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02-04-2014 - Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de assinatura do contrato de concessão do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim - Galeão - Rio de Janeiro/RJ

Rio de Janeiro-RJ, 02 de abril de 2014

 

Bom dia a todos.

Eu queria saudar o governador Sérgio Cabral e dizer que é sempre um desafio, viu, Sérgio, vir aqui e expor toda a nossa parceria. Ela tem tantos aspectos que ela cria para nós um desafio: que é como transmitir os resultados de uma parceria de sucesso entre o governo do estado, a prefeitura. E aí eu quero mais uma vez fazer aposto: “melhor prefeito do mundo”, com perdão a todos os demais prefeitos, mas ele insiste, e a gente tem de concordar com ele em alguns momentos, principalmente quando ele nos recebe sempre com essa fraternidade, essa competência e essa capacidade de trabalho que ele sempre apresenta.

E aproveito e já cumprimento o nosso prefeito Eduardo Paes.

Quero também cumprimentar aqui o vice-governador Pezão, que tem sido um parceiro inigualável em todos os momentos que aqui estivemos.

Cumprimentar os ministros de estado que me acompanham: o ministro Wellington Moreira Franco, da Secretaria de Aviação Civil; o ministro Gilberto Occhi, das Cidades e o ministro Thomas Traumann, da Secretaria de Comunicação Social.

Cumprimentar o Paulo Melo, o deputado Paulo Melo, presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Cumprimentar o deputado Francisco Floriano.

E dirigir um cumprimento muito especial ao Wagner Bittencourt, ex-ministro da Secretaria de Aviação Civil. Aliás, o primeiro ministro da Secretaria de Aviação Civil, e que tem grande responsabilidade pelo que nós hoje estamos aqui assinando.

Cumprimentar também o Marcelo Guaranys, presidente da ANAC, Agência Nacional de Aviação Civil.

Cumprimentar o presidente da Infraero, Gustavo do Vale.

Cumprimentar também o Lula, o Luiz Teive Rocha, presidente da Concessionária Aeroporto Rio de Janeiro. Nós todos, viu, Lula, ficamos muito intrigados: aonde está o Lula? E descobrimos que tinha um outro Luiz nesta cerimônia. Mas de qualquer jeito posso te dizer que eu considero que é uma honra alguém ter o apelido “Lula”. Um apelido que foi tornado célebre no nosso país.

Queria cumprimentar também o representante das empresas concessionárias porque elas ocupam, nessa situação, um papel estratégico tanto o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, quanto o presidente da Song, ou representante da Changi, Lim Liang Song.

Queria cumprimentar o presidente da Nuclep, o nosso querido Jaimão, Jaime Cardoso.

Cumprimentar também todas as senhoras e os senhores empresários aqui presentes; os senhores e as senhoras jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.

Queria dizer que o grande, como disse o nosso ministro da Secretaria de Aviação Civil, esse aeroporto tem o nome de um dos maiores poetas desse país, de um dos maiores artistas desse país que, cujo nome é sinônimo de música de alta qualidade, além disso, reconhecida e apreciada não só pelos brasileiros, mas eu acredito por todos aqueles que amam a música em todos os cantos do mundo. E o Samba do Avião é de fato uma das suas músicas mais famosas. E esse Samba do Avião, ele faz uma ligação entre o Brasil de hoje e o Brasil de ontem, porque o Samba do Avião descreve a chegada no Brasil, e em especial no Galeão, dos brasileiros que voltavam ao Brasil após a Anistia, alguns após 21 anos de exílio, outros menos do que isso, mas essa é a realidade, o Samba do Avião é isso. É de fato, e nessa semana é um momento especial, é de fato uma homenagem aos exilados, e ele fala de coisas belíssimas. Ele diz em uma certa altura, no início: “Minha alma canta” – veja, uma alma canta – “vejo o Rio de Janeiro, estou morrendo de saudade”.

