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Entrevista coletiva concedida pelo Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro, e ministros - Palácio do Planalto

Palácio do Planalto, 20 de março de 2020

 

 

Presidente: Senhores, terminamos agora uma videoconferência com um grupo de aproximadamente vinte empresários, do lado de lá sendo conduzido pelo senhor Paulo Skaf, presidente da Fiesp. Uma reunião bastante produtiva, onde os empresários se colocaram à disposição em ajudar o povo brasileiro naquilo que for necessário para vencermos essa batalha que é de todos nós. E o Governo Federal, como sempre, esteve aberto ao diálogo com todos: governadores, prefeitos, demais autoridades, empresariado. Ficamos muito satisfeitos com o que aconteceu. Ofertamentos já apareceram no momento, como equipamentos e demais insumos para combater o vírus. Assim sendo, também fizemos apresentação da nossa parte através do ministro da Saúde, o Mandetta, o que foi feito até o momento. Nós estamos numa situação diferente um pouco de outros países que foram surpreendidos. Nós, desde antes do Carnaval, já trabalhávamos com essa possibilidade, de modo que, pela competência do ministro da Saúde, bem como pela interação com todos os demais ministérios, nós, cada vez mais, nos preparamos para vencer esse obstáculo de modo que o sofrimento e o número de possíveis óbitos seja o menor possível.

Também, representando aqui a economia, o senhor Carlos da Costa, onde apresentou uma série de medidas que já foram concluídas ou ultimadas e outras que estão em fase final de implementação, também visando atender o setor produtivo. A economia não pode parar. Decisões que, isoladamente, são tomadas por alguns governadores vão ser, ao longo do tempo, em especial através do chefe da Casa Civil, a partir de hoje, com reunião com secretários, buscar uniformizar as ações. Não pode, alguém de forma isolada, tomar determinadas medidas que venham a atrapalhar, no final da conta, o esforço final que estamos fazendo para que esse problema seja vencido. Assim sendo, estamos abertos aos senhores para qualquer pergunta para satisfazer qualquer dúvida sobre o ocorrido agora há pouco. 

 

Jornalista Caroline Rosito, CNN: O governo cogita decretar a quarentena obrigatória como foi feito na Argentina, que está acontecendo desde hoje?

 

Ministro Mandetta

 

Jornalista Leandro Prazeres, O Globo: Olá, boa tarde presidente. Primeira pergunta que nós gostaríamos de fazer ao senhor é se o senhor vai se submeter a um novo exame e quando é que esse exame vai ser realizado. E a gente também gostaria de saber se o senhor já tentou entrar em contato com Xi Jinping,  mandatário na China, e como é que o senhor avalia esse desentendimento diplomático que houve nos últimos dias. Obrigado.

 

Presidente: Posso me submeter a outro exame de acordo com orientação médica. Já passei pelo segundo teste e deu negativo. Quanto ao Xi Jinping, tenho um canal aberto com ele, gozo de simpatia por parte dele e sempre se colocou à disposição. Não existe qualquer crise do governo brasileiro para com o governo chinês. Se a situação se fizer necessária, como talvez, a semana que vem, nós possamos sim entrar em contato com ele, mas para tratarmos assuntos de como poderíamos ajudar talvez com equipamentos, já que lá, a curva já está na descendente, pelo que tudo indica, está controlado o coronavírus, para que possamos importar, comprar ou aceitar até doações para que viemos tratar do nosso problema que pode vir se agravar nos próximos dias. Então repito: no governo brasileiro não tem qualquer problema com o governo chinês, muito pelo contrário, somos países que comercialmente temos mútuos interesses.

 

Fábio Murakawa, Valor Econômico: Boa tarde presidente. Queria avisar ao senhor que começaram a coletiva sem avisar os jornalistas e tinha segurança barrando a subida da gente aqui para o salão. 

 

Presidente: Quer repetir, por favor?

 

Fábio Murakawa, Valor Econômico: A coletiva foi começada sem avisar os jornalistas e tinha seguranças barrando o nosso acesso.

 

Presidente: A gente pode voltar à estaca zero aqui. Me desculpa aqui, alguém falhou aqui.

 

Fábio Murakawa, Valor Econômico: Presidente, muitas empresas já começam - até a gente acompanhando a live do senhor agora há pouco - já estão começando a falar em demissões, em paralisar a atividade. Eu queria saber se o presidente tem um plano para atenuar os efeitos dessa crise que está só começando na economia e para preservar os empregos e para preservar também a atividade das empresas.

 

Presidente: Parabéns pela pergunta. Há algum tempo, já venho falando que não devemos entrar em pânico, devemos evitar a histeria porque um problema econômico agrava a questão do coronavírus também. Hoje a tarde, o chefe da Casa Civil, o general Braga Netto, já tenho reuniões com alguns secretários para exatamente começar a uniformizar procedimentos. Teve um Estado do Brasil que só faltou governador declarar independência do mesmo, com medidas, fechando rodovias, fechando aeroportos, que inclusive não é de competência dele, então vamos uniformizar isso, a economia não pode parar. Mais ainda, como disse o ministro da Saúde agora há pouco: produtos são produzidos para combater a questão do coronavírus que tem que ser transportados, ou por meios aéreos ou por via terrestre, não pode cada governador tomar a decisão que ele ache o melhor. Então está sendo coordenado, o gabinete para essa coordenação já existe e fará aí uma reunião agora à tarde com o secretário. No mais, sempre estive aberto aos governadores. A política não pode estar colocado acima de uma questão emergencial como essa que temos pela frente no momento.



