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Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Michel Temer, para a Rádio Jornal de Recife/PE - Brasíla/DF

Brasília/DF, 02 de fevereiro de 2018.

 

Jornalista: Vamos conversar com o Presidente Michel Temer. Presidente, onde é o que o senhor está neste momento?

 

Presidente: Geraldo, primeiro bom dia a você, bom dia a todos os seus ouvintes. É um prazer estar novamente em seu programa. Estou saindo para Pernambuco, Geraldo, para a cerimônia de inauguração da Segunda Estação de bombeamento do Eixo Norte, do projeto de integração do Rio São Francisco. Aliás, depois que terminarmos, estou embarcando e chegarei a tempo aí para esta cerimônia que acabei de mencionar a você. E como você sabe é importantíssimo aí para Pernambuco e todo o Nordeste.

 

Jornalista: Presidente, o seu ritmo de trabalho é muito intenso. O senhor trabalha quantas horas por dia mais ou menos?

 

Presidente: Geraldo, eu acho que eu trabalho, não vou exagerar não, umas 17, 18 horas eu trabalho. Mas você sabe que isso me faz bem, Geraldo? Isso não me faz mal não. Acho que no dia que fico trabalhando 5, 6 horas, não tem o que fazer, começa a me dar alguma dor de cabeça, uma gripe. Eu acho que faz bem para gente estar, digamos assim, com o corpo e a mente permanentemente ocupados.

 

Jornalista: O senhor prefere começar cedo ou terminar tarde?

 

Presidente: Prefiro começar cedo. Você sabe que é interessante cada um ter seu ritmo de vida, não é? Os seus ouvintes aí vão entender isso. Eu funciono melhor, muito melhor de manhã e de igual maneira a tarde. Quando chega naquela décima sexta hora, décima sétima hora, eu de fato já não estou tão preparado. Prefiro de manhã, prefiro durante o dia.

 

Jornalista: Ultimamente tem sido recomendado pelos médicos para botar o pé um pouco no freio e o que que o senhor diz a eles?

 

Presidente: Aí não dá. Eles recomendam, mas é o único ponto que eu acho que sou desobediente, viu? Porque você sabe que cuidar do País acho que ajuda a saúde. Então eu realmente, eu fiz aquelas operações que você acompanhou, graças à Deus, tudo bem, tudo em ordem. Muita animação, muita vitalidade e eu não paro não. Eu acho que isso não me prejudica, não me prejudica.

 

Jornalista: Presidente, o senhor com tanta coisa para fazer, tem hoje essa inauguração que é coisa muito pouca, na transposição do São Francisco. E veja que nós já tivemos no tempo de Lula, acho que foi lá umas 10 vezes, Dilma deve ter ido umas 8, o senhor me parece que vai agora lá pela terceira vez. O resultado dessa transposição para Pernambuco, por exemplo, tem andado muito pouco, a água só está saindo daqui. Quando é o senhor vai garantir, dizer: Bom, agora sim, o eixo de Pernambuco está funcionando e vai sair a adutora do Agreste?

 

Presidente: Olhe, você sabe que o Eixo Leste, por exemplo, o Eixo Leste, que já foi inaugurado em definitivo, foi um momento até emocionante lá na Paraíba, Geraldo, quando nós acionamos em definitivo a entrada da água lá no rio da Paraíba. E aquilo foi, era um filete de água, que transformou-se quase em um rio caldaloso. De igual maneira, está acontecendo aí em Pernambuco. Nós já estivemos, segunda vez, na verdade, que eu vou aí para esse efeito. E em uma primeira vez foi para também o bombeamento da primeiro estação. Agora nós estamos indo para a segunda estação, e logo logo nós inauguramos em definitivo.

Agora tudo isso, viu Geraldo, é fruto do que nós aumentamos de repasse para adutoras. Posso dizer a você que nós aumentamos, pelo menos, em 40% os valores para a adutora. Por isso, acho que muito proximamente nós estaremos inaugurando em definitivo.