Veja que essa música, ela mostra duas coisas: para um exilado o que era o Brasil? O que é a lembrança mítica do Brasil? É o Rio de Janeiro, né, e a “minha alma canta”. E, além disso, mais na frente diz: ‘Rio de sol, de céu, de mar. Dentro de mais um minuto estaremos chegando ao Galeão’, chegando aqui, no Galeão. E aí, no final diz: “Aperte o cinto, vamos chegar, água brilhando”, – que é uma coisa fundamental, a água brilhando, você ver a água brilhando – “olha a pista chegando e vamos nós pousar”. Eu acho que a imagem é belíssima, porque acredito que um exilado não volta para o Brasil, pousa, pousa. Então, é uma síntese perfeita do que é a saudade do Brasil, a lembrança do Brasil e, melhor de tudo, voltar ao Brasil chegando ao Galeão. Desculpe a emoção, mas, de fato, eu tenho certeza, numa homenagem aos exilado que as almas cantaram. Daí porque a enorme responsabilidade dessa concessão. A enorme, imensa responsabilidade. Aqui é um lugar onde, além dos aviões de carreira, as almas cantam, é especial aqui. É um lugar, de uma certa forma, mítico em relação ao Brasil. Eu não sou carioca, aqui tem vários cariocas, mas eu sou mineira e sou gaúcha, simultaneamente, e tenho certeza que o Rio tem esse símbolo, posso falar, isso imparcialmente, tem esse símbolo para o Brasil. Por isso, essa responsabilidade que eu acho que é simbólica e é real, faz parte das demandas hoje do Brasil real. Esse Brasil que não só conquistou a democracia, mas conquistou a inclusão social. Esse Brasil em que o Galeão se torna, progressivamente, um dos maiores aeroportos do país, ele é o segundo.  Mas é um aeroporto fundamental. Não é para os turistas estrangeiros somente, mas para todos os brasileiros que andam pelo Brasil. E precisa fazer jus a essa cidade, essa cidade maravilhosa fornecendo serviços à altura dela.

Parte das dificuldades que nós vivenciamos no Galeão e que nós temos de resolver e propiciar a solução é o fato de que o Brasil mudou, que mais pessoas entram na classe média, precisamente, pelos dados que nós temos: cerca de 42 milhões de pessoas transformando, só a classe C brasileira, a chamada classe média, tanto a nova como a tradicional, em responsável por 55% da população, fora a classe A, B, D e E. Isso significa que uma porção de e pessoas, uma quantidade imensa de pessoas que nunca tinham utilizado esse meio de transporte para os quais antigamente as pessoas se vestiam, se arrumavam para ir no avião. Hoje é um meio de transporte do povo brasileiro, e por isso, exigiu de nós e exigirá sempre de nós, um nível de tratamento de um aeroporto que passou a ser um transporte de massa e não um transporte de uma camada de privilegiados. É para esse aeroporto que nós hoje estamos fazendo este processo de concessão.

Para a gente ter uma ideia, entre 2006 e 2013, o número de passageiros por ano no Galeão passou de 9 milhões para 17 milhões. O que é extraordinário. Um crescimento de 10% ao ano significa uma ampliação de demanda muito bem vinda, mas significa uma pressão por uma oferta de maior qualidade.  Daí porque nós começamos já a executar algumas obras aqui. A Infraero tinha começado a reforma dos terminais 1 e 2 e a recuperação e a revitalização dos sistemas de pistas e pátios. Mas sabemos que é preciso fazer muito mais que isso. Daí porque, dentro da nossa política de concessão, os aeroportos se destacaram: o Galeão; o aeroporto de Confins, nessa última etapa; mas também, o aeroporto de Brasília; e os dois de São Paulo, Viracopos e Guarulhos; além do aeroporto lá no Rio Grande do Norte, São Gonçalo do Amarante. Esses seis aeroportos fazem parte deste processo de concessão à iniciativa privada. E é uma resposta ao desafio de transformar radicalmente as condições de funcionamento do aeroporto.

