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Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Michel Temer, à Rádio BandNews do Espírito Santo - Brasília/DF

Brasília/DF, 28 de março de 2018

 

Jornalista: Bom dia, presidente, tudo bem?

 

Presidente: Bom dia, Antonio Carlos Leite, é um prazer estar com vocês aí.

 

Jornalista: Presidente, o nosso primeiro assunto aqui é realmente o aeroporto, é uma obra que se arrastou durante tantos anos, por muito tempo, queria perguntar para o senhor o seguinte, além da importância do aeroporto, obviamente: por que que é tão difícil uma obra pública ficar pronta, presidente, por que ela acaba se arrastando tanto? Isso nos muitos níveis da administração. Esse nosso aeroporto tem mais de 10 anos que a gente está esperando por ele. O senhor vai inaugurar aqui, mas ele veio, eu me lembro que desde a época do Lula, ele está sendo anunciado, e agora, finalmente, vai ser inaugurado pelo senhor amanhã.

 

Presidente: Você sabe, Antonio Carlos, que, na verdade, ao longo do tempo eu percebi exatamente isso. Tanto do tempo que eu era deputado, como quando fui vice-presidente. E quando eu entrei aqui, você sabe que eu estou aqui há um ano e 11 meses, uma das primeiras providências que nós tomamos foi verificar quais as obras inacabadas. Tanto obras pequenas como obras grandiosas. O aeroporto, por exemplo, é uma obra grandiosa. E nós resolvemos levar adiante para acabar exatamente com essa preocupação, porque às vezes as obras começam e levam 10, aliás, lá, no aeroporto, levou mais de 10 anos, viu, Antonio Carlos, tem mais tempo ainda, e nós estamos concluindo e concluindo outras tantas obras no País. Se você quiser um brevíssimo exemplo, a transposição do rio São Francisco, por exemplo, estava paralisada, nós botamos dinheiro lá, já inauguramos o Eixo Leste, que alimenta Pernambuco e Paraíba, e agora, logo mais, vamos inaugurar o Eixo Norte, que alimenta mais uma parte de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Então, você tem toda razão. Não pode demorar tanto tempo, e por isso que nós tomamos a providência de tornar ágio, de apressar a inauguração do aeroporto, que é uma coisa desejada pelo povo capixaba há muito tempo.

 

Jornalista: Agora, presidente, tem uns assuntos nacionais que a gente gostaria de tratar aqui, alguns bastante urgentes, como aquele que aconteceu ontem à noite, como você sabe, dois ônibus da caravana do ex-presidente Lula foram atingidos por três tiros lá no Paraná. As reações foram diferentes, não é, alguns adversários do petista chegaram até, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a falar que o ex-presidente está colhendo o que ele plantou. Qual a opinião do senhor a respeito desse episódio, lá no Paraná?

 

Presidente: É uma pena que tenha acontecido isso, viu? Você sabe que nós estamos no País, ficamos com essa coisa um pouco raivosa, não é, entre as pessoas. Isso não é útil. Você sabe que desde o momento que eu assumi a Presidência, eu até pregava a ideia de que nós precisávamos reunificar os brasileiros. Se você tem eleições, muito bem, você vai disputar as eleições, os projetos dos vários candidatos e, evidentemente, estou mais convencido do que nunca, estou falando com o Leite ainda, não é? Então, Leite, estou convencido mais do que nunca, que, na verdade, o povo brasileiro, o eleitorado, vai acabar votando em projetos, não vai exatamente votar em pessoas. E é uma pena que tenha acontecido isso, porque vai criando um clima de instabilidade no País, de falta de pacificação, que é indispensável no presente momento. Eu prego isso a todo momento e lamento muito que tenha acontecido. Agora, devo dizer também que na verdade essa onda de violência não foi pregada, talvez, por aqueles que tomaram essa providência. Talvez tenha sido que tenha começado lá atrás. E a história de uns contra outros realmente cria essa dificuldade que gera atritos dessa natureza. É uma pena que tenha acontecido. Que minha palavra seja uma palavra de pacificação durante o período eleitoral. Vamos ter paciência. Vamos discutir projetos. Os candidatos todos podem se apresentar, podem fazer críticas, naturalmente, mas críticas verbais, não críticas físicas.

 

Jornalista: Nós estamos conversando com o presidente da República, Michel Temer. Bom dia, presidente, tudo bem?

 

Presidente: Bom dia, Letícia.

 

Jornalista: Presidente, dentro dessa sensação, desse clima meio pesado, ontem a ministra-presidente do STF, Cármen Lúcia, autorizou o reforço na escolta do ministro Edson Fachin. E a corte vive um momento de pressão na véspera do julgamento do ex-presidente Lula. Qual a sua avaliação sobre esse clima, Presidente? Véspera do dia 4, onde o Supremo volta a analisar o habeas corpus?