Carlos da Costa, Secretário Especial Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade

Presidente: O ministro da economia, senhor Paulo Guedes, vem falando constantemente que não faltarão recursos para manter, no máximo, os empregos, bem como para a saúde no combate ao coronavírus.

 

Jornalista Delis Ortiz, G1: Presidente, eu vou repetir uma declaração feita pelo ministro da Saúde, agora há pouco, na conferência para poder fazer minha pergunta: “Nós temos alguns pontos fortes, nós temos um sistema de saúde presente, nós conseguimos amenizar o atendimento, nós temos um tempo pra ganhar, nós temos aí trinta dias para que a gente resista razoavelmente bem, com muitos casos, dependendo da dinâmica da sociedade, mas claramente no final de abril, nosso sistema entra em colapso”. O que é um colapso? Às vezes, as pessoas confundem colapso com sistemas caóticos, sistemas críticos aonde você vê aquelas cenas, pessoas nas macas. Aí o senhor fala que o colapso, que precisa ter um plano, ter ordem judicial, etc. Eu pergunto, no entendimento do governo, o que é esse colapso? Até onde se estende e o que que realmente vai acontecer, a medida em que, o senhor não concorda com essas medidas de restrições tomadas pelos governadores, mas que outros países têm conseguido conter o avanço do coronavírus através dessas medidas restritivas, como a China, por exemplo.

 

Ministro Mandetta

 

Jornalista: (inaudível).

 

Presidente: Ainda não está no nosso radar isso não.Até porque, isso é uma, para decretar é relativamente fácil, imagina, é uma medida legislativa para o Congresso, mas seria o extremo, isso aí eu acredito que não seja necessário, bem como estado de defesa.

 

Jornalista: (inaudível)

 

Presidente: Não, isso aí você não tem dificuldade em implementar isso, em poucas horas você decide uma situação como essa, mas eu acho que daí estaríamos avançando, dando uma sinalização de pânico para a população. Nós queremos sinalizar a verdade para a população, acho que isso - desculpa, obrigado pela pergunta - mas, por enquanto, está descartado até estudar essa circunstância.

 

Ministro Mandetta

 

Jornalista Felipe Frazão, Jornal Estadão: Há uma grande preocupação com o estado de saúde do senhor. O senhor disse que pode se submeter, se houver necessidade, a um terceiro exame - disse que já fez dois. A pergunta é: Por que o senhor, em nome da transparência, não divulga o resultado dos exames do senhor. O senhor pretende ou poderia fazer isso?

 

Presidente: Eu sou uma pessoa especial pela função que ocupo, obviamente. Mas fiz dois exames, minha família fez também e deu negativo. Se o médico da Presidência - ou até o ministro da Saúde ao qual sou subordinado por essa questão - achar que eu devo fazer um novo, sem problema nenhum. Várias pessoas do meu lado foram dado positivo. Obrigado pela sua preocupação, é sinal que você tem amor e carinho por mim, fico muito feliz aí.

 

Jornalista Felipe Frazão, Jornal Estadão: Por isso que eu gostaria de perguntar se o senhor vai divulgar o resultado.

 

Ministro Mandetta

 

Jornalista: (inaudível).

 

Ministro Mandetta

 

Presidente: Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar não. Se o médico, o ministro da Saúde, me recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário, me comportarei como qualquer um de vocês aqui presentes.

 

Jornalista: (inaudível).

 

Ministro Mandetta

 

Presidente: Já está avançado, talvez um decreto nesse sentido até para uniformizar a questão de alguns governadores que entendemos - outras pessoas entendem - que está havendo um certo exagero, uma certa histeria. O Mandetta mesmo explicou aqui agora que se fecharem vias de transporte, aéreos, ferroviários e também navais, faltará produto no final da linha. A crise...A crise, não. O mal vai ser muito maior em função dessas medidas tomadas de forma não racional do que o próprio mal que pode ocasionar o vírus. Talvez decreto, talvez, o Braga Netto está reunido agora aqui, conversou hoje de manhã com o Tarcísio. Vai sair isso daí, a ideia é normatizar e não levar ao caos no sistema de transporte, como o Carlos da Costa disse aqui. Não apenas serviços. As pessoas têm de se locomover para trabalhar na ponta da linha, bem como o que se produz em algum lugar tem que ser transportado para atender o povo lá naquele local mais distante, no hospital, no posto de saúde, seja o que for.

 

Jornalista: (inaudível).

 

Presidente: Não, aí depende do Braga Netto, que está debruçado em cima dessa proposta aí.

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