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Entrevista coletiva concedida pelo presidente da República, Michel Temer, à imprensa brasileira - Tóquio/Japão

Tóquio-Japão, 18 de outubro de 2016

 

 Presidente: Então, muito rapidamente, eu vim ao Japão para estabelecer aquilo que foi estabelecido há muito tempo das relações entre o Brasil e o Japão. Relações essas que derivam, em primeiro lugar, da grande migração japonesa para o Brasil. Milhares, bilhões quase de japoneses que foram ao Brasil, que fizeram, ajudaram o crescimento do nosso País.

 E ao vir ao Japão - e vejam que estou vindo ao Japão praticamente menos de dois meses depois da minha efetivação como presidente da República - para revelar a importância na relação do Japão com o Brasil.

E o objetivo básico, já que serei, terei audiência com o primeiro ministro Abe e, delicadamente, também o imperador vai me receber. E, ao mesmo tempo, nós teremos uma reunião com grandes empresários investidores no Brasil, investidores japoneses. Um almoço com investidores brasileiros, investidores japoneses.

E o que eu pretendo trazer é exatamente este, digamos, vou chamar de recomeço do nosso País, que se baseia fundamentalmente na ideia do diálogo. Se eu tivesse uma palavra-chave para o governo, eu diria que a palavra é diálogo. Diálogo com o Congresso Nacional - e um diálogo muito frutífero como puderam perceber, porque nós já conseguimos aprovar muita coisa no Congresso Nacional ao longo desses meses. Inclusive, uma questão mais complicada, como a questão do teto dos gastos públicos, que foi aprovado por grande maioria.

Portanto, revelando por meio do diálogo, uma grande interação do governo, do Executivo com o Legislativo, de um lado. De outro lado, evidentemente, que nós vamos prosseguir nessas reformas todas, com vistas à austeridade fiscal, ao controle das contas públicas, mas, ao mesmo tempo, trabalhando pelo crescimento do País.

O chamado Programa de Parcerias de Investimentos significa exatamente a ideia do crescimento do país. Nós vamos levá-lo ao ministro Abe, vamos trazer também aos empresários japoneses que, de resto, já tiveram contato com os nossos ministros no dia de hoje, não é?! Os vários ministros que estão aqui, já trocaram ideias sobre isso.  

Mas nós queremos trazer ideia da parceria Brasil/Japão não apenas levar novos investimentos japoneses para o Brasil, como também ampliar os investimentos japoneses que lá já se verificam. Vamos trazer aqui, aquilo que todos vocês já conhecem não é: há cerca de 34 atividades ou órgãos que poderão ser concedidos em uma área da infraestrutura que é portos, aeroportos, ferrovias, rodovias, óleo e gás, não é?! Estamos até promovendo modificações na questão legislativa sobre óleo e gás, não é, para óleo e petróleo, exata e precisamente para incentivar esses investimentos.

Vamos trazer também a notícia de que nós teremos absoluta segurança jurídica em todos os contratos que se estabelecerem no nosso país, que temos portanto, ao levar investimento estrangeiro para lá, juntamente com investimento do capital nacional, nós queremos preservar os contratos, queremos dar segurança jurídica. E revelar, também, que nossas viagens como já fizemos algumas, a plenitude da estabilidade institucional no nosso país. Nós passamos por alguns momentos mais complicados politicamente, mas que vão se pacificando pouco a pouco. E o objetivo básico, portanto, de um lado a palavra diálogo como símbolo do governo, diálogo com todos os setores não é, mas ao mesmo tempo, nós vamos pacificando essas relações sociais para o crescimento do país.

 

Jornalista: Presidente, por que que o governo brasileiro aposta no Japão para ajudar o Brasil a sair da crise? Em termos de Ásia seria uma aposta brasileira para compensar a inflação chinesa?

 

Presidente: Olha, nós estamos universalizando as nossas relações, nós não setorizamos as relações do país. Ainda há pouco eu estive no BRICS, na reunião do BRICS, onde há países parceiros no Brasil, não é?! E queremos nessa universalização ampliar cada vez mais as relações do país, o Japão pode ser um grande parceiro, já é um parceiro, mas pode ser um grande parceiro do Brasil. Como outros tantos países que já fazem essa parceria com o Brasil.

 

Jornalista: Presidente, os brasileiro necessitam de visto para ingressar no Japão. E vizinhos do nosso país, a Argentina, por exemplo, não é assim, não há essa necessidade. O senhor pretende conversar sobre isso e acha que poderia haver uma flexibilização para os brasileiros que vem até como turistas mesmo?

 

Presidente: Eu não sei se haverá essa flexibilização, mas evidentemente eu tratarei com o ministro Abe dessa matéria, um dos pontos é exatamente isso. Tratarei de maneira que, digamos, revelando essa interação do Brasil com o Japão, quem sabe nós conseguimos também essa isenção dos vistos.

 

Jornalista: Presidente, o ministro Moreira Franco hoje pela manhã, definiu a trajetória da dívida como "absolutamente incontrolável". O senhor concorda com essa avaliação? Qual a sua opinião?

