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Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Michel Temer, a Geraldo Freire, da Rádio Jornal de Pernambuco

Este conteúdo foi publicado na íntegra somente ao final do período eleitoral em atendimento à legislação que regula o tema (Lei 9.504 /1997, Lei 13.303 / 2016 e Resoluções TSE – Eleições 2018 ). Com o fim das eleições, o material está disponível de forma completa.

 

29 de agosto de 2018

 

 

Jornalista: Eu estava pensando aqui, presidente, o seguinte: depois desse tirinete danado na sua vida, o senhor, daqui a cinco meses, deixa a Presidência da República. E o senhor deixando a Presidência da República, qual vai ser o seu destino? Se manter na política? Vai fazer um livro, contando a história, o que lhe aconteceu nesse período? O que será de Michel Temer daqui a cinco meses? Um abraço para o senhor e muito obrigado.

 

Presidente: Obrigado a você. Um abraço a você também, Geraldo, e a todos os seus milhões de ouvintes aí em Pernambuco e no Brasil. Mas eu quero dizer a você que, aliás faltam quatro meses apenas - viu, Geraldo? -, e logo depois desses quatro meses, evidentemente, você sabe que eu tive uma vida pública e também universitária muito, graças a Deus, muito próspera. Com muitos problemas, é claro, você acompanhou todos os problemas desta Presidência, mas eu já cumpri, penso eu, um papel em vários cargos que ocupei, não só no estado de São Paulo, mas de igual maneira aqui na União Federal.

Então eu penso que está na hora de uma relativa aposentadoria. Digo relativa porque, como você acabou de dizer, eu pretendo sair e, naturalmente, dar meus pareceres, eu sou da área jurídica, se for procurado, naturalmente. Quero escrever alguns livros, já escrevi quatro livros, quero continuar como escritor de livros técnicos e até de romances e quero ter, como terei, muita tranquilidade.

Mas, vou dizer a você, eu não deixarei de acompanhar a vida pública nacional, porque, nesses casos, Geraldo, normalmente quando você é ex-presidente, você é sempre muito procurado e, se for procurado e se puder dar alguma contribuição ao País, como muitas outras que eu dei ao longo do tempo, e até, Geraldo, com toda franqueza, aí a Pernambuco, eu continuarei dando sem dúvida alguma.

 

Jornalista: Agora um livro com os trancos e barrancos desta gestão nós não teremos?

 

Presidente: Ah, teremos. Teremos porque eu vou relatar... Aliás, confesso a você que, como houve muitos equívocos e, com a devida licença, muitas falsidades, não é? Vítima que fui de alguns detratores, que depois foram para a cadeia, alguns que estão no serviço público ficaram desmoralizados, outros que foram condenados por ofensa à minha honra, eu quero contar a verdade de tudo isso.

Aliás, Geraldo, a verdade está aparecendo pouco a pouco. Você percebe que, nesses últimos tempos, vários fatos têm acontecido, reveladores exatamente daquilo que eu disse logo no início. Você se lembra daquela tal gravação? Logo no início, eu disse o que acontecia com um procurador da República, que hoje foi denunciado, agora está denunciado pela própria Procuradoria, com o grampeador lá que depois foi preso, foi preso e agora condenado por ofensa à minha honra. Então eu quero colocar a limpo, você tem aí o Passando a Limpo, eu quero passar a limpo essas coisas todas para que, pelo menos a história recente possa registrar a verdade dos fatos, não é?

 

Jornalista: Os nossos amigos aqui estão tensos para lhe fazer pergunta. Vamos começar com o Wagner Gomes.

 

Jornalista: Bom dia, presidente. Geraldo questiona aqui a respeito sobre o que é que o senhor vai fazer após o seu exercício de presidente da República. E, como… o senhor, como um bom constitucionalista, sabe muito bem que o artigo 86, parágrafo 4º, da Constituição Federal diz que o presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. Nós acompanhamos, nos últimos meses, o esforço que o senhor fez para tentar impedir politicamente que - e conseguiu inclusive -, que o Congresso Nacional autorizasse que o senhor, a Câmara autorizasse que o senhor fosse investigado pelo Supremo Tribunal Federal.

De que forma o senhor pretende encarar esses processos, já que o senhor não pode ser responsabilizado, mas pode ser investigado, como inclusive está sendo investigado atualmente?