Portanto, não só alimentando de água em Pernambuco, como ao longo do tempo isso vai parar no Ceará, tanto alcançando quase todo o nordeste.

 

Jornalista: Aqui se reclama muito de repasse, de falta de dinheiro, do governo federal, para esse trecho de Pernambuco. Essa reclamação faz sentido ou é coisa de quem quer brigar com o presidente?

 

Presidente: Eu acho que é coisa de quem quer brigar com o presidente. Porque, na verdade, o nosso ministro Helder Barbalho a todo momento está comigo para obter verbas para esta, para a transposição em geral.

E de fora a parte a transposição, o que nós temos feito para os mais carentes aí de Pernambuco. Se o senhor me permite dar um exemplo, nós no atendimento do Bolsa Família, por exemplo, passou de 1 milhão e 96 pessoas, famílias, para 1 milhão e 154 mil pessoas. Portanto, aumentando muito essa assistência.

Agora também dizer a você, aproveitar para dizer, viu Geraldo, que o nosso ideal não é manter as pessoas indefinidamente no Bolsa Família. Nós lançamos um programa chamado Progredir, que visa exatamente é que os filhos dos bolsistas possam ser contratados por supermercados, bancos, enfim, as mais variadas atividades para que um dia, daqui a algum tempo, seja perfeitamente possível, eliminar este Bolsa Família.

E só para dar mais um caso a você: você veja, em 2015 foram repassados R$ 94 milhões, alcançando a adutora do agreste, alcançando 25 cidades. Agora em 2017, nós passamos R$ 194 milhões e, em 2016, R$ 136 milhões. Portanto, não está faltando dinheiro não. Logo logo nós inauguramos em definitivo, como disse a você, o Eixo Norte.

 

Jornalista: Presidente, entrando na questão das reformas, o seu assunto preferido. O senhor já sente o efeito das reformas que o senhor conseguiu fazer até agora, ou se não sair a reforma da Previdência, elimina todo o seu esforço até o presente momento?

 

Presidente: Olha, você sabe que na verdade, as reformas já causaram efeito. Basta verificar que neste ano que passou, depois de 3 anos negativos, houve um aumento da indústria, por exemplo, em 2,5% e agora em dezembro o aumento foi de 2,8%. A indicar, portanto, aos nossos ouvintes, a todos, que este ano a previsão é de um aumento cada vez maior. Não preciso dizer a você o que tem acontecido no setor de grãos. Foram 242 milhões de toneladas de grãos. Este ano, Blairo Maggi, que é nosso ministro da Agricultura, já me disse que nós vamos bater um novo recorde.

A produção de veículos aumentando sensivelmente. Portanto, as reformas já deram certo. Agora é preciso, digamos assim, Geraldo, um certo fechamento destas reformas, com a reforma da Previdência. Digamos assim, não é para o meu governo. Você sabe que eu tenho mais 1 ano, 11 meses de governo, não é? E eu aguento a Previdência. Houve um déficit de R$ 268 bilhões neste ano que passou, a tendência é aumentar este déficit, esta dívida previdenciária neste ano, mas meu governo aguenta. O que não vai aguentar são os próximos anos. Ou seja, quando nós queremos fazer a reforma da Previdência, para este fecho que eu estou dizendo, nós estamos pensando no aposentado, naquele que vai se aposentar, no servidor público, para não acontecer, Geraldo, o que está acontecendo em muitos estados brasileiros.

 Você acompanha isso, você sabe que muitos estados não há pagamento de aposentados, pagamentos de servidores públicos, há atrasos mais variados e o que aconteceu em vários países. Você sabe que há países aí que tiveram que cortar de 20 a 30% das pensões, das aposentadorias, dos vencimentos dos servidores públicos. O que nós estamos fazendo é exatamente evitar que isto venha a acontecer em pouquíssimo tempo. Por isso que nós insistimos nisso. Mas volto a dizer a você, as reformas já deram o melhor resultado.