 

Presidente: Um clima muito ruim, não é, Letícia? Isto tudo, você vê, acaba repercutindo no próprio Supremo Tribunal Federal. Ainda ontem eu falava com o nosso ministro da Segurança, o Raul Jungmann, e está, ele está naturalmente preocupado com o dia 4, não é? Que é o dia do julgamento da matéria relativa ao ex-presidente Lula. E claro que aqui estamos todos tomando todas as providências para que não haja conflito. Mas é preocupante e veja que isso alcança até o Supremo Tribunal Federal, o próprio Supremo e os membros do Supremo ficam aflitos com isso. Você viu que um deles até, ou alguns deles, me parece, disseram que estavam sendo ameaçados.Isso não pode acontecer no País.

 

Jornalista: Presidente, nós estamos aqui ao lado do Rio de Janeiro e nos interessa muito a situação da violência no Rio, nós tivemos ontem uma grande operação no Rio e nós completamos um ano, desculpe, um mês da intervenção lá. E eu gostaria que o senhor fizesse um balanço a respeito dessa atuação das Forças Armadas no Rio.

 

Presidente: Primeiro lugar, não é, Leite, não é exatamente a atuação das Forças Armadas. Eu decretei lá uma intervenção civil. Intervenção prevista no texto constitucional, em primeiro lugar.  Em segundo lugar, ela tem, o você disse, um mês. E essas coisas, imagina o Rio de Janeiro está nessa situação há 20 anos, nós em vários momentos colocamos lá as Forças Armadas a pedido do governador, aquela chamada Garantia da Lei e da Ordem. Que aliás uma ocasião foi solicitada aí pelo nosso governador  do Espírito Santo, para por um pouco de ordem nas coisas. Mas o fato de termos lá as Forças Armadas sem um poder de administração, ou seja, sem a União Federal estar administrando a  Segurança Pública, não dava resultados eficientes.

Daí porque nós decretamos, e devo dizer a você, decretamos em comum acordo com o governador Luiz Fernando Pezão. Entramos em uma parte, na Segurança Pública e no Sistema Penitenciário.

Agora, ninguém vai imaginar que basta decretar a intervenção que está solucionado o problema de segurança. Ao contrário, o que está havendo, e é verdade, está havendo uma certa reação do banditismo, das organizações criminosas.

Mas o fato é que já começou a produzir resultados. A apreensão de cargas roubadas, a apreensão de droga. Só em uma apreensão lá no Porto, eles apreenderam uma tonelada e meia quase de cocaína. Ou seja, está dando resultado. Agora, não vamos ter ilusão de que em um ou dois meses está tudo resolvido. Isto pode levar vários meses e quantos meses sejam necessários.

Você veja, eu decretei a intervenção até 31 de dezembro deste ano, portanto durante todo meu período governamental, e a primeira informação que eu tenho,baseado em pesquisa, é que mais de 75% da população do Rio aprova a intervenção e aplaude a intervenção e se sente confortável com as forças federais que estão lá: as Forças Armadas, a Força Nacional, a Polícia Federal, que trabalham, veja bem, em conjunto com a Polícia Militar e com a Polícia Civil. Ou seja, todo o aparelho de segurança do Rio de Janeiro foi substancialmente reforçado. Nós temos certeza que isso vai acabar dando certo.

 

Jornalista: Ok, estamos conversando aqui com o presidente da República, Michel Temer, que vai estar aqui no estado amanhã, aqui em Vitória, para a inauguração do novo aeroporto aqui da cidade. Presidente, falar um pouquinho de política. Ontem, nós tivemos a confirmação da ida do Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles para o MDB e fala-se muito da formação de uma chapa puro-sangue do senhor como candidato a presidente, candidato à reeleição, e ele como candidato a vice, é isso que está se desenhando mesmo, Presidente?

 

Presidente: Temos que dá tempo ao tempo, não é, Leite? Você sabe que em política um dia é muito, imagine vários dias? Primeiro ponto, não é verdade? Segundo ponto, é que o Meirelles, ministro Meirelles, pode ocupar qualquer cargo no País. Ele está habilitadíssimo para ocupar qualquer cargo no País. É claro que nós temos uma boa interlocução, eu e o Meirelles trabalhamos muito juntos ao longo desse período todo. Você veja o que aconteceu na economia brasileira, assim como o que aconteceu em outras áreas da administração pública. Então, ele está muito conectado comigo, muito junto a mim nessa questão política. Agora, o que vai acontecer, isso só o futuro vai dizer, viu, Leite.

 

Jornalista: A gente tem também dentro dessa questão de política, Presidente, dois possíveis candidatos ao Palácio do Planalto que são aliados do governo, não é? A pergunta que fica é: quem que vai defender essas conquistas e como que fica a reforma da Previdência? Vai ficar para o próximo governo?