 

Presidente: Com toda tranquilidade - viu, Wagner? -, como estou com a tranquilidade que o meu cargo e o meu temperamento exigem. Você sabe que, ao longo do tempo... Aliás, eu vou dizer a você com muita fraqueza, você sabe que eu passei praticamente... aquelas chamadas denúncias foram, na verdade, praticamente dois impeachments, pedidos de impeachment, praticamente, que foram vencidos pelo prestígio que eu tenho no Congresso Nacional, já que presidi a Câmara dos Deputados por três vezes, pelo relacionamento muito profícuo que eu tenho com os parlamentares e, especialmente, pelo reconhecimento que os parlamentares me dedicaram nessas votações, repudiando essas denúncias, me permita dizer, denúncias pífias que foram apresentadas.

Por isso que eu tenho toda tranquilidade. Aliás, aí, no particular em Pernambuco, você sabe que, quero registrar esse fato que penso que seja grandioso para o estado de Pernambuco. O estado de Pernambuco foi um estado que teve quatro ministros no meu governo, e todos fizeram um trabalho excepcional nas várias áreas que ocuparam, realizaram trabalhos formidáveis para o País e seguramente para Pernambuco.

Nosso próprio governador, gentilíssimo, o governador Paulo Câmara, você sabe que não houve momento que eu fosse aí a Pernambuco, na história da transposição, por exemplo, que ele lá não estava comigo; não houve momento em que ele deixasse, digamos assim, pedisse as chamadas Forças Armadas para garantia da Lei da Ordem, que eu imediatamente deferia, o que resultava em agradecimentos que ele me fazia. Aliás, desde o primeiro momento, ele deu esse apoio. Você se lembra do episódio do impeachment, quando os deputados ligados a ele todos votaram pelo impeachment sem que eu fizesse qualquer pedido.

Então eu acho que eu tenho que dizer, tenho que manifestar-me e naturalmente volto a dizer a você: eu não tenho nenhuma preocupação com o futuro. Você tem razão, esse Art. 86 impede qualquer responsabilização ao longo desse período. O que não significa que não haja matéria processual depois que eu sair do comando do País.

 

Jornalista: Agora o que é interessante, o senhor chamou atenção para um detalhe, eu vou até atrapalhar uma pergunta que certamente Igor já ia lhe fazer, mas ele vai lhe fazer em seguida a pergunta dele, porque, se isso acontecia no particular do governador com o senhor, a gente estranha, porque, no público, ele só falta chamar o senhor de arroz-doce. O resto ele chama, aqui… inclusive, ontem passando por aqui, que o senhor tratou mal o estado, o senhor não liberou o dinheiro ideal para o estado, tratou a pão e água. Os defeitos do estado não são nada do governo Paulo Câmara, são do seu governo, são de Michel Temer. Isso não é confirmado?

 

Presidente: Olhe, Geraldo, você sabe que eu já tenho estrada política e concepções conceituais suficientes para compreender o governador. Ele está em um período eleitoral, precisa ter alguém em quem bater e, pelo que você está me dizendo, eu confesso que nem tinha muitas notícias disso, porque eu não acompanho muito o que ele faz e o que ele diz. Mas pelo que eu tenho notícia e pelo que fiz para o estado de Pernambuco, eu vou dizer a você, vou dar alguns dados.

Você sabe que eu assumi o governo com uma história que os governadores pleiteavam da repactuação da dívida dos estados junto à União. Dois meses depois que eu assumi, três meses depois que eu assumi, Geraldo, eu convoquei os governadores e repactuei da seguinte maneira: nos primeiros seis meses, os governadores não pagariam nada à União. Isso deu um respiro extraordinário para todos os estados, particularmente para Pernambuco, e depois, quando se retomou o pagamento, retomou-se na proporção de 5.25 por mês. Este é um dado, que é um dado extremamente positivo para o estado.

Agora, eu não quero cansá-los aí, mas eu tenho uma relação, até confesso que eu tenho uma relação aqui na minha frente do que foi feito por Pernambuco, e são oito páginas cheias do que foi feito por Pernambuco. Só dou um exemplo. Em matéria de habitação, por exemplo, acho que o estado de Pernambuco foi dos mais aquinhoados. Porque nós entregamos 2.900 unidades habitacionais. Entregamos aí cinco navios do estaleiro EAS em Ipojuca.

