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Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Michel Temer, para a Rádio Jornal de Pernambuco - Brasília/DF

Brasília/DF, 10 de outubro de 2016

 

 

Jornalista:  Nós informamos aos nosso ouvintes que estamos na linha com o presidente da República, Michel Temer, que vai ter uma conversa rápida com a gente agora. Presidente, muito bom dia, tudo bem com o senhor?

 

Presidente: Wagner, tudo bem, graças a Deus.

 

Jornalista: Presidente, nesta semana começa já a movimentação de votação do teto dos gastos públicos. O governo do senhor lançou uma campanha, inclusive, uma campanha publicitária com dados negativos da economia, deixados pela ex-presidente Dilma Rousseff, com o objetivo claro de defender a necessidade e reequilibrar essas contas. Porém, a Agência Lupa, presidente, fez um diagnóstico - é uma agência especializada em checagem de dados no Brasil -, fez um diagnóstico e apontou alguns dados, inclusive como exagerados, falsos, como, por exemplo, o dado que foi apresentado como gasto da educação, o gasto do Ministério da Educação subiu 285% acima  da inflação. É o que diz a peça de campanha do governo. E ele aponta como exagerado esse dado, dizendo que o gasto foi de 215%. Houve aí um exagero, de fato, do governo, em tentar mostrar à população que as contas do governo Dilma, deixadas para o governo do senhor, foram contas muito acima do que se esperava de um governo em crise ou houve, de fato, mais uma falha de comunicação do seu governo, presidente?

 

Presidente: Nem uma coisa nem outra, viu, Wagner? Você sabe que você está indicando um dos pontos entre os… penso que foram 22 pontos ou 23 pontos assinalados como prejuízos ocorridos no passado, não é?

          E, evidentemente, que o tema, a colocação desses temas e essas publicações, e tudo o que nós estamos fazendo nos últimos dias, é com vistas a recuperar o equilíbrio das contas públicas, não é? E nós temos feito isso porque o controle do teto dos gastos é fundamental. Quer dizer, para que nossos ouvintes percebam bem, ninguém pode gastar mais do que arrecada. Até na sua casa, se você, num dado momento, começa a ter prejuízo mensal, gastando mais do que recebe, você vai tentar equacionar as contas. Você vai verificar onde estão os ralos e vai tentar contê-los. E é isso exatamente o que nós estamos fazendo neste momento. Portanto, o fato de ser R$ 215 ou não, o fato é que na educação houve uma queda, você viu o Índice de Desenvolvimento em Ensino, que caiu brutalmente entre 2013 e o atual momento.

          Então, por que se publicou isso? Para mostrar: olha aqui, nós estamos... não é para perseguir governo anterior, que eu tenho horror a isso. É para mostrar, na verdade, para o povo, o Congresso Nacional, a situação em que o Brasil se encontra, do tipo: “olha, minha gente, ou nós recuperamos as coisas agora, sob o foco econômico, ou nós não temos salvação para 2024, por exemplo”. Sabe que, em 2024, as projeções revelam que pode haver, a despesa equivaler a 100% do PIB.

Daí nós temos a falência brasileira, falência do Brasil. E se me permite acrescentar um dado, você sabe que pesquisas revelam que se isso tiver sido feito há quatro, cinco anos atrás, hoje nós teríamos déficit zero. Porque você sabe que nós temos um déficit de R$ 170 bilhões e ainda teremos um déficit de R$ 139 bilhões no ano que vem. Nenhum país suporta isso, não é, Wagner? Daí porque nós temos feito essa divulgação de dados, exata e precisamente para sensibilizar aqueles que querem recuperar o crescimento do país, recuperar o emprego. O nosso objetivo central são os 12 milhões de desempregado.

 

Jornalista: Presidente, bom dia. Eu queria falar de desenvolvimento regional e privatizações em uma mesma pergunta. Vou ver se eu consigo conciliar. No último dia 22, a gente teve aqui, na Sudene, a primeira reunião do órgão sob a sua gestão - não sei se o senhor não teve tempo, não sei se não gostaria de receber cobrança dos governadores do Nordeste - mas o fato é que os governadores não apareceram, o senhor não apareceu. Ao mesmo tempo, a gente teve o lançamento do programa das PPPs, e o Nordeste, pouco ou quase nada, participa de investimentos. Como é que a região vai se desenvolver sem novos investimentos? O senhor podia fazer um comentário a respeito?

 

Presidente: Em primeiro lugar, você sabe que eu já tive no mínimo umas três ou quatro reuniões com governadores do Nordeste. Ainda recentemente - coisa de três, quatro dias atrás -, os senhores governadores, a grande maioria deles, esteve comigo. E esteve comigo, precisamente, contando a situação dramática em que estão os estados brasileiros, especialmente os estados do Nordeste, primeiro ponto. Segundo ponto, nós lançamos de fato esse programa de concessões, de parcerias público-privada, e estamos levando isso adiante. No primeiro momento, foram 34 pontos entre portos, aeroportos, rodovias, óleo e gás, etc. Agora, este é um primeiro passo, nós demos um primeiro passo, nós vamos ter muitos outros passos. E, evidentemente, que vamos levar muito em consideração exatamente essa afirmação que você fez: como colaborar com o Nordeste neste ponto. Eu não tenho dúvida de que isto acontecerá. Porque aqui… você sabe como é, o governo se governa para todo o país e, evidentemente, para o Nordeste. Não tenho dúvida disso. Em pouco tempo você terá notícias de órgãos e empresas aí da região que poderão entrar nesse projeto.