Nós compartilhamos com a iniciativa privada a responsabilidade, e assim vamos conseguir fazer mais investimentos. Podemos dizer com absoluta tranquilidade que a experiência e a competência para atingir esses objetivos não faltam ao consórcio. A Odebrecht acumula muita história nas áreas da construção civil e na gestão de bens e serviços. E a Changi Airport é responsável pela gestão do aeroporto de Cingapura, escolhido, nos últimos 4 anos, como o melhor do mundo.

Então, nossa expectativa em relação ao Galeão é bastante concreta, e por isso eu quero dizer que esse é um momento especial que é o momento dessa partida. Eu acredito que a gente não precisa de desbancar o aeroporto de Cingapura, mas que a gente tem de procurar empatar com ele. Eu acho que esse momento de assinatura do contrato, ele marca justamente esse esforço do Brasil no sentido de prover infraestrutura.

Sem sombra de dúvida, todas as pessoas, quando elas mudam seu patamar de renda, elas exigem também melhores serviços. E isso não só é natural, mas faz parte de uma compreensão da realidade. Quando nós, no processo de transformação e de superação da pobreza extrema, que desenvolvemos ao longo do ano de 2012 e 2013, dissemos: “o fim da miséria é só um começo”, o nós queremos dizer é o seguinte: todos os desafios alcançados, eles são só um começo de novos desafios.

Por isso, é importante a qualidade do serviço, é importante o que foi mencionado, governador, a respeito da política de segurança aqui no Rio de Janeiro. E nós, de fato, temos essa convergência entre a pacificação da Maré e, ao mesmo tempo, o processo de concessão do aeroporto. Fazem parte do mesmo esforço de ir sempre além, de modificar as condições que vigem atualmente.

Eu acho que é sempre no Brasil uma tarefa urgente atender a demanda, a demanda aí por infraestrutura, mas também por serviços públicos essenciais, como educação. A educação é certamente o nosso caminho que bifurca em duas condições. A primeira condição, ela garante a perenidade da elevação à classe média de milhões de brasileiros, de modificação das condições de vida de outros milhões de brasileiros. Porque as pessoas, ao se educarem, ao terem uma capacitação profissional, por exemplo, ao ter acesso à universidade, elas de fato estabilizam a sua conquista de uma vida melhor. Em segundo lugar, ela é essencial. O Sérgio se referiu aqui aos vários centros de pesquisa, às várias unidades de pesquisa que vieram para aqui, para o Rio de Janeiro, como vieram pra outros estados da Federação. Faz parte, também, de um grande esforço do país no sentido de assegurar, por exemplo, através do programa Inovar Auto, que as grandes produtoras de automóveis criem e gerem aqui no Brasil também, tecnologia. Daí a importância da Nissan, do fato de que as maiores empresas que não estavam no Brasil, vieram para o Brasil. E muitas delas abriram centros de pesquisa.

Mas, eu queria aqui, aproveitar essa oportunidade no aeroporto, para falar de outra forma de mobilidade: que é a mobilidade urbana. E dizer que aqui no Rio de Janeiro nós batemos, de fato, recordes na nossa cooperação, tanto com o estado quanto com os vários municípios, incluindo o Rio de Janeiro. Para se ter uma ideia, nós estamos aqui com projetos totalizando R$ 20,688 bilhões, nós estamos nos seguintes municípios: Campos dos Goytacazes, Duque de Caxias, Niterói, Nova Iguaçu, Petrópolis, Rio de Janeiro, São Gonçalo e Volta Redonda. Essa parceria, que nos permitiu tantas obras, ela cobre vários tipos de modais. Um modal é o aeromóvel, a implantação do aeromóvel que está em fase de contratação em Campos de Goitacazes. O BRT, no Rio, na cidade do Rio de Janeiro, nós temos 5 projetos de BRT. Cobre também corredores de ônibus aí em várias cidades: Nova Iguaçu, São Gonçalo, Duque, Petrópolis, Volta Redonda, Rio de Janeiro. Metrô, nós temos alguns projetos muito significativos de metrô. Eu acredito que aqui tem o maior projeto de metrô em termos de extensão de quilômetros. Também, ela abarca o monotrilho, tanto o monotrilho do Rio de Janeiro como o de São Gonçalo e Niterói. Abarca terminais, abarca vias urbanas e abarca VLTs.