Enfim, eu não quero cansá-los - viu, Geraldo? -, mas nós fizemos inúmeras coisas em saúde, em educação, na área de segurança pública, no programa Mais Médicos, na Saúde da Família, em todas as áreas houve um trabalho muito intenso, até por uma razão muito pragmática. Quando eu digo, Pernambuco teve quatro ministros, é natural que os ministros direcionassem muito do seu trabalho para Pernambuco. Algumas vezes acompanhei aí o Mendonça, o Bruno Araújo, todos, em inaugurações, em solenidades que consistiam na entrega de obras para Pernambuco. Agora vamos nós dois aqui, eu, você, e todos os que estão nos ouvindo, vamos compreender o governador, não é? O governador está em campanha eleitoral, ele me apoiou durante todo o período, desde a questão do afastamento da senhora ex-presidente, não é? Vamos compreender a posição dele, é natural. Você verá que logo depois da eleição ele se pacifica, não tenho dúvida disso.

 

Jornalista: Igor Maciel.

 

Jornalista: Presidente, eu queria perguntar sobre o Fernando Bezerra Coelho. A gente sabe que o Jucá, Romero Jucá, entregou a liderança do governo no Senado e agora o Fernando Bezerra Coelho é o vice. Ele vai ficar? Ele é o vice-líder, ele vai ficar na liderança, o senhor já decidiu sobre isso, o que é que  vai ser feito?

 

Presidente: Olha, eu já conversei com o senador Fernando Bezerra Coelho, e deliberamos o seguinte: ele continua na primeira vice e responderá pela liderança do governo. Não é uma coisa que me preocupa neste momento, porque você sabe que o Congresso está praticamente em recesso branco. Ele volta a trabalhar para valer depois das eleições. Então eu não tenho preocupação com a liderança do governo agora. O Fernando presta um relevantíssimo trabalho ao governo e, naturalmente, ao País, porque as grandes teses que nós levamos adiante sempre teve a presença assim, pungente, significativa, expressiva do Fernando Bezerra Coelho, ele sempre ajudou muito o País e, no particular, o governo. Continua na primeira vice-liderança e, quando necessário, responderá pela liderança do governo, até que, mais adiante, quando o Congresso sair do recesso branco, eu possa decidir em definitivo.

 

Jornalista: Neste horário o Passando a Limpo está sendo retransmitido também  pela UOL. Fernando Castilho.

 

Jornalista: Presidente, bom dia. Uma questão que o senhor sempre coloca aí é a sua articulação com o Congresso, a sua capacidade de conversar com o Congresso, e isso é muito destacado. Mas esse Congresso lhe faltou em alguns momentos ou pelo menos esse Congresso só lhe foi solidário na medida em que lhe protegeu das duas denúncias. O senhor acha que errou na comunicação, em relação ao seu governo, de conversar apenas com o Congresso, sem conversar com a população? E outra coisa é o seguinte: como teria sido o governo se não houvesse essas denúncias, o senhor faz um papel nisso?

 

Presidente: Duas coisas, se me permite. A primeira delas é que o Congresso me auxiliou muitíssimo, não foi só nas duas denúncias. Olha aqui, nós fizemos o teto dos gastos públicos, uma emenda constitucional, vocês sabem que essa é uma matéria  complicada, porque toda vez que você quer determinar ao governante que ele não gaste, todos aqueles que estão na vida pública o que mais apreciam é poder gastar à vontade. E eu tive um apoio extraordinário. Para você ter ideia, a emenda constitucional do teto dos gastos públicos alcançou, na Câmara e no Senado, o maior número de votos que já se obteve historicamente com uma emenda constitucional. Na Câmara foram 366 votos, esse é o teto dos gastos públicos.

Na modernização trabalhista, na reforma trabalhista, que era algo ansiado há muito tempo, desejado há muito tempo, nós tivemos o apoio do Congresso Nacional e muito diálogo com a sociedade. Você sabe que muitas vezes diz: “ah, eu converso, converso, mas não conversa com a sociedade”. Pois eu vou dizer a vocês: o meu ministro do Trabalho, por minha determinação, percorreu todas as centrais sindicais, as federações de indústrias, de serviços, de comércio, e, no dia que eu mandei o projeto para o Congresso, para vocês terem ideia, houve sete discursos de entidades sindicais e sete discursos de entidades das federações de comércio, indústria e serviços. Então, dialogamos com a sociedade.

Por exemplo, para fazer a reforma do Ensino Médio, que era uma coisa desejada há mais de 20 anos. Quando o Mendonça me trouxe até a hipótese de nós mandarmos um projeto de lei, eu disse: “não, Mendonça, vamos fazer por Medida Provisória, porque essa matéria está sendo debatida há 20 anos”, desde a primeira vez que eu fui presidente da Câmara, em [19]97, já se debatia a necessidade da reforma do Ensino Médio. Fizemos por Medida Provisória, vocês sabem que houve até alguns protestos, mas hoje o Mendonça me indica, há tempos atrás, que 95, 96% da área educacional bate palmas para a reforma do Ensino Médio. Então nós tivemos o apoio, neste particular, do Congresso e da sociedade.

