Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na cerimônia de entrega de 147 máquinas a 115 municípios do estado de Minas Gerais - Poços de Caldas/MG
Poços de Caldas-MG, 30 de maio de 2014
Boa tarde. Eu queria cumprimentar aqui todos os moradores e as moradoras de Poços de Caldas.
Cumprimentar também todos os prefeitos e prefeitas que nos honram aqui com a presença.
E inicio saudando esse prefeito fantástico, o Eloísio Lourenço, prefeito de Poços de Caldas e a senhora Cláudia Lourenço.
Cumprimento nosso ministro Miguel Rossetto, ministro do Desenvolvimento Agrário,
Cumprimento o prefeito que acabou de dirigir suas palavras aqui, nesta cerimônia, prefeito Antônio Rodrigues da Silva, de Tocos do Moji. E saúdo todos os prefeitos, de até 50 mil habitantes, todos os municípios de até 50 mil habitantes, de todo o nosso Brasil, em especial aqui, os de Minas Gerais.
Cumprimento o vice-prefeito Nizar El Khatib, e a nossa segunda dama, Maria Angélica,
O vereador Tadeu D´Arcadia, presidente da Câmara,
O senhor Sílvio Cardoso Rabelo, diretor do MST em Minas Gerais,
Faço um agradecimento especial às crianças do Projeto Som Jovem. Eles nos agraciaram com uma interpretação de duas músicas que falam aos corações de nós todos nascidos aqui, em Minas Gerais.
Quero também me dirigir aqui e saudar os alunos do Pronatec. Vocês podem ter certeza que vocês são o orgulho do nosso país.
Cumprimentar os senhores e as senhoras jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
Eu sempre tenho muito boas razões para vir aqui, para voltar sempre a Minas Gerais, muito boas razões. Queria contar para vocês que eu tenho certeza que muitos de vocês não eram nascidos quando eu, pela primeira vez, visitei Poços de Caldas. Já se vão mais de 50 anos. Eu era criança e meu pai, que gostava muito de águas termais, de águas minerais, me trouxe aqui a Minas Gerais para, na época, um dos melhores e maiores hotéis do país, o grande hotel aqui de Poços de Caldas que hoje ainda constitui um patrimônio do nosso país. Parei nesse aeroporto, que é tombado. Na época, eu acredito que ele era novo, porque já se vão 50 anos. Então eu fico muito feliz e, ao voltar aqui, mais uma vez – além daquela voltei outras –, eu sei que Poços de Caldas representa muito no nosso estado.
E hoje, ao chegar aqui, eu recebi a seguinte informação: “Olha, presidenta, aqui em Poços de Caldas, nós produzimos um dos melhores chocolates do Brasil: o Ferrero Rocher. Olha, presidenta, aqui em Poços de Caldas nós temos as melhores e a melhor fábrica de cristal murano. Olha, presidenta…”. Eu já tinha vindo aqui para visitar a nossa fábrica de nióbio, porque eu fui ministra de Minas e Energia do governo do presidente Lula. Então, depois de me falarem dessas três riquezas, me falaram de uma quarta, que é o nosso prefeito, o prefeito Eloísio. Vejam vocês, e eu acrescento a quinta, pela qual eu estive aqui a primeira vez: a quinta são as fontes minerais, porque visitar Poços de Caldas, na minha, em toda a minha vida, sempre foi visitar a principal cidade mineira de fontes de água termais.
Por isso, eu estou muito feliz de vir aqui entregar, para 115 municípios do estado de Minas Gerais, o estado onde eu nasci, essas motoniveladoras e esses caminhões-caçamba. O prefeito me disse: “Olha, presidenta, me disseram que além disso eles são de ótima qualidade”. De fato, eles são de ótima qualidade, ótima qualidade porque são as melhores marcas. Mas, sobretudo, eles são da melhor qualidade porque foram produzidos pela indústria nacional, pela indústria sediada no Brasil, inclusive, aqui em Minas Gerais, lá em Contagem.