 

Presidente: Ela é de difícil controle, não é? Mas talvez não impossível. Ao longo do tempo, penso que o ministro Moreira quis dizer, é que neste momento vai ser difícil. Não há dúvida que nesses dois, três próximos anos, não é fácil controlá-la, mas que nós estamos trabalhando para o absoluto controle lá para frente, não tem a menor dúvida disso. Medidas estão sendo tomadas, não é?

 

Jornalista: O senhor, lá em Goa, no seu discurso ao lado do primeiro-ministro indiano, citou o limite de teto de gastos do Brasil e mais de uma vez o senhor citou isso nos discursos lá em Goa. O senhor pretende que está sendo feito no Brasil seja visto de uma determinada forma no exterior?

 

Presidente: Olha, o que eu pude perceber foi o seguinte: não só o ministro indiano, o primeiro-ministro Modi se interessou, como igualmente durante o almoço, o ministro Putin, presidente Putin, se interessou vivamente, tanto que eu dei explicações mais variadas sobre o nosso projeto. Até porque, é interessante, há identidade muito grande de questões econômicas entre a Rússia e o Brasil. Você veja, nós temos hoje quase 70% da nossa dívida pública, quase 70% do PIB, portanto, um índice altíssimo.

A Rússia me disse ele, igualmente, está mais ou menos por aí. E o déficit público que dá R$ 1 bilhão e 700 representa, no nosso caso, 1,88 no PIB. E na Rússia representa 2 ou 2.1%. E, como havia essa identidade, conversamos muito sobre o teto dos gastos. Percebo, que ele se interessou, agora, não sei o que será feito lá.

 

Jornalista: O presidente Putin diz que pretende acompanhar a votação da PEC, saber exatamente de tudo. Ele entrou em detalhes com o senhor como ele pretende fazer isso?

 

Presidente: Eu fiquei até de mandar. Eu confesso que vou mandar a documentação, a proposta da PEC dos gastos públicos para ele e até para os demais integrantes do BRICS, porque eu falei muito disso em todas as manifestações que fiz. Não só no BRICS, mas também com aqueles países do golfo de Bengala, não é?! Nós voltamos a esse assunto. Nós vamos divulgar isso, quem sabe algum país possa se interessar e aplicar o mesmo sistema.

 

Jornalista: Presidente, o senhor hoje ressaltou a importância da PEC do teto para levar a cabo todas as mudanças que o governo quer fazer. Envolvimento de articuladores muito importante no seu governo como Geddel, o ministro Geddel, ministro Moreira, e o senador Jucá, não dificultam esse trânsito no Congresso?

 

Presidente: Não. Pelo contrário, facilitam, não é?! Acho que são pessoas que dialogam bem com o Congresso, como eu, vocês sabem diálogo muito bem com o Congresso Nacional. Eu acho que podem ajudar.

 

Jornalista: Mas o envolvimento dos nomes deles em denúncias de corrupção?

 

Presidente: Mas, você sabe o que acontece: o envolvimento do nome se deu, convenhamos, por enquanto, por uma simples alegação, por uma afirmação. É preciso que estas coisas se consolidem, não é? Se um dia se consolidarem, muito bem, o governo verá o que fazer. Se a cada momento que alguém mencionar o nome de alguém e isso passar a dificultar o governo, fica difícil.

 

Jornalista: Presidente o senhor tem tido uma agenda internacional bem intensa nos últimos meses. De que forma o senhor acha que as outras nações, os outros líderes têm visto o senhor, o seu governo? É ele tem mencionado alguma coisa?

 

Presidente: Olhe, seria um pouco, digamos, pretensioso. Mas eu acho que veem com simpatia. Com toda franqueza, nas reuniões que eu tive não só no BRICS, como por exemplo, na Argentina, o presidente do Paraguai, e lá no G20, eu verifiquei que havia muito acolhimento. Não vou dizer nem se é simpatia ou não, mas muito acolhimento, muita tranquilidade e muita compreensão das palavras que digo. Aliás, em um almoço que tivemos, em um jantar lá do BRICS, eu levantei o tema da aproximação dos povos do BRICS, não apenas aproximação das autoridades, mas aproximação dos povos, e até mencionei: olhe uma das razões que poderia aproximar os povos seria se nós tivéssemos por exemplo, programas de saúde conjuntos, conjuntos não, mas coletivos, assemelhados.

A Índia, por exemplo, tem, em matéria de remédios, tem muita evolução. Então, se nós tivéssemos isso, nós poderíamos aproximar também os povos. Isso repercute em cada país. Como também na cultura, no esporte, no turismo.

E interessante como isto, volto a dizer, foi muito bem acolhido e foi até objeto de manifestação do presidente Putin quando nós fizemos a segunda plenária no BRICS, ele começou dizendo: olhe como disse meu colega brasileiro, e daí foi exatamente nessa linha. Eu acho que é isso que está acontecendo.

 

Ouça a íntegra da entrevista (10min25s) do presidente.

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