 É verdade, eu ia completar o ciclo reformista, eu estou dizendo aqui de três delas, poderia até acrescentar a recuperação das empresas estatais. Só para vocês terem um dado: o Banco do Brasil, quando eu cheguei aqui ao poder, ela valia x a ação, hoje vale 3 x, aumentou 3 vezes, o que significa um aumento do patrimônio público em 3 vezes, que é patrimônio do Banco do Brasil.

De igual maneira, a Petrobras, o Correio, os Correios só davam prejuízo. Neste primeiro semestre deste ano, pela primeira vez, depois de muito tempo, deu lucro. Então, nós fizemos toda essa recuperação com muito diálogo.

Agora, reconheço, veja bem, nós estávamos para votar a reforma da Previdência. Duas semanas em seguida àquele evento do grampeador, do gravador, estava tudo acertado. O que que fizeram? Fizeram uma trama, montaram uma trama, aqueles privilegiados que não queriam a reforma da Previdência, para poder derrubar a reforma da Previdência. Mas, é interessante, me permita em palavras finais, a reforma da Previdência saiu da pauta legislativa, especialmente em face da Intervenção no Rio de Janeiro, mas não saiu da pauta política. Você vê que todo candidato está sendo obrigado a falar sobre a reforma da Previdência, que de resto é indispensável para o País.

 

Jornalista: Wagner.

 

Jornalista: Presidente, o senhor assinou ontem uma GLO, que é uma Garantia da Lei e da Ordem, para que os militares atuem nas faixas de fronteira Norte e Leste e também nas rodovias federais em Roraima.

É bom lembrar para o nosso ouvinte que a GLO, ela não concede às Forças Armadas poderes civis, como, por exemplo, acontece na Intervenção Federal, como está acontecendo agora Rio de Janeiro. E esse decreto assinado pelo senhor ontem, a princípio, pelo menos, vai ter validade de duas semanas, desde hoje até o dia 12 de setembro.

Há pretensão do governo, presidente, emitir alguma medida mais drástica em relação a esse problema que acontece lá com os venezuelanos ou o senhor acha que esse decreto de ontem será suficiente?

 

Presidente: Olhe, realmente nós editamos a GLO, essa Garantia da Lei e da Ordem, colocando as Forças Armadas aí, nas faixas de fronteira, que alcança, na verdade, Boa Vista e Pacaraima, a faixa de fronteira alcança essas duas cidades, precisamente em face dos últimos acontecimentos, as coisas lá estavam caminhando por um ritmo, digamos, desagradável na relação povo venezuelano e povo brasileiro.

E quando nós botamos essa GLO lá, é para proteger também os cidadãos brasileiros, porque tudo que nós fazemos, Wagner, na verdade, nós fazemos em função também do cidadão brasileiro. Você veja, nós mandamos mais de R$ 200 milhões para lá, para saúde, alimentação, foram 80 toneladas de alimentos, enfim, estamos dando todo o apoio para os venezuelanos, mas com vistas a proteger os serviços estaduais que são prestados aos brasileiros. E você disse bem, nós editamos um decreto por um breve período, 15, 16 dias, para verificar qual é a consequência disso, se as coisas melhoram, não é?

Agora, ontem também, isto eu quero acrescentar, eu fiz um discurso, um pronunciamento, digamos assim, um pouco mais duro em relação à Venezuela, porque é inadmissível o que está acontecendo lá, eu até disse: “isso está colocando em desarmonia o próprio continente Sul-Americano”. Eu tenho falado com o presidente do Peru, presidente da Colômbia, presidente do Equador, e eles têm milhares de refugiados também lá. Eu disse: “é preciso modificar aquele clima da Venezuela”.

Para você ter uma ideia, há tempos atrás, nós, mais de um ano, um ano e meio, mais ou menos, nós propusemos ajuda humanitária, alimentos, remédios, o governo recusou. E o governo recusa lá, e os venezuelanos vêm para cá. Claro que a nossa política é de acolher aqueles que entrem no País, não só a nossa política, como os tratados internacionais. Mas o ideal para nós é que eles recebessem lá a nossa ajuda humanitária e que lá pudessem permanecer. Então, por isso que eu acabei decretando essa medida. E espero... Além do quê, me permita dizer, nós estamos aumentando muito a chamada interiorização, ou seja, tirar o pessoal que chega lá para ir para outros estados.