Então, além das máquinas, nós geramos aqui no Brasil, emprego; nós geramos aqui no Brasil, renda. Esse conjunto de máquinas novinhas, eles serão fundamentais para que, em municípios de até 50 mil habitantes, o prefeito tenha autonomia. Hoje nós estamos doando essas máquinas. Elas saem da União e passam a ser propriedade de cada prefeito. Junto com elas vai o quê? Vai a autonomia para fazer estradas vicinais, onde escoa a produção rural deste país. As estradas onde passam os ônibus do Caminho da Escola, onde passam as ambulâncias do Samu. Os prefeitos vão poder, principalmente, os prefeitos da região da Sudene, vão poder fazer um barreiro, construir uma canaleta, enfim, tomar todas as providências e os serviços para que os seus municípios e a sua população seja atendida. Escoar a produção agrícola, fazer… garantir a circulação de pessoas, remover entulhos, cavar valas, recuperar vias públicas. Tudo isso essas máquinas permitem aos prefeitos.
Eu queria dizer para vocês que 134 municípios mineiros receberam cinco máquinas. São os municípios do semiárido e da região da Sudene. Esses prefeitos que receberam uma moto, uma retro, um caminhão-caçamba, um caminhão-pipa e uma pá carregadeira já receberam todas as máquinas. E isso ocorreu porque eles têm prioridade sobre os demais. Eles têm prioridade pelo seguinte: porque estavam vivendo uma situação dramática, que é a situação da seca. Mas os demais prefeitos, aqui de Minas Gerais, totalizando hoje precisamente, dos 853 municípios de Minas Gerais, 93% receberam máquinas. E aí o Eloísio disse para mim: se alguém deixar essa máquina aqui eu só entrego daqui a um ano. Então vocês fiquem vivos, prefeitos, porque caso contrário, só daqui a um ano.
Mas, voltando ao que eu estava contando: dos 853, 700 e... precisamente, 792 vão receber máquinas. Nós já entregamos 2.468 máquinas. Faltam 176, até o mês de junho, todas essas 176 máquinas serão entregues. Houve problemas em algumas das fábricas que tiveram um atraso na produção. Mas elas se prontificam a fazer um grande esforço, a colocar 2º, 3º turno para entregar as máquinas aos prefeitos.
Nós, nessa questão, investimos em torno de 726 milhões, só adquirindo essas máquinas. E eu queria dizer para vocês que eu tenho muito orgulho de uma parceria que ao longo do meu governo nós fizemos. A parceria com os municípios, em especial com os municípios mais pobres, os municípios que têm menos recursos, que são os menores municípios do país. Eu tenho orgulho disso porque, de fato, lá se encontra uma parte da população do nosso país que deve ser atendida, que deve ter serviços públicos. Tenho feito um grande esforço para atender os prefeitos. E espero, antes do final do ano, anunciar também novas medidas que vão beneficiar os prefeitos, em especial dos pequenos municípios.
Mas eu queria destacar algumas questões do estado de Minas Gerais. O estado de Minas Gerais foi muito beneficiado e, portanto, os prefeitos aqui presentes, todos eles, foram beneficiados. Por exemplo, o Minha Casa, Minha Vida. Porque o Minha Casa, Minha Vida, ele abrange o Minha Casa, Minha Vida urbano, e o que muita gente chama de PNR ou PNHR, que é o MInha Casa, Minha Vida Rural, é um programa único, é rural e urbano, porque todos os moradores deste país têm direitos iguais. Muito bem falou o prefeito aqui, que disse que esse, o Minha Casa Minha Vida Rural, PNH, ele é um programa fundamental. Para vocês terem uma ideia, aqui em Minas Gerais, nós já entregamos quase 200 mil casas. São 199,7 mil casas - 199 mil casas arredondando para baixo, 200 mil arredondando para cima.
Das moradias que ainda faltam contratar no país, 132,7 mil, enfim, 133 mil estão para ser entregues nos próximos meses. Então, nós chegamos aqui a um valor extremamente significativo. E aí eu quero dar um detalhe: assim como acontece nas máquinas, que Minas Gerais é o estado que mais recebeu máquinas de todo o Brasil, nós também temos Minas Gerais com ótimo desempenho no Minha Casa, Minha Vida. E além do Minha Casa, Minha Vida, no chamado Minha Casa Melhor. O Minha Casa Melhor é aquele cartão que dá direito a todos os beneficiários do Minha Casa, Minha Vida de comprar, no valor de até R$ 5 mil, tanto móveis como eletrodomésticos, como fogão, geladeira, computador, enfim, ter acesso às condições de móveis para uma casa melhor, e em condições bem acessíveis. Queria dizer que isso ocorre também aqui em Poços de Caldas. Aqui nós já entregamos 2,3 mil casas. E temos contratadas ainda alguns outros números a entregar.