Eu estou me referindo a isso porque vou sair daqui agora e vou visitar, justamente, um dos projetos que nós consideramos estratégicos, que é o projeto de metrô. Eu vim disposta a atravessar o túnel, porque o túnel não está completo, mas eu tenho atravessado vários túneis nesses últimos 4 anos que eu estou no governo, nesses 3 anos e meio. E tenho imenso prazer de atravessar esse túnel com o governo do Rio de Janeiro, o governador Sérgio, o Pezão e com o prefeito, que eu acredito que nos acompanhará. Por quê? Porque o Brasil é um país que durante um período achou que não devia investir em metrô, porque metrô era coisa de rico, era coisa de países de rendas altas. Uma visão um tanto quanto não coincidentemente com a situação do país. Por quê? Cada vez que você pensa que você é um país menor do que você é o seu sonho diminui e a sua capacidade de realizar também diminui. Nós não, nós achamos que o Brasil é um país que... não é que obrigatoriamente tem de ter metrô. Não é possível ter populações de milhões e milhões de pessoas concentradas em regiões metropolitanas sem trilho, sem metrô, não é possível. Ninguém fará integração de modal em grandes populações sem metrô, VLT e, óbvio, os demais modais, até barca é integrada aos diferentes modais. Isso está ocorrendo progressivamente nas cidades grandes, inclusive, nas médias. Porque também as cidades médias do Brasil perceberam, antes do problema ocorrer na proporção que ocorreu nas nossas cidades, porque não foi tomado nenhuma providências lá atrás, urge que se tome, em algumas cidades médias, que caminham inexoravelmente para se transformar em grandes, se urge se criar sistema de trilho. Pode ser o VLT, tem cidades que jamais pensaram, nos últimos dez anos para trás, em ter um VLT e agora terão um VLT. Isso é um avanço no Brasil, é uma visão de mobilidade urbana que coloca a pessoa no centro. Por que no centro? Porque o metrô não é importante pela quantidade de tijolo, de cimento armado, de estruturas de aço ou de alumínio ou pelos trens. Ele é importante pelo que ele garante de tempo para as pessoas. E tempo é o sinônimo mais próximo que nós conhecemos de vida. É a garantia de que as pessoas terão controle do seu próprio processo, da sua própria vida, do que fica para ela, para usufruir a vida. Daí porque nós damos tanta importância à mobilidade. Para vocês terem uma ideia, a carteira de mobilidade urbana do governo federal em relação a todos os estados, ela monta a R$ 143 bilhões. Pela primeira vez o Brasil tem esse montante de investimento em toda a área de transporte urbano.

Para finalizar, eu volto ao Samba do Avião. Eu acho que tem uma grande simbologia esse aeroporto. Além de ter representado, para muitos, a chegada ao Brasil, para nós, agora que ultrapassamos esse tempo histórico bastante sofrido para nós, ele representa, eu acredito, ele representa duas coisas: primeiro, a força do Brasil; segundo, a beleza do Brasil. E essas duas coisas que nós queremos mostrar tanto na Copa como nas Olimpíadas, a força do Brasil e a beleza do Brasil. E dizer o seguinte, e é muito oportuno que isso seja dito aqui nessa cidade, nesse estado, nós, para todos que vierem ao Brasil, garantiremos uma recepção absolutamente amigável, fraterna e alegre, porque é isso que esse país é. Principalmente nessa Copa das Copas. Eu gostei outro dia, viu Sérgio, de uma propaganda que dizia: ‘o futebol está voltando para casa’. Por que eu gostei dessa propaganda? Porque, de fato, os ingleses, é dito que os ingleses o inventaram, mas, sem dúvida nenhuma, a casa dele é aqui, a casa do futebol. Por isso eu tenho certeza que também o Galeão vai ser um símbolo da volta do futebol para casa. Muito obrigada.

 

Ouça a íntegra (23min15s) do discurso da Presidenta Dilma