Convenhamos, Geraldo, a Bolsa que tinha um pico, a Bolsa de Valores que tinha um pico de 65 mil pontos, está batendo em 85 mil, 86 mil pontos. O que significa confiança e credibilidade no País.

 

Jornalista: Presidente Michel Temer, o que que falta a deputada Cristiane Brasil fazer, para o senhor dizer: Desisti da senhora para o Ministério do Trabalho?

 

Presidente: Olhe, eu estou esperando a decisão do Judiciário. Você sabe que eu sou muito atento às separações de funções estatais, não é? E sempre, veja que eu no Executivo não invado competência de outro poder, ao contrário. O que fiz e faço é fazer com que o Legislativo, por exemplo, governe junto com o Executivo, quase uma espécie de semi-presidencialismo. Então, eu estou muito obediente às decisões judiciais. Agora, também sou obediente às competências que a Constituição conferiu ao presidente da República. Eu, presidente, a Constituição conferiu a competência privativa, Geraldo, de nomear ministros de Estado. E como a Constituição não tem palavras inúteis, quando ela diz privativas significa que priva outrem da prática daquele ato.

            Então o que estou fazendo? Estou esperando a decisão final do judiciário, e serei obediente a ele. Mas confio que lá no Supremo Tribunal Federal, a nossa presidente é uma eminente constitucionalista, eu tenho que ainda haverá, digamos assim, obediência a esta competência que acabei de mencionar a você.

 

Jornalista: O senhor está prestes a perder diversos ministros por conta da eleição que vem aí, alguns até bons. Aí, eu pergunto: o senhor vai fazer opção por um ministério mais técnico, a partir daí?

 

Presidente: Eu farei a opção por um ministério técnico. Agora deixa eu dizer uma coisa você: o ministério que eu escolhi, você sabe que deu o melhor resultado, veja o que aconteceu na área econômica, veja o que aconteceu na área da Educação, veja o que aconteceu na área de Cidades, veja o que acontece na área de Minias Energia, até jovens e ministros que saíram da classe política, mas deram um resultado extraordinário.

Porque de vez em quando, viu Geraldo, fala-se apenas na questão da economia. Mas além da economia outras tantos setores, como estes que eu indiquei, como o Meio Ambiente. Aliás, vou contar a você, eu ouvia do ministro Sarney Filho o que foi feito no Meio Ambiente, uma coisa extraordinária. O desmatamento caiu de 16 a 18%, nós ampliamos as Chapadas do Veadeiros, e a reserva biológica lá do Rio de Janeiro, mais de 400%, e aí por diante. Ou seja, o ministério foi muito bem escolhido e produziu bons resultados.

 

Jornalista: Presidente, o senhor está preparado para o desconforto que vai ter agora com o encontro no sertão. Lá estarão Raul Henry, presidente do PMDB local, Fernando Bezerra Coelho, que está chegando agora no partido, eles dois não estão se falando, um nem olha para o outro. Se eles se agarrarem, o senhor segura quem?

 

Presidente: Eu acho que eu vou fazer com que se olhem, tem sido a minha atividade. Você sabe que eu presidi por muito tempo o PMDB. O PMDB é um partido com muitas divergências, mas sempre eu conseguia reunificar as pessoas. Eu tenho grande apreço pelo Raul Henry, que é um grande liderança do partido, como igualmente considero enormemente o Fernando Bezerra.

Eu tenho certeza que, aos poucos, e essa coisa da política você sabe como é Geraldo, aos poucos as pessoas vão se acertando. Eu procurarei fazer o possível para que haja ajustamento entre eles.

 

Jornalista: Presidente feliz viagem para o senhor, o senhor vai encontrar com a nossa reportagem por lá também,e a conversa continua, ok?

 

Presidente: Com muito prazer, muito obrigado a você e aos seus ouvintes.


Jornalista: Pronto ouvimos o Presidente da República.

 

Ouça a íntegra (12min29s) da entrevista do Presidente.