Queria dizer também, e aí eu vou falar especialmente para os alunos aqui, do Pronatec. Em Minas Gerais, 785 mil outros mineiros e mineiras como vocês se formaram no Pronatec. E quero dizer para vocês: tenham muito orgulho disso, porque o Brasil precisa de ensino técnico, o Brasil precisa de formar técnicos do nível médio, precisa de qualificar seus trabalhadores em cursos técnicos. E nós fizemos uma excelente parceria, dos institutos federais de educação tecnológica, com o Sistema S: Senai, Senac, Senar e Senat.
O Brasil, precisa de vocês porque o Brasil precisa de qualificar sua população. Só assim nós vamos percorrer os dois caminhos que só a educação permite que nós trilhemos. Primeiro caminho, assegurar que a distribuição de renda, que nos últimos 12 anos, começando no governo do presidente Lula e no meu governo, nós conseguimos elevar para a classe média 48 milhões de pessoas, tirar 36 milhões de pessoas da extrema pobreza. Para a gente garantir que essa distribuição de renda seja permanente, se mantenha, tem um caminho fundamental que se chama educação de qualidade.
A outra característica da educação – e aí estão vocês do Pronatec – é assegurar que o Brasil dê um passo além. Qual é o passo além que o Brasil vai dar? É o passo em direção à economia do conhecimento. O que é isso? É aplicar a ciência, a tecnologia e a inovação a toda nossa atividade econômica. Quem pode fazer isso? A começar pelos alunos do Pronatec, técnicos que vão se formar, e que eu tenho certeza que vocês não vão parar. Nós vamos dar alternativas: se você se formou, por exemplo, em eletricista predial, num segundo momento você pode fazer curso de eletricista, depois você vira eletrotécnico e, se você quiser, você se transforme em engenheiro elétrico. Ter um caminho a percorrer é isso, um caminho de oportunidade.
Olha, eu fico muito feliz de saber que aqui em Minas Gerais nós temos 785.900 matrículas do Pronatec, porque Minas Gerais é um estado industrializado, é um estado rico. Isso que nós estamos fazendo hoje, gera frutos hoje, mas gera mais frutos no futuro. Por isso eu cumprimento vocês e quero dizer: foi muito feliz para minha alma ver aqui escrito: Pronatec. Parabéns para vocês!
Eu quero falar também, meninos e meninas, eu quero falar também, aqui, eu quero falar do Mais Médicos. No início foi muito difícil, muito difícil mesmo, fazer o Mais Médicos. Havia muita resistência. Mas por que nós insistimos e fizemos o Mais Médicos? Eu vou dizer para vocês por que foi. Nós sabíamos e sabemos, estamos nos esforçando para construir postos de saúde. Por que a gente faz isso? Porque, em torno de 80% de todos os problemas de saúde que alguém tem durante a vida, você pode resolver num posto de saúde. Agora é lá que está a atenção básica. Se eu não tenho médico atendendo no posto de saúde, o que acontece? Eu congestiono hospital, congestiono UPA, e não tenho solução.
Quando a gente se aproximou e fez um diagnóstico, nós vimos que faltavam médicos. Então nós tomamos duas medidas. A primeira, nós pensamos assim: vamos aumentar o número de médicos formados no Brasil, vamos aumentar o número de faculdades, levá-las para o interior do Brasil, como é o caso aqui de Poços de Caldas. Tem de ter uma faculdade que forma médico. Foi a primeira medida que nós tomamos. E aí, nós vimos o seguinte: mas as pessoas, elas não podem esperar. Por que elas não podem esperar? Como é que elas vão esperar? Elas precisam de ser atendidas na hora que têm problemas de saúde. Então como é que a gente resolve esse problema? Simplesmente vamos trazer médicos de fora, médicos formados fora do Brasil. Podem até ser brasileiros, mas formaram fora, e são médicos estrangeiros também.