 

Presidente:  Olhe, Letícia, o que acontece é o seguinte: uma das razões pelas quais, em dado momento, eu dei uma entrevista dizendo: “olha, não é improvável que eu possa vir a ser candidato”. Porque de fato o governo precisa ter um candidato, primeiro ponto, e ter um candidato que defenda as grandes realizações do governo. Você veja, de vez em quando, Letícia, viu, Leite, de vez em quando eu digo o seguinte: “olhe, aqui o candidato da oposição vai ter uma dificuldade extraordinária. Quem se opuser a nós”.  Pelo seguinte, porque ele vai ter que dizer, vou dar alguns exemplos: “olha, eu contra o teto dos gastos públicos, eu quero gastar à vontade. Não quero saber de nenhuma espécie de restrição aos meus gastos”, primeiro ponto. Segundo ponto, “eu sou contra a reforma do ensino médio, porque eu quero aquele ensino anacrônico, superado”, que há mais de 20 anos era desejado essa reforma e não saía. “Eu quero destruir a modernização trabalhista, eu não quero essa criação de 1 milhão e 500 mil postos de trabalho”, mais de 480 mil carteiras assinadas que se deu nesses quatro meses. “Eu sou contra essa inflação ridícula de 2.8, eu quero aquela inflação de 10.28”. “Eu sou contra os juros de 6,5%, eu quero a taxa Selic de 14,75”. Então, estou dando alguns exemplos para dizer que eu preciso de alguém também, ou eu próprio, não sei, aí não sei dizer, o futuro vai dizer, que possa dizer essas coisas que estou dizendo, que são coisas mais do que naturais. Então, daí porque nós temos dito: olhe, o governo precisa ter um candidato, primeiro ponto. E segundo ponto, o governo precisa ser defendido. Defendido no sentido de propagar aquilo que o governo fez em favor do candidato do governo.

 

Jornalista: E sobre a reforma da Previdência?

 

Presidente: E a reforma da Previdência, sem dúvida, você sabe que eu tive que paralisá-la em face, porque a administração também, viu, Leite, ela é uma pauta de valores administrativos. Quando surgiu a questão do Rio de Janeiro, e também, convenhamos, o problema da segurança pública em todo o País. Eu avaliei essas duas pautas. Deixo lá no Rio de Janeiro como está, de alguma maneira ela se reflete quando as coisas se desandam no Rio de Janeiro, elas servem de mau exemplo para o País, porque desandam o País. Ou eu prefiro a intervenção. E se for a intervenção, a consequência será a paralisação da tramitação de uma emenda constitucional. Previdência vem por meio de uma emenda constitucional. Entre esses dois valores, eu entendi  que o valor maior era a questão da segurança. Tanto que cuidei da intervenção, de um lado, e, veja bem, mas ao mesmo tempo criamos o Ministério Extraordinária da Segurança Pública para coordenar e integrar a segurança pública em todo o País. Então entre esses dois valores eu optei por isso.

            Ora bem, e ademais disso, eu devo dizer que, como fizeram muita campanha, campanha falsa, em relação à Previdência, percebeu-se que neste ano, por ser um ano eleitoral, não seria muito fácil conseguir fazer tramitar a reforma da Previdência.

Agora, eu coloquei a pauta, na pauta política do País, a reforma da Previdência. Ela pode ter saído da pauta legislativa, mas não saiu da política, esteja certo, Leite, viu, Letícia, e não haverá ninguém, nenhum candidato a governador, a presidente da República, a senador que não tenha que vir a público e dizer: eu sou contra ou a favor de uma reforma da Previdência.

Então, se não for feita neste ano, será feita no ano que vem, induvidosamente. Eu não tenho dúvida disso.

 

Jornalista: Presidente Michel Temer, que amanhã estará aqui em Vitória inaugurando o aeroporto, iniciamos essa entrevista com o senhor falando sobre esse assunto, inaugurando o novo aeroporto de Vitória. Para a gente encerrar esse bate-papo, gostaria que o senhor também falasse um pouco a respeito dessa obra aqui para a população.

Jornalista: E dessa visita, eu acho que é a primeira visita que o senhor faz oficialmente aqui ao estado. O senhor esteve aqui, se não me engano, com o governador há um tempo atrás, mas oficialmente a primeira visita que o senhor faz como presidente aqui no estado, não é isso?

 

Presidente: É eu tive apenas a satisfação de almoçar um dia com o governador, há tempos atrás, mas eu e ele apenas, foi uma visita mais pessoal. Realmente é a primeira visita que eu faço, com muito prazer, aí ao Espírito Santo, inaugurando uma obra importantíssima. Essa obra vai ter uma significação muito grande, porque é um terminal muito moderno.

Você sabe que ele tem muitas inovações, só dou exemplo aqui, ele vai ter o núcleo de operações de transporte aéreo que funcionará de forma integrada inclusive com as forças de segurança.

Eu devo dizer a vocês que o governo federal investiu cerca de mais de 500, quase 600 milhões no aeroporto de Vitória. E amanhã nós teremos a satisfação de inaugurá-lo e cumprimentar o povo e os seus ouvintes e todos aqueles que prestigiam o Brasil.

Muito obrigado a vocês.

Jornalista: Nós que agradecemos ao presidente Michel Temer que tirou um tempinho lá, ele está com a agenda toda apertada, para nos dá essa entrevista e falando aqui a respeito da vinda dele amanhã para inaugurar o aeroporto de Vitória. Muito obrigada. Bom dia, Presidente!

Presidente: Bom dia e um abraço.

 Ouça a íntegra da entrevista (13min51s) do Presidente.

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