 

Jornalista: Bom dia, presidente, tudo bem com o senhor? Presidente, me diga uma coisa: o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ele foi escalado para defender a PEC 241, em cadeia de rádio e televisão. Na quarta-feira, o senhor delegou à primeira-dama, Marcela Temer, a defesa do programa Criança Feliz. Aí eu pergunto: o senhor está terceirizando a imagem do governo a quem tem popularidade, popularidade alta. E aí eu quero saber qual é a estratégia de Michel Temer para recuperar a confiança do cidadão, presidente?

 

Presidente: Você sabe, Romualdo, eu não estou terceirizando não. Nós estamos aqui conversando, eu estou dando entrevista a muita gente, em primeiro lugar. Em segundo lugar, eu estou acabando com essa história de que quem manda é o presidente. Essa é uma visão centralizadora, autoritária. O governo é uma plêiade de pessoas. Então, o governo tem que dar espaço para todo mundo, especialmente, figuras que possam projetar adequadamente o governo, como aquelas que você acabou de mencionar, primeiro ponto. Segundo ponto, você fala em popularidade; confesso a você, Romualdo, que eu não estou preocupado com isso. Eu tenho dito com muita frequência: se ao final desses dois anos e pouco de governo eu tiver 2% ou 3%  de popularidade, mas os 12 milhões de desempregados estiverem empregados, eu prefiro ganhar o aplauso desses que estavam desempregados do que ter popularidade.

Até conto a você uma coisa, veja que preocupação extraordinária: há pouco tempo atrás eu encontrei um casal que me disse: “olhe, Temer, nós dois estamos desempregados”, o homem e a mulher. E me contaram um fato até emocionante. Você sabe que nos primeiros dias do desemprego dele, ele sentou-se à mesa para tomar um café com as crianças que iam para a escola e elas perguntaram: “mas, papai, você não está trabalhando mais?”. E ele sentiu vergonha. E daí, a partir daquele dia o que ele fazia? Ele levantava mais cedo, botava roupa, saía, como quem fosse trabalhar, esperava os filhos saírem para depois voltar para casa.

Então, quando eu digo: quando o nosso governo volta-se para combater o desemprego, portanto, para dar dignidade à pessoa humana, nós estamos, penso eu, no caminho certo, viu, Romualdo.

 

Jornalista: Presidente, em relação ao programa de privatizações que o governo do senhor fala tanto, há uma prioridade agora em relação à esse programa, presidente?

 

Presidente: Nós vamos, por exemplo, em primeiro lugar vender os ativos da União que são desnecessários. Por exemplo, a área da previdência social tem muitos ativos, casas, prédios, etc, desnecessários, esse é o primeiro ponto. O segundo ponto, aquilo que for possível, porque vamos fazer uma distinção entre a concessão e a privatização, não é? Aquilo que for possível conceder, que é a primeira hipótese dessa parceria público-privada, nós vamos conceder, porque a União, o Estado, o poder público, não pode fazer tudo sozinho, não é? E aquilo que for privatizável, que poderá ser privatizado, estão sendo levantados esses dados, nós também vamos privatizar. Não temos preconceito em relação a isso. O que importa, volto a dizer, é restabelecer o crescimento do país. E, aliás, hoje, ainda há pouco, eu lia no jornal uma declaração dos agentes do FMI, dizendo, o FMI dizendo que a perspectiva muito positiva para 2017 é de volta do crescimento do país.

          E dou mais um dado: você sabe que na história do risco-Brasil, você sabe que nós perdemos a confiança naquelas agências internacionais, não é? Estava em 501 pontos há cinco meses atrás. Agora já caiu para 350. Ou seja, o risco caiu para 350. Quando nós atingirmos o índice de 240, nós voltamos a ter a aprovação dessas empresas que examinam o risco-país, não é?

 

Jornalista: Presidente, para a gente encerrar, rapidinho, a PEC do teto dos gastos públicos conseguiu avançar ontem, na Comissão, mas só que tem um movimento aí, presidente, que é um tanto arriscado, que a base aliada do senhor tentou convocar, ou convocou a votação logo para segunda-feira. O senhor acha que vai ser possível levar os deputados para Brasília para votar na segunda-feira, quando a gente sabe que a tendência é sempre as sessões começarem na terça-feira, presidente?

 

Presidente: Você sabe que, na verdade, nós temos tido um apoio extraordinário do Congresso Nacional. Aliás, uma das primeiras coisas que eu fiz - você sabe que eu passei 24 anos na Câmara dos Deputados -, então, a primeira coisa que fiz foi fazer uma conjugação, uma conexão muito grande do governo, o Executivo, com o Legislativo. E até hoje nós não perdemos nenhum projeto que estava lá parado, no poder Legislativo, aprovamos todos. E, especialmente agora, na questão do teto, nós temos absoluta convicção, absoluta certeza, que vamos também conseguir aprovar. Não porque eu queira, o governo queira. É porque os deputados e senadores, naturalmente, depois, eles têm consciência de que é importante para o país.

          Embora sem embargo de termos um feriado na quarta-feira, não é? Isso é que preocupa, ou preocuparia, nós vamos ter quórum na segunda-feira para votar o primeiro turno do teto dos gastos, se Deus quiser.

 

Jornalista: Presidente, nós agradecemos e deixo o senhor à vontade, se o senhor quiser deixar algum recado para o povo pernambucano.

 

Presidente: Mais um recado de otimismo, que todos em Pernambuco, esse estado que tem velhas tradições, antigas tradições históricas, tem um governo muito adequado, com o governador Paulo Câmara e com o nosso vice-governador, enfim, com todos que dirigem o estado. Desejo muito sucesso a todos. Obrigado.

 

Jornalista: Muito obrigado, presidente.

 

 Ouça a íntegra (11min54s) da entrevista concedida pelo Presidente Michel Temer