E aí nós fizemos uma pergunta. Quem quer médico? Aqui, em Minas Gerais a demanda foi por 1.220 médicos, em 464 municípios. Além de um município que tinha departamento de saúde indígena. Pois bem, nós, hoje, 8 meses depois do início do programa, temos aqui 1.157 médicos do Mais Médicos, uma grande parte cubanos, a quem a gente tem de agradecer a generosidade, a solidariedade. Nós, até a metade do mês de junho, vamos ter mais 63 médicos aqui que estão selecionados, estão passando por treinamento, e isso significará um acréscimo em 44 municípios. Totalizando, qual é a cobertura em termos de pessoas que esses médicos, 1.157, mais os 63, vão dar aqui em Minas Gerais? Vão dar uma cobertura de 4,1 milhões de pessoas, ou seja, são 4 milhões de mineiros e mineiras que vão ter uma cobertura melhor. E a melhor notícia, a melhor notícia do que essa, para os prefeitos, é que quem paga esses médicos é o governo federal. Nós pagamos esses médicos e damos, além disso, um apoio de R$ 4 mil para cada uma das equipes desses médicos.
Eu queria dizer para vocês muito mais coisas. Eu queria falar aqui, para Poços de Caldas, de todos os investimentos que nós fizemos aqui, mas eu não preciso, porque o prefeito Eloísio fez para mim uma avaliação muito melhor do que algum dia eu poderia fazer. Então, eu só posso agradecer a ele, agradecer a ele as palavras generosas, e dizer que eu dei exemplo de dois programas, mas nós temos aqui em Minas Gerais um outro programa importantíssimo, que é o Bolsa Família.
O Bolsa Família é um programa que nós temos orgulho de ter nos últimos 12 anos. Ele veio pequeno, ele se ampliou, e agora nós construímos também as portas de entrada das pessoas do Bolsa Família no mercado de trabalho. É um pedaço do Pronatec, porque o Pronatec é 8 milhões de matrículas até o fim desse ano, que chama Pronatec Brasil Sem Miséria. São 1,3 milhão adultos e jovens do Bolsa Família fazendo curso para se qualificar para o mercado de trabalho. Eu tenho muito orgulho disso. Eu tenho muito orgulho disso porque eu acredito que o Brasil será outro, será outro sempre que nós dermos oportunidade para as pessoas. Porque as pessoas, quando você dá oportunidade, as pessoas agarram com as duas mãos. Elas se esforçam, elas dão o melhor de si. E tem uma outra coisa, elas têm o apoio das suas famílias. Família é fundamental, porque apoia esse esforço que jovens e adultos fazem em direção a uma melhor formação, a um melhor emprego. E o outro orgulho que tenho, é de no meu período de governo nós estarmos chegando à geração de 4,7 milhões carteiras assinadas, novos empregos.
O que eu quero dizer para vocês, também, é outra coisa. Nós estamos a poucos dias da Copa. A copa é a Copa do Mundo que muitos brasileiros e brasileiras sempre gostaram, se divertiram e torceram para a nossa Seleção. Nós vamos receber milhões de pessoas dos outros países. Nós vamos receber pessoas que vêm de todas as partes do mundo, como uma vez nós também, em outras copas, fomos aos países e fomos muito bem tratados. Nós somos um país de gente generosa, alegre, calorosa, gentil. É isso que nós somos. E nós vamos mostrar isso para as pessoas. Pensem comigo: ninguém, quando volta, visita o Brasil, sai daqui e volta para o seu país, leva na mala estádio, aeroporto, obras de mobilidade urbana como BRTs, metrôs. Não. Sabem o que eles podem levar na mala? A gratidão pela forma como forem tratados. Isso eles levam na mala. O resto fica para nós. O resto fica aqui neste país para beneficiar este povo. Por isso, eu queria dizer para vocês: eu tenho absoluta certeza que o nosso povo vai fazer como sempre fez, vai juntar os amigos, vai juntar a família, vai juntar a comunidade, comprar uma cervejinha, ligar a televisão e assistir a Copa torcendo para nossa seleção.
Um beijo e um abraço para todos vocês.
Ouça a íntegra(29min10s) do discurso da Presidenta Dilma Rousseff