Outra providência que talvez venha a ser tomada, ontem pelo menos foi objeto de conversações, é que entram 700, 800 por dia, isso está criando problemas até para a vacinação, para a organização. Eles pensam em, quem sabe, colocar senhas, de maneira que entrem 100, 150, ou, não sei, 200 por dia e cada dia entra um determinado número, para organizar um pouco mais essas entradas. Essas são mais ou menos medidas que foram e estão sendo tomadas.

 

Jornalista: Só um pouquinho mais, na questão do nosso problema aqui. Dessas 80 páginas que o senhor falou de liberação, 8 páginas, tem alguma coisa da água? Porque o senhor está sendo culpado pelas autoridades do estado aqui de o nosso eixo aqui não estar sendo construído, a obra está praticamente parada, porque o senhor não liberou o dinheiro. Esse dinheiro de água veio, parece que…

 

Jornalista:Veja aí, presidente, nessas páginas se tem alguma coisa sobre a Adutora do Agreste, por exemplo.

 

Presidente: Vou dizer a vocês, um destaque é para 348 projetos que abrangem 164 municípios pernambucanos, um dos destaques é a Adutora do Agreste, a etapa 1 e 2, que são 572 quilômetros, que nós estamos executando, vamos continuar executando até o final 2018. Mas em termos de água, eu quero que peçam aí o testemunho do governador, que me acompanhou nos vários instantes em que eu fui aí à transposição. Você sabe que a transposição das águas do rio São Francisco já data de muito tempo. Mas, na verdade, quando cheguei ao governo, Geraldo e todos os amigos, ela estava parada porque não se pagavam aqueles que executavam a obra. Nós retomamos, aplicamos mais de 2 bilhões e 100 milhões de reais nessa obra, inauguramos o Eixo Leste, que leva água para Paraíba e parte de Pernambuco. E agora eu acionei a última chave que leva água para Ceará e para outras partes de Pernambuco. De modo que nós estamos preocupados com isso, houve um acidente lá, vocês sabem, nesta questão do Eixo Norte, está sendo recuperado. Eu até apreciaria muito que até o fim do meu governo, embora seja pouco tempo, que eu pudesse inaugurar em definitivo o Eixo Norte, mas se não for inaugurado nesses quatro meses, vai ser daqui sete, oito ou nove meses, portanto concluindo as obras da transposição. E vocês sabem que isso é água, água em abundância.

 

Jornalista: Presidente, o PMDB lançou um candidato, o ex-ministro da sua pasta da Fazenda, Henrique Meirelles, e eu teria uma pergunta bem simples: quem é que vai defender o seu legado? O senhor citou várias obras, várias ações que o senhor fez no governo, mas ninguém quer defender esse legado. O senhor acha que o Meirelles, como candidato do PMDB, vai ser o defensor do seu legado, do que o senhor deixou, o que o senhor julga ter deixado para o País?

 

Jornalista: Só para somar, presidente, porque o que se diz é o seguinte: é que Meirelles está disposto a usar muito mais o tempo que ele passou como presidente do Banco Central de Lula do que como pivô, ministro da Fazenda, o homem que praticamente mandou no seu governo.

 

Presidente: Olhe, você sabe que eu diria que é inevitável, nem respondo se ele vai ou não vai, eu digo que é inevitável. Ele foi escolhido por mim como ministro da Fazenda e, como o meu beneplácito - a cada nome trazido, eu aprovava, não é? -, ele foi, montou uma grande equipe econômica, e uma grande equipe econômica que, convenhamos, reduziu a inflação, vamos dizer a todos, é bom repetir, de 10.28 para 3, 3 e pouco por cento, reduziu os juros de 14.25, a taxa Selic, para 6,5%. Então, será inevitável, ele não tem como dizer que não participou do meu governo. Aliás, ele tem dito, embora se exiba bastante com a história que foi presidente do Banco Central no tempo do Lula, e é verdade, fez um belíssimo trabalho, e agora também ele coloca que foi ministro da Fazenda. Alguns dizem: “ah, mas ele botou a fotografia do Lula e não botou a sua fotografia”, são detalhes que, digamos assim, que não incomodam, porque ele necessariamente vai ter que fazer isso.

