E se você, como presidente do Brasil, fizer uma visita por esses países, você verá que os investimentos virão com maior rapidez, com maior fluidez aqui, para o nosso País.
Portanto, eu quero… Não estou fazendo nenhuma insinuação aos embaixadores, mas se eu receber convite, eu vou logo para o Oriente Médio, não é?
Aliás, tudo isso resulta num denso intercâmbio econômico, não é? E tampouco aqui preciso me estender, menos ainda diante de público que vive esse intercâmbio. Os senhores vivem esse intercâmbio no dia a dia, no cotidiano, não é? Os países árabes sabem que têm no Brasil um parceiro confiável. Por exemplo, para sua segurança alimentar, não é, doutor Zoghbi? Nossos produtos agrícolas são de qualidade mundialmente reconhecido e apreciado. E, naturalmente, nosso intercâmbio vai muito além da pauta agrícola, embaixador Chohfi. Apenas no último ano, o comércio do Brasil, como já registrado pelo doutor Rubens, com os países árabes, deu um salto de 20%, chegando a US$ 20 bilhões, produtivo para os países árabes, naturalmente produtivo para o Brasil. Naturalmente temos muito, mas queremos fazer mais e devemos fazer mais. Estamos negociando no Mercosul acordos de livre comércio com a Jordânia e com o Líbano, e retomamos também conversas com Marrocos e a Tunísia para fazer acordo de livre comércio.
E queremos ampliar, portanto, e diversificar o nosso intercâmbio comercial. Queremos alavancar nosso fluxo de investimentos. E, para isso, não poderia haver melhor momento do que este que agora estamos vivendo, aquele descrito pelo ministro Meirelles e aquele que hoje os senhores percebem no Brasil. Porque nós estamos saindo, convenhamos, da pior recessão da nossa história e ingressando em uma fase de crescimento, cada vez mais vigoroso e sustentável.
E é por isso que eu tenho dito - e repito o que disse no começo -, que o Brasil voltou e voltou para ficar. E até digo aos senhores que nesses quase dois anos de governo, não foram poucos os embaraços e as oposições que nós sofremos. Até gente disposta a desestabilizar o País com gestos extremamente irresponsáveis, que têm, naturalmente, repercussão internacional. E as pessoas que agem dessa maneira, não se apercebem, ou seja, não sentem a brasilidade no seu coração porque sabem que gestos desta natureza comprometem, criam problemas, nos aspectos internacionais.
Mas, apesar de tudo isso, tal como descrito pelo ministro Meirelles, nós vencemos todas as dificuldades, não só de ordem econômica como outras tantas, e chegamos onde estamos.
Portanto, com coragem e responsabilidade, nós implementamos uma agenda de reformas que recolocou o país de volta nos trilhos. Vejam o quanto fizemos em menos de dois anos. E eu não vou repetir aqui, tudo que foi feito, o nosso ministro Meirelles já o fez, mas dou dois exemplos interessantíssimos, fundamentais.
Os senhores sabem que a Petrobras, por exemplo, há coisa de dois anos, dois anos e meio atrás, hoje explora o pré-sal, ela era tida quase, se me permite a expressão, um pouco mais forte, como um palavrão. Hoje, a Petrobras recuperou o seu prestígio e recuperou o seu fluxo econômico. Hoje, quem tinha ação da Petrobras, há dois anos atrás, ganhou muito. Porque a ação da Petrobras cresceu muito. Há poucos dias, o Caffarelli, presidente do Banco do Brasil, me ligou e disse: “Olhe, vou lhe dar uma boa notícia: quando nós chegamos aqui, a ação do Banco do Brasil estava em R$ 15, hoje está em R$ 45”. A significar que o patrimônio, que era de R$ 35 bilhões, do Banco do Brasil, hoje está em mais de R$ 130, 140 bilhões.
Quando nós chegamos ao governo, a Bolsa de Valores, aqui de São Paulo, a Bolsa de Valores registrava um pico de 42 mil pontos. Hoje, atinge um pico de 87 mil pontos. A revelar, portanto, que a confiança que os investidores brasileiros e os investidores estrangeiros têm no Brasil.
Então, por mais que as pessoas protestem, ou por mais que as pessoas tentem segurar o desenvolvimento do País, não conseguem. Porque o Brasil é maior do que todos. E nós estamos seguindo nessa trilha, estamos trazendo o Brasil, convenhamos, para o século XXI.
Já se falou na inflação, já se falou na queda dos juros, não é? E, portanto, são muitas as conquistas. Mas eu gostaria muito de ressaltar aquela que foi condição para todas as demais, que é a retomada do diálogo. Os senhores vejam que aqui nós estamos fazendo mais do que dialogar. Os senhores e as senhoras não estão fazendo mais, ao longo desses dias, do que trocar informações, do que dialogar, do que conversar, do que meditar de como fazer o entrosamento entre nossos países. Pois bem. O diálogo, que foi o nosso método, é que nos permitiu chegar até aqui: diálogo com o Congresso Nacional, diálogo com a sociedade. Isto que nos permitiu alavancar o nosso País.
Portanto, nós sempre acreditamos na responsabilidade como princípio e no diálogo como método. Responsabilidade fiscal de um lado, responsabilidade social de outro lado. A fiscal, descrita pelo ministro Meirelles, quando falou do teto dos gastos, na queda da inflação, da queda dos juros, e outras tantas medidas que foram tomadas nessa atividade. A social, quando nós não abandonamos os mais vulneráveis, os mais pobres, quando nós aumentamos os valores do chamado Bolsa Família, quando nós, por exemplo, ao tratarmos do Bolsa Família, não o tomamos apenas como um programa de natureza assistencial, mas como um programa episódico e necessário neste momento. Porque, evidentemente, o desejo de todos os que estão no Bolsa Família é o de progredir. Portanto, a inclusão na sociedade não se dá apenas pela verba que as famílias pobres recebem mês a mês. Mas se dá, sim, a inclusão pela progressão, pelo Progredir, e por isso nós criamos um programa conectado com o Bolsa Família chamado Progredir. E exatamente com a participação do empresariado dos mais variados setores dos empresários, nós estamos, isso foi o Ministério do Desenvolvimento Social que promoveu, nós estamos fazendo com que os filhos dos bolsistas se empreguem. E, se empregando, estudem, porque nós também continuamos com o programa de financiamento estudantil nas universidades para os mais pobres.
Por isso é que eu digo que as nossas palavras-chave no governo sempre foram responsabilidade dividida em fiscal de um lado, social de outro lado, mas diálogo permanente.
Portanto, é com isto meus amigos e minhas amigas, que nós seguiremos no bom caminho em que estamos: o caminho do crescimento, da prosperidade. Portanto, ao agradecer a gentileza do convite, que muito nos honrou a mim e aos ministros que me acompanham, eu convido aqui, todos os presentes, brasileiros de nascimento ou de coração, a serem nossos parceiros nesta caminhada. Caminhada que naturalmente nós continuaremos juntos, senhor senador, e em última palavra eu digo, invistam no Brasil, vale a pena que nós vamos crescer cada vez mais. Obrigado.
Ouça a íntegra do discurso (16min31s) do Presidente.