Entrevista coletiva concedida pelo Presidente da República, Michel Temer, após encontro com empresários chineses - Pequim/China
Pequim-China, 31 de agosto de 2017
Jornalista: Presidente, como o senhor recebeu a decisão do ministro Fachin de negar o seu pedido de suspeição?
Presidente: Essa é uma questão que diz respeito ao meu advogado. O advogado, certamente, tomará providência e na naturalidade como costuma acontecer nas questões jurídicas.
Jornalista: Há algum recurso possível a essa decisão?
Presidente: O advogado está vendo. Não sei. Ele me disse que talvez tenha agravo para o plenário no Supremo. Nem sei se vai tomar essa providência. É uma questão que ele propôs.
Jornalista: Mas, presidente, ao pedir suspeição, o senhor está tentando desqualificar o acusador e não provar uma inocência. Isso não é estranho?
Presidente: É interessante o que você disse porque não é desqualificar. Você sabe que no plano jurídico, quando alguém começa a agir suspeitamente, você tem que arguir da suspeição, e quem decide é o Judiciário. O Judiciário e que vai decidir o que deve haver, se há suspeição, se não há suspeição. O que não se pode é manter o silêncio. Mas foi o que o advogado fez.
Jornalista: Presidente, como o senhor viu essa decisão do Fachin de entregar novamente a delação do Funaro? O senhor acha que tem algum problema…
Presidente: Eu confesso que só soube da notícia. Deve haver algum equívoco na delação, certamente nós vamos esclarecer. Eu suponho até que o procurador deverá esclarecer e vai devolver.
Essa coisa está no Judiciário, não é mais comigo.
Jornalista: … sobre a Amazônia, ele deu 10 dias para o senhor se pronunciar sobre o decreto da Amazônia.
Presidente: Isto também é uma questão jurídica, não é? Nós vamos nos pronunciar sobre isso. Vocês sabem que lá havia uma exploração clandestina, ilegal, do minério. Vocês verificaram pelo decreto que foi expedido que há preservação absoluta de toda e qualquer área ambiental e qualquer área indígena. E o que há é uma regularização daquela exploração que se faz naquela região. Nada mais do que isso, é de uma singeleza ímpar.
Jornalista: E a viagem?
Presidente: A viagem, muito bem. Vocês sabem que lá em Portugal, o presidente de Portugal me recebeu e confirmou algo que já vinha sendo negociado, que é a compra de aviões da Embraer.
E agora, interessante, parando em Astana, no Cazaquistão, um grande empresário de lá foi me visitar no setor de autoridades e comunicou que vai continuar investindo no Brasil. Ele já investiu US$ 1,4 bilhão lá na Bahia; vai investir mais US$ 1 bilhão que ele vai investir na Bahia. E mais US$ 1 bilhão agora. Até está se associando com um grupo chinês para fazer esses investimentos.
E agora, tão logo chegamos, nós tivemos várias reuniões com empresários chineses, foram quatro grandes empresas chinesas que estão investindo no Brasil e querem investir cada vez mais, revelando uma confiança extraordinária no nosso país no setor de energia, no setor elétrico, no setor de mineração.
Jornalista: Alguém demonstrou algum interesse pela Eletrobras, na compra da empresa?
Presidente: Nós salientamos a questão da Eletrobras e dos 57 novos setores que estão colocados à disposição da iniciativa privada. Todos eles revelaram interesse.
Jornalista: Alguém anunciou algo concreto, alguma intenção concreta?
Presidente: Não, eles querem todos investir cada vez mais. Não houve assim um objetivo concreto, mas todos… perdão…
Jornalista: Algum específico?
Presidente: Não. Mas todos eles pretendem ampliar.
Jornalista: E eles fizeram algum pleito?
Presidente: Um pouco da desburocratização. Alguns reclamaram de uma certa burocracia, especialmente no plano fiscal. Nós dissemos que ao longo do tempo nós estamos desburocratizando esses setores com vistas exatamente a acolher esses investimentos.
Jornalista: E em termos de marco regulatório?
Presidente: Não houve nada disso.
Jornalista: Presidente, o senhor esteve aqui há um ano atrás. O que o senhor vai mostrar para o governo chinês? O senhor esteve exatamente há um ano atrás, a economia brasileira passou por várias crises, estamos enfrentando ainda várias dificuldades, o senhor está tentando aprovar reformas. Eu imagino que os investidores vão questionar do senhor como é que está o Brasil que o senhor apresenta hoje em relação ao que o senhor apresentou ano passado.
Presidente: Você sabe que nem precisei. Vou dizer a você. Eu nem precisei mostrar. Vocês sabem que hoje as pessoas têm notícia imediata. E o que me disseram é a crença absoluta no Brasil. O Brasil está começando a crescer depois de vários meses de dificuldades, começando a crescer, eles sabem disso. Vocês sabem que os investidores não investem se não conhecer exatamente o que está acontecendo no país. E foi o que aconteceu no dia de hoje.
Jornalista: Presidente, a reunião com Xi Jinping. Fala um pouco da relação bilateral Brasil-China, qual é a importância dessa visita, o que o senhor espera.
Presidente: Relação fertilíssima. Deixa eu dizer: esta é a quinta vez que eu me encontro com o presidente Xi Jinping. Ele teve a delicadeza institucional de convidar-me para uma visita de Estado antes da reunião do Brics, porque a reunião do Brics se dará em outra cidade. Nós teremos uma reunião com ele, uma reunião com o primeiro-ministro, e tudo com vista a incrementar e incentivar a relação comercial, política e cultural entre o Brasil e a China. Penso que é isso que vai acontecer na reunião.
Jornalista: Obrigada, presidente.
Ouça a íntegra (05min18s) da entrevista do Presidente.