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16-10-2016-Discurso do presidente da República, Michel Temer, na Cúpula ampliada dos Chefes de Estado e de Governo do BRICS e do BIMSTEC - Goa/Índia

Goa-Índia, 16 de outubro de 2016

 

Estimados colegas, eu começo por cumprimentar o Primeiro-Ministro Modi pela organização deste encontro com a Iniciativa da Baía de Bengala. Trata-se de ocasião que o Brasil valoriza muito particularmente. É um privilégio, aliás, estar neste momento aqui.

Quero, também, apresentar as condolências do povo brasileiro ao povo da Tailândia pelo passamento de sua Majestade, o Rei daquele país.

Estimados colegas,

A sociedade brasileira tem a marca do pluralismo. É na multiplicidade étnica e cultural que construímos nossa unidade. Orgulhamo-nos de uma longa tradição de abertura ao mundo – na realidade, nós somos obra dessa abertura.

Nós brasileiros temos vocação para o diálogo. Temos aquele interesse genuíno um pelo outro, aquela inquietação permanente para compreender suas razões e seus anseios.

É natural, portanto, que a inserção internacional do Brasil traga o signo do universalismo. Universalismo que se traduz em relações econômico-comerciais geograficamente equilibradas. Que se manifesta em histórico de cooperação com parceiros de distintos continentes. E que se revigora no diálogo político com países de todos os quadrantes.

É nessa perspectiva que participamos do BRICS. E é nessa perspectiva, também, que queremos cultivar nosso contato com a Iniciativa da Baía de Bengala.

A Ásia é região de abundante e preciosos recursos humanos e culturais. É a área de maior dinamismo econômico do Planeta.

Sobretudo em período no qual nos concentramos na retomada do crescimento, desejamos intensificar relações com nossos amigos asiáticos – e, certamente, com cada um dos países aqui reunidos.

Estamos convencidos de que nosso êxito passa por uma cooperação com o mundo. Passa por mais troca de visões e de experiências. Passa por mais comércio e por mais investimentos.

Numa disposição para explorar oportunidades que é irrestrita. Já temos relacionamento com todos os Estados que integram a Iniciativa da Baía de Bengala. Já somos sócios de Myanmar e da Tailândia no Foro de Cooperação América Latina-Ásia do Leste. O encontro de hoje nos estimula a ir além, e é o que faremos.

Creio importante aprofundarmos o conhecimento de nossas percepções sobre o mundo. É também isso que nos ajudará a potencializar convergências. Permitam-me apresentar-lhes um pouco de nosso olhar sobre o momento que todos atravessamos juntos.

Como tenho dito, o sistema internacional experimenta um déficit de ordem. Conflitos prolongam-se. O terrorismo continua a ceifar vidas mundo afora, com brutalidade desconcertante. Os crimes transnacionais geram níveis de violência inaceitáveis. Pressões sociais alimentam a tentação do isolacionismo – como se crescimento e empregos dependessem de menos, e não mais, intercâmbio entre os povos. E o sistema internacional simplesmente não se mostra equipado para lidar com esses imensos desafios.

É verdade que temos obtido resultados em determinadas frentes. O Acordo de Paris, tantas vezes mencionado, sobre Mudança do Clima é caso significativo. Não apenas chegamos a um acordo, como estamos assegurando as ratificações necessárias a sua pronta entrada em vigor. Também encorajador é o encaminhamento diplomático do dossiê nuclear iraniano, isso para dar alguns pontos positivos.

            Mas o fato é que, com frequência excessiva, as instituições de governança global se revelam insuficientes para os desafios de nosso tempo. Veem-se, não raro, flagrantemente ultrapassadas pelos acontecimentos. É como se nossas estruturas de governança se fossem engessando, enquanto o mundo, em plena efervescência, não cessa de transformar-se.

O diagnóstico – que aponta para um imobilismo – é necessário, mas está longe de ser suficiente. É essencial que tenhamos clareza quanto às limitações do sistema. Não podemos, porém, permitir que essas limitações nos condenem à resignação. Ao contrário, é nosso dever superá-las. Nossas sociedades esperam que possamos dar conta da complexidade dos desafios atuais. Com sobriedade e sentido de realidade e, ao mesmo tempo, com firmeza e determinação. Como asseverei perante a Assembleia-Geral da ONU: com pés no chão, mas com sede de mudança.

            Os processos globais, vistos a distância, podem parecer abstratos. Sabemos todos, contudo, que têm impacto direto para nossos cidadãos. No cotidiano de nossas famílias, ganham evidente concretude. Significam mais ou menos segurança, mais ou menos investimentos, mais ou menos postos de trabalho, mais ou menos riqueza. Significam, em suma, mais ou menos desenvolvimento. Por isso é tão fundamental aumentarmos nossa união e nossa influência coletiva sobre eles.

Urge consolidar instâncias internacionais afinadas com a natureza e o alcance dos problemas contemporâneos. Instâncias, meus senhores e minhas senhoras, que reflitam melhor nossa diversidade e sejam, assim, legítimas e eficazes. É delas que emanarão soluções efetivas.

Vemos o BRICS, também, como parte de nossos esforços em favor de uma governança internacional renovada. E o diálogo do BRICS com parceiros do entorno geográfico de seus membros só faz dar ímpeto a esses esforços.

            É o que demonstra esta Cúpula BRICS-Iniciativa da Baía de Bengala. Com método, vamos fortalecendo os laços que nos unem. Com sentido de direção, vamos trabalhando por um mundo de mais paz, prosperidade e previsibilidade.

Que este seja, portanto, o início de nova etapa em nosso convívio. Etapa que, propomos, seja de pragmatismo e de crescente entendimento, sempre em nome de nossos objetivos comuns.

Muito obrigado.                

 

Ouça a íntegra do discurso (07min54s) do presidente.