Mas, eu digo uma coisa a mais, recentemente o Paulo Guedes, o senhor Paulo Guedes, que é, digamos assim, o orientador econômico da campanha do Bolsonaro, disse que vai continuar fazendo o que estou fazendo, ou seja, inevitável que se continue.

Ainda ontem o candidato Amoêdo, que está até com 4% na pesquisa, ele disse que vai continuar fazendo o que eu estou fazendo. Então está confirmando uma palavra que eu tenho dito nos vários encontros que eu tenho, congressos, aberturas de conclaves etc., eu tenho dito: “olhe, vocês não se preocupem, mantenham o otimismo, porque as reformas continuarão”, ninguém vai conseguir impedir a continuação daquilo que nós muito adequadamente começamos durante o meu governo.

Então, por mais que as pessoas queiram dizer - viu, Geraldo? -, “eu não tenho nada a ver com isso etc.”. mas, quando você vai falar, ele tem que dizer: “olhe, eu vou continuar o que está sendo feito”. Por exemplo, Previdência, por exemplo, simplificação tributária, que eram os dois últimos temas que eu usaria para decretar o meu governo como um governo definitivamente reformista, eles vão continuar, não tem como abandonar isso.

 

Jornalista: Presidente, já está todo mundo aqui doido por essas oito páginas. O senhor poderia remetê-las para a gente?  

 

Presidente: Posso te mandar.

 

Jornalista: A gente recebe elas ainda hoje?

 

Presidente: Ainda hoje… um minutinho... dá para mandar ainda hoje? Dá ainda hoje.

 

Jornalista: Tenho uma pergunta mais, aqui, por gentileza (incompreensível).

 

Jornalista:Uma pergunta política, seguindo essa linha, presidente. Nós tivemos aqui, como o Geraldo já falou, um debate entre os candidatos a governador do estado, inclusive o candidato à reeleição Paulo Câmara, e o que vimos aqui foi o que acontece em várias partes do País, acredito que em todas as unidades da Federação: candidato tentando fugir da pecha do governo Temer. E aqui pelo menos em Pernambuco uma briga: todo mundo querendo ser filho de Lula. Mas, dentre os candidatos à Presidência da República, com esse movimento também, todo mundo querendo fugir do governo Temer, o senhor tem ficado chateado? E o senhor já tem um candidato seu do seu coração para dizer: esse é meu candidato, eu vou votar nele?

 

Jornalista: É nele que eu voto.  

 

Presidente: Primeiro, eu não fico chateado. Você sabe que eu acabei de dizer, no início da nossa conversa aqui, que eu compreendo essas, vamos chamar assim, certas fraquezas humanas, a pessoa… Aliás, uma coisa que nós poderíamos trabalhar era mudar um pouco essa cultura política do País, porque, é interessante, se você perguntar para a pessoa, “ah, mas você acha que a reforma da Previdência é importante?”. Responde: “sim”. “Você acha que a reforma trabalhista é importante?” A pessoa responde: “sim”. “Você acha que o teto dos gastos públicos é importante?” “Sim.” “A reforma do Ensino Médio é importante?” “Sim.”

Então, não tem como fugir do que nós fizemos. Agora, como houve muita campanha contra mim, especialmente sob o foco moral, e essa gente toda já foi derrotada e será derrotada ainda, aqueles que tentaram agredir-me imoralmente, as pessoas ficam um pouco assustadas, não é? Então, nós temos que ter, digamos assim, se me permite a ousadia, dizer que ficar um pouco acima dos acontecimentos. Você não pode se envolver com esses acontecimentos menores, desde que você tenha a sua consciência tranquila e saiba o que você fez no passado e o que você fez no presente. Então, não tenho nenhum incômodo com isso, nenhum problema em relação a isso.

Quanto à candidatura, você sabe que o PMDB, o meu partido é o PMDB, não sou Meirelles, o Meirelles é o candidato que tem, eu não quero dizer que eu vou fazer a campanha, porque eu sou o presidente da República, e até teria impedimentos legais, mas ele é naturalmente o candidato.

 

Jornalista: O senhor vota nele?

 

Presidente: Perdão?

 

Jornalista: O senhor vota nele?

 

Presidente: Sim, claro.

 

Jornalista: Quer ele queira ou não?

 

Presidente: Bom, se ele fizer uma declaração de que ele não quer. Daí eu consulto vocês para saber se eu voto ou não voto.

 

Jornalista: Muito obrigado. A gente está esperando as oito páginas aqui, porque elas vão repercutir muito aqui na nossa programação.

 

Presidente: Abraço.

 

Jornalista: Muito obrigado.